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terça-feira, 13 de julho de 2010

Cuba critica Shakira. Seu erro: ser colombiana.

Por Klauber Cristofen Pires

Eu já disse que analisar uma matéria da imprensa cubana requer buscar o que está por detrás dos olhos e da mente dos seus editorialistas, isto é, investigar o discurso a partir da análise do fins que eles pretendem alcançar, ou das verdades que eles intentam ocultar e que se denunciam pela forma como se expressam. Nada nos periódicos comunistas é publicado sem que tenha uma utilidade política em mira.


Uma essência comum aos seus colunistas de opinião, por exemplo, é um certo senso de exílio interior; sem poder transmitir informação ou opinião autênticas, resta-lhes um vagar errante por pensamentos que não levam a lugar nenhum, de tal forma que o estilo é carregado na mais pura enrolação. É como se estivessem escrevendo bêbados, drogados ou em estado de avançada demência senil. Confesso que às vezes sinto compaixão.

Entretanto, avancemos, que se me demoro muito com o que venho trazer agora, o "enrolão" serei eu: refiro-me à matéria "Los días del Waka waka parecen estar contados", assinado por Pedro de la Hoz. O artigo parece fazer algumas críticas, como direi, "isentas" ou "despropositadas", ao clip estrelado pela cantora Shakira em conjunto com o grupo sul-africano Freshlyground. Parece.

Sob o pobre argumento socialista nacionalisteiro, criticam o fato de a Sony -  ávida por lucros - ter realizado o tema da Copa, utilizando-se de uma estrangeira em detrimento da imagem em segundo plano do grupo sul-africano.  Como se promover seus artistas e vender fosse pecado, o Granma realça o fato do último álbum de Shakira , intitulado "Loba", ter quintuplicado as vendas no país-sede da Copa. Claro, jamais mencionará que os sul-africanos, como cidadãos de uma nação livre e capitalista, escolhem à vontade quais as músicas desejam comprar. Por fim, faz praga de urubu magro sobre cavalo gotdo, anunciando que o sucesso musical terá vida curta. Sim, pode ter, e daí?  É  música de tema e de entretenimento de massa: jamais alguém propôs uma obra à altura de Mozart.

No mais, que a Sony tenha se utilizado de uma artista sul-americana, já famosa no seu continente, nos Estados Unidos e na Europa, isto somente diz respeito a ela, no tanto do risco que corre com as suas escolhas. Se por um lado, o grupo local  - totalmente desconhecido fora das suas fronteiras  - não apareceu em primeiro plano, a presença de uma mega-star internacional impulsiona a aceitação  do evento Copa do Mundo pelo mundo afora com uma perspectiva de sucesso maior e até mesmo alavanca a carreira dos seus pares nativos. Por acaso, não seria um grande negócio que um artista mediano brasileiro gravasse um clip com alguém como Celine Dion, por exemplo?
Pergunto-me, todavia, o que teria ocorrido ao crítico  para falar da estrela principal caso esta fosse cubana, venezuelana, ou quiçá, fazendo justiça à altura dos acontecimentos, brasileira. Shakira, porém, é colombiana! "Pior" do que isto, compareceu várias vezes ao palanque do Presidente Álvaro Uribe e pasmem(!), fez campanha contra as FARC! Ahá, te peguei, hein, Sr Hoz?

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