Um picnic à beira do vulcão
Por Vanderli Camorim
É preciso tirar lição da greve dos caminhoneiros. Ao que
parece ninguém está disposto. O que se observa pela mídia e redes sociais é a
lamentação geral com algumas condenações indignadas acompanhadas dos cálculos
dos prejuízos gigantescos que todos irão pagar, sobretudo os caminhoneiros,
mesmo que ignorem. Em uma economia de mercado tudo será pago pelos
consumidores.
A primeira lição é que a greve dos caminhoneiros faz-nos lembrar o levante do proletariado na Rússia de janeiro de 1905 em que Lênin saudou
como o começo da revolução socialista. A semelhança é estonteante. E como na
Rússia aquele movimento era um movimento proscrito, clandestino e conspirativo,
o dos caminhoneiros esta apoiado na constituição o que sugere um picnic na
beira do vulcão.
Os caminhoneiros já vinham desde o ano passado anunciando
que eles parariam indignados que estavam com o governo e só precisavam de um
motivo que veio com o aumento do combustível.O governo sabia disso e fora
alertado que eles andavam inclusive ensaiando a parada geral. Por alguma razão
deixou que isso acontecesse. Talvez porque nada podia fazer, pois este direito
é constitucional.
A segunda lição que ninguém quer aprender é que a greve, que
consta na CF como um direito do trabalhador- incrível, mas é verdade -, é e
sempre foi e será sempre uma das armas do arsenal do proletariado
revolucionário para a derrubada do governo e a instauração do governo
socialista.
Lênin explicou por essa época que a greve tem a propriedade
de paralisar a nação e indignar como nunca a população à medida que o caos,
como sua consequência, avança. As massas não tem discernimento do que acontece
e costuma agir de forma desencontrada e se torna fácil arrasta-la para a
revolução. Ela mesma com seus epígonos clama por direito as armas e a intervenção
do exercito regular. O caos traz o momento insurrecional e a revolução fica ao
alcance das mãos. Uma lenta e firme
preparação inclui o armamento da população o que fará pressão sobre o exercito,
o ultimo bastião do governo burguês que tende
a titubear, se dividir e aderir, se não
todo, mas a sua parte significativa em favor do proletariado levantado. Neste
momento o governo só tem duas opções: um banho de sangue para conter o avanço
da revolução e o começo da guerra civil, ou o abandono pura e simples do
governo deixando aberto o caminho para a vanguarda do povo. Foi assim que Fidel
tomou o poder para nunca mais sair.
Lênin que estava na suíça se dirigiu a Rússia para dar os
toques finais da revolução e assumir o poder total. Aqui, possivelmente Lula, talvez,
visto ser a esperança das grandes massas e a maior liderança entre os outros
socialistas, inclusive os enrustidos, seria tirado da prisão e assumiria
glorioso o governo absoluto que não tivera. O brado de lula livre passaria e
ter sentido junto com o direito de armamento da população e a intervenção
militar já. Uma beleza. É até nostálgico.
O fato de não se repetir aqui o que aconteceu na Rússia em
janeiro de 1905 é que as épocas são outras. O exercito aprendeu a não mais
meter as mãos em cumbuca depois de décadas de fracasso. Quando muito aceitam um
papel secundário onde já aceitaram até a se meter em briga de traficantes.
A nossa época é a época do socialismo. Estamos nessa estrada
há mais de um século. Superamos a etapa inicial em que para o socialismo vencer
e se firmar teve que matar milhões e deflagrar duas guerras mundiais. Esta
tendência continua, mas é feito de forma sutil e silenciosa sem ser menos
mortal. A adoção do caminho das escolhas democráticas que também chamam de
alternância de governo é uma forma de evitar as conspirações violentas do
passado, algo que se aprendeu com o capitalismo sem que se sentisse necessário
adotar a sua filosofia.
Aquilo que era apenas uma teoria apascentada por um grupo de
intelectuais hoje é abraçada pelas mais amplas massas da população. São elas
que pedem as politicas do almoço grátis, da divisão do pão que aprender a
defender como um direito e os políticos se esforçam em fornecer sob pena de
perderem o seu posto no governo. Os conflitos, inevitáveis sob o socialismo, só
tem uma significado que é mostrar a insatisfação quanto aos seus resultados,
pois o socialismo não entrega a mercadoria que promete. O que as pessoas têm em
mente são as conquistas trazidas pelo capitalismo que acham que as mesmas podem
ser entregue sob o capitalismo que tem se prometido. O desencanto é grande e constante porem não o
suficiente para condenarem o socialismo e requererem a volta para o
capitalismo. Muito pelo contrário, a condenação do capitalismo continua
inabalável.
A greve dos caminhoneiros ensina muita coisa, mas como os
fatos da história são por natureza complexas, depende única e exclusivamente da
teoria com que eles são analisados. O marxismo, de longe a mais popular das
teorias coletivistas, ensina que o homem vive em uma eterna vida de cão e gato,
em uma luta sem fim,que só terá fim quando o proletariado extermine a ordem
burguesa e o seu agente, o burguês e possa assim aplainar o caminho para o
jardim do paraíso socialista.
Deste modo está dada a
senha para o caminho da servidão e da destruição.
Vanderli Camorim
vanderlicamorim@ig.com.br
Tudo depende os lados e não se deve realçar apenas o lado que interessa.
ResponderExcluirSeja uma revolução ou um levante não significa que apenas os marxismo seja beneficiário de revoluções ou levantes. É uma visão, aliás não é visão, é cegueira.
Na Venezuela houve uma greve na petroleira e houve paralização da tal economia. Hugo Chaves chegou a receber combustível gratuito de seu parceiro Lula.
O objetivo da greve era derrubar Chaves e tentar normalizar a Venezuela que caminhava para o Socialismo do sec XXI.
Os "Narcisos" democratíssimos, os covardes, os imbecis e os espertalhões condenaram a greve "que tanto fazia sofrer o povo venezuelano" com uma revolta anti democrática.
Os "estratégistas", os "mocinhos" e os "intiligentis" fizeram o coro democratíssimo em ataque aos grevistas venezuelanos. Coisa linda mesmo, os brilhantíssimos com seus ALMANAQUES de politica, suas teses achadas no achismo e seus fatos parciais fizeram a festa quendo HUGO CHAVES vendeu os "selvagens" e burros grevistas malvadões que tentavam uma forma não democrática de derrubar um governo. Talvez alguns tenham lembrado de Fidel e de Lenin para se opor aos malvados e burros grevistas.
Ocorre que os grevistas foram derrotados por fogo amigo-lindão e fogo inimigo para que HUGO CHAVES se mantivesse. NÃO HOUVE REVOLUÇÃO Lenin-Fidelista alguma, mas contra a linda teoria achada no achismo das aparências ao sabor do interesse, o que ocorreu é que DEMOCRATICAMENTE Hugo Chaves segiu em seu intento conforme as etapas do projeto e o RESULTADO foi a atual VENEZUELA.
Coisa feia essa da realidade não se moldar a ACHISMOS sem pé nem cabeça. A realidade é burra e não entende nada de politica mesmo.
Obrigado por sua manifestação, amigo
ExcluirAbraço
Ivan Lima
Eu é que agradeço e muito a oportunidade de expor minhas opiniões.
ExcluirAprecio extremamente este site e seus excelentes artigos e agradeço ao autor por isso.
Um forte abraço.