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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cegas e palpiteiras

Por Klauber Cristofen Pires

Já se tornou notícia corrente a proposta da candidata Dilma Roussef de estender a idade da aposentadoria "mais para lá", quando solicitada a falar sobre o déficit da Previdência Social, seguida de um desmentido providencialmente aconselhado por um seu marqueteiro qualquer. Como foi mesmo que ela se expressou? Ahh, assim: "A terceira idade está ficando difícil (...) A gente vai ter de estender ela um pouco mais para lá."

Como é que alguém que é candidato a presidente tasca uma opinião hoje e amanhã dá uma meia-volta? A resposta é mais prosaica do que qualquer cientista político pode analisar: ela não sabe patavinas do que está falando! Pronto, é isto, mais nada! Claro, falou uma besteira em campanha, e por isto levou (mais um ) pito.

Não obstante, sai por aí, pedindo votos, alegando experiência administrativa e dando palestras com o ar severo de alguém que está deveras preocupada com um dos principais problemas do país. Querem saber? Mesmo o seu exército de assessores e especialistas nisto e naquilo estão como cocô de marinheiro nesta história: apenas boiando, conforme a onda...

Agora vamos repassar o profundo depoimento de Marina Silva sobre reforma tributária, após ter logrado a atenção do público presente à CNI no último dia 25 de maio, por sua alegação de ser uma pobre cabocla amazônica: "-Não é fácil, se fosse fácil já teriam feito".  Para Marina, um presidente tem de ser eleito para realizar coisas fáceis. Em tempo, a candidata também ressaltou o fato de ter sido analfabeta até os seus 16 anos!  Como se vê, hoje em dia alegar analfabetismo é um item importante no currículo de um candidato. Será mera coincidência ou vemos aí de fato alguma relação de causa e efeito?
    
Sra Marina, uma reforma tributária pode não ser algo fácil de se realizar, e nem é exigível que um candidato seja um doutor em Direito Financeiro e Direito Tributário,  mas nesta altura do campeonato alguém que se dispõe a ocupar "aquela" cadeira deve ter pelo menos conceitos bem estabelecidos sobre carga tributária, competitividade do produto nacional, partilha federativa, obrigações acessórias (a tal da "burocracia"), um conhecimento geral sobre os impactos dos diferentes tributos e enfim, não seria nada mal que também apresentasse alguma proposta concreta e viável.

E uma estrada entre Manaus e Porto Velho? Para a ex-ministra do meio-ambiente, não passa de um fio negro na floresta, totalmente improdutivo. Claro, muito melhor é que os produtos do Pólo Industrial sejam transportados de avião até São Paulo, para de lá voltar com  as frutas e verduras que os manauaras consomem, ou por navio, atravessando algo como dois mil quilômetros até chegar ao litoral, de onde poderão embarcar os cereais e a carne provenientes de...Rondônia.

A candidata despreza o potencial da estrada que pode conectar os produtos brasileiros, especialmente os da região Centro-Oeste, no momento mesmo em que já temos um corredor de exportação para o Caribe por Pacaraima-RR, e outro por se concretizar, para nos propiciar uma saída para o Pacífico, via Peru, e isto só para fazer valer a sua militância verde. Enquanto isto, desde os anos 50 os Estados Unidos têm como atravessar seu território  - ressalto, do Atlântico ao Pacífico - por rodovias em apenas...sabe quanto? Três dias!

Os jornais, por sua vez, têm confundido isenção com imparcialidade no trato da questão. Com medo do TSE ou das crises de ciúme do PT, os comentaristas políticos passam longe de analisar estas verdadeiras gafes, que muito bem poderiam, com o destaque certo, chamar a atenção do público e cumprir a sua função jornalística  ao provocar-lhes o melhor juízo.

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