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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estratégia “excelente”


 Por Matheus Viana

Governo brasileiro tenta implantar em Cuba a mesma estratégia de “reforma” que vem sendo estabelecida no Brasil


“Excelente”. Esta foi a definição dada às relações diplomáticas entre Brasil e Cuba durante o encontro entre o chanceler brasileiro Celso Amorim e o presidente cubano em exercício Raul Castro, em Havana, no dia 18/09.

Na ocasião, Amorim entregou a Raul uma carta do presidente Lula que evoca o desejo de que o Brasil se torne um parceiro da ilha após as reformas que o governo cubano planeja fazer nos próximos anos em seu sistema produtivo. Tal parceria é apenas a ratificação da relação que vem sendo fortalecida há três anos – nominalmente, é claro -, onde o Brasil tem incentivado a exportação de produtos.

É evidente o intento de Lula em convencer os Castro a abandonarem, aparentemente, a economia planificada básica do socialismo que, segundo o próprio Fidel declarou, “não serve nem para nós”, fortalecer o mercado interno e abri-lo para que Cuba venha experimentar um crescimento econômico, a exemplo da China - ainda que não seja no mesmo patamar -, a fim de otimizar a imagem do regime comunista perante o mundo. Uma reforma que rompa com a estratégia revolucionária tradicional e permita o perpetrar do comunismo em toda a América Latina.

A relação Brasil-Cuba não se dá apenas no âmbito econômico. As constantes visitas de Lula e de alguns membros do governo ao condado dos Castro é também de caráter político, moral e ideológico. O governo atual quer convencer os gurus a aderirem a uma nova maneira de se estabelecer o comunismo de rompante econômico, diferente do modelo soviético, sem, contudo, alterar o intento e caráter totalitários.

Lula quer que Cuba experimente da mesma “reforma” que o movimento revolucionário conseguiu, em todos estes anos, estabelecer no Brasil. O marxismo convencional de destruição violenta de toda a ordem social deixou de ser usada há anos. A estratégia contemporânea é a expansão econômica a fim de embriagar a massa ao ponto de se tornar manipulável e dominar sorrateiramente as instituições estatais de modo que a população a veja como medidas democráticas.

Lula seguiu as premissas de longo prazo de FHC na economia o que permitiu, por conta também da favorável conjuntura mundial, um notável avanço. No entanto, o preço deste desenvolvimento foi a tomada de instituições como a Casa Civil e os Correios para o emanar de mensalões, tráficos de influências, licitações fraudadas, e toda sorte de corrupções que temos acompanhando cotidianamente. O Ministério da Fazenda – no caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo pelo então ministro Antônio Palocci, a Receita Federal – na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB e de familiares de José Serra, o canal NBR – na cobertura eleitoral de Dilma Rousseff - entre outras entidades governamentais foram usadas sistematicamente nestes oito anos a serviço do partido.

O resultado é um governo que tem conseguido se manter no poder por quase duas décadas e que goza de 80% de aprovação. Populismo estratégico que camufla um sórdido totalitarismo. Bastar analisarmos os fatos em que ele se manifesta. A vil tentativa de cercear as liberdades de imprensa e de expressão contidas no PNDH-3 e no PLC 122/06, também conhecido como Lei da mordaça, a legalização do aborto, a destruição da heteronormalidade entre outras medidas de explícitas afrontas aos direitos humanos que fazem parte do mosaico revolucionário são apenas fragmentos.

A única reforma capaz de aplacar a culminância desta estratégia “excelente” é a plena observação ao seguinte princípio: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Evangelho segundo João 8:32). Temos provado de um progresso que não provém da ordem, cujos efeitos colaterais experimentaremos em breve. Entretanto, temos tido a chance de nos depararmos com a verdade capaz de nos libertar de todo opróbrio e manipulação democrática a qual temos sido solapados em troca de um desenvolvimento econômico ilusório, cujos juros serão mais altos do que imaginamos...

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