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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Beijo roubado

Por João Bosco Leal

O primeiro beijo normalmente acontece de forma inesperada para um dos dois, e talvez aí esteja todo o seu encanto, sua magia. Depois desse, muitos virão, mas o beijo inesperado, roubado, não tem idade, data ou local, é sempre o melhor.

Imagino que todos passaram por algo que não gostariam de ter passado, mas a vida sempre tem muito mais alegrias que tristezas.

Lugares, paisagens, animais, pessoas, parentes, filhos, netos, amizades, flertes, juventude, namoros, amores e sexo sempre me provocaram muito mais sentimentos positivos do que alguns que não me agradaram.

Mesmo que antes não tenha aproveitado para curtir os lugares e as paisagens por onde passo, hoje o faço com muita frequência e normalmente procuro inclusive fotografá-los, tentando assim guardá-los mais vivos em minha memória.

Recentemente, ouvi inclusive um comentário de que fotografar flores e plantas da cidade, como havia feito, era uma "viadagem", o que não me incomodou nem um pouco. Senti apenas dó daquele que o fez, no sentido de que, como eu em sua idade, era tão imaturo que não percebia a importância dos pequenos detalhes que nos rodeiam, e que fazem a vida ser como ela é, maravilhosa em todos os seus detalhes.

Animais são seres tão maravilhosos, que basta observá-los por um curto período, para aprendermos algo. Pessoas, parentes e amizades são os que às vezes demoramos, mas sempre acabamos descobrindo aqueles que são e os que não são importantes em nossas vidas.

Filhos são a verdadeira essência de nossas vidas, nossa perpetuação na vida. Através deles nos projetamos no futuro, imaginando que poderão e farão tudo o que não pudemos e não fizemos, mas que gostaríamos de ter podido e feito.

Netos são os frutos aguardados da semente plantada. Quando os temos é que realmente começamos a sentir o prazer de viver.

A lembrança de nossa juventude certamente provoca muitas alegrias, e sobre flertes, namoros e sexo, penso ser desnecessário comentar, pois todos sabem de sua importância e da alegria de quem os faz, independentemente da idade, de como e quando. Sempre é uma experiência nova e deliciosa.

Mas o beijo, ah, o beijo. Essa é talvez uma das experiências mais intensas do ser humano e, penso, também dos animais, que frequentemente vejo se beijando, lambendo, trocando carícias.

É tão intensa que causa aquela tremenda angústia e insegurança para aqueles que, ainda crianças, nunca beijaram e sentem a vontade de dar o seu primeiro beijo, na menininha ou menininho por quem se apaixonou na escola ou na vizinhança.

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