Quantas vezes não temos visto alguém se referir aos empresários como aqueles que só visam ao lucro? Se perguntarmos a estas pessoas o que acham de viver em Cuba ou Coréia do Norte, atualmente os exemplos mais bem-acabados de sociedades socialistas, o mais comum é verem-nas saírem pela tangente, num flagrante evidente de como as suas cabeças são confusas...
Dizer que os empresários só querem o lucro e que por isto a sociedade capitalista é injusta é um clichê recorrente que já deveria estar extinto, mas perdura no imaginário de maior parte da população, mesmo entre a que se considera mais letrada. Entender o que significa o lucro, pois, urge, como forma de orientá-las.
Para tanto, socorro-me de uma interessante aula de economia que certa vez eu tive em um curso de...sobrevivência na selva! Sim, isto mesmo, lá no CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), em Manaus, os militares e civis que têm a oportunidade de vivenciar esta enriquecedora experiência são ensinados a não colher os palmitos das palmeiras! Consciência ecológica? Não! Acontece que o trabalho dispensado para cortar a palmeira e descascar consome mais calorias do que o almejado broto pode fornecer.
No jardim do Éden, tudo era dado, mas nem por isto o trabalho era desnecessário. O mero fato de esticar a mão para alcançar uma maçã configura um trabalho, por mais insignificante que seja.
No caso acima, a moeda são as calorias, e o lucro é o diferencial entre as calorias obtidas pelo resultado da ação humana e o próprio trabalho aplicado para tal fim. O lucro, pois, em termos muito simples, é o resultado positivo da ação humana. Isto posto, permanece válido o seu conceito, seja qual for a moeda. O significado do lucro é e sempre será o êxito do trabalho, ou melhor, da ação humana. Se a humanidade agisse sempre para conseguir uma situação posterior pior, já teria desaparecido da face da terra.
Não é por outra razão que as sociedades socialistas sempre acabam em colapso. Não é por acaso que a Europa do wellfare state está por vivenciar uma crise que somente poderá ser resolvida por resolutas decisões de ajuste fiscal. Ao analisarmos a situação de cada um destes países (e o Brasil segue no vácuo deste caminho para o desastre), sempre está lá a escolha predominante por processos de cooperação humana que desprezam esta simples averiguação de sucesso que é o lucro.
O lucro do empresário não é só dele, mas pertence a toda a sociedade. Quando afirmo isto, não estou a usar de um discurso demagógico, mas aplicando o princípio do lucro exatamente como ele se funciona dentro do contexto econômico e social. Quão mais rica se torna uma pessoa, menor é a relação entre os seus gastos pessoais e o tamanho de sua fortuna. Há pessoas milionárias que não gastam mais com suas vidas do que meros cidadãos de classe média. Isto se explica pelo fato de que, alcançadas as satisfações ótimas de bem-estar, i.e., uma boa casa, um bom carro, os passeios, quase nada mais sobra pra se gastar (a não ser que o sujeito seja uma pessoa notoriamente perdulária).
O que fazem, então, com tanto dinheiro, proveniente dos lucros dos seus empreendimentos? A resposta é óbvia, simples e concreta: elas aplicam em novos investimentos, gerando empregos e riqueza para os seus semelhantes, e oportunidades para tantos outros mais.
É com o lucro, pois, que o empresário pode investir em pesquisa de modo a oferecer aos seus clientes um eletrodoméstico que consuma menos energia, que seja mais bonito, e/ou que custe mais barato. Há somente cerca de quinze anos, lembro-me que meu pai me ofereceu a transferência de seu consórcio de um vídeo-cassete. Ele não me pediu nada em troca, senão que sentiu difilculdade em pagar as salgadas parcelas e pensou em mim, se eu quisesse continuar a honrar as mensalidades. Naquele tempo, puxa, um video-cassete era um verdadeiro sonho de consumo da classe média. Pois pergunto: quanto custa hoje um aparelho reproduzor de DVD? Pelo que sei, há alguns que custam pouco mais do que cem reais.
Os empreendimentos estatais que se utilizaram do meio socialista de produção e fornecimento dos seus produtos, isto é, que praticaram preços sociais ou politicamente estabelecidos, resultaram todos no empobrecimento geral da população. Terminaram sempre com grandes escândalos financeiros, que ao fim, todos nós, por meio dos impostos, tivemos de pagar. Houve empresas estatais, tais como o Lloyd Brasileiro, que teve de ser liquidada porque absolutamente ninguém desejou assumir o seu gigantesco passivo nos sucessivos leilões, que resultaram desertos. E esta empresa detinha o monopólio sobre as melhores rotas comerciais para os Estados Unidos e a Europa.
Em vários livros sobre Direito Administrativo, salienta-se a falaciosa teoria de que uma empresa estatal pode não somente abdicar de lucro, mas justamente, funcionar com prejuízo, dada a sua função social. Assim, os juristas e teóricos do serviço público vão viciando as gerações, eternizando o keynesianismo que só trouxe endividamentos permanentes, crises e guerras.
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