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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pesquisa de Inovação Tecnológica - Fonte IBGE

Por Ricardo Bergamini

Base: Ano 2008

PINTEC 2008: Proporção de empresas industriais inovadoras sobe de 31,5% para 38,1% em oito anos

A taxa de inovação da indústria, dos serviços selecionados (edição, telecomunicações e informática) e do setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D) cresceu de 34,4% no período 2003-2005 para 38,6% entre 2006 e 2008, segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) 2008. Foram investigadas, ao todo, 106,8 mil empresas, das quais cerca de 41,3 mil implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado entre 2006 e 2008. Isso significa que, das 100,5 mil empresas industriais, 38,1% foram inovadoras, percentual inferior ao observado no setor de P&D, cuja taxa de inovação foi de 97,5%, e nos serviços selecionados, 46,2%. Esta é a maior taxa de inovação do setor industrial desde que a pesquisa começou a ser realizada em 2000, quando o percentual foi de 31,5%, subindo para 33,3% em 2003 e 33,4% em 2005.

A parcela do faturamento das empresas gasto em atividades inovativas mostrou estabilidade em relação à pesquisa anterior, passando de 3,0% em 2005 para 2,9% em 2008. Na indústria, este percentual foi de 2,5%, abaixo dos serviços selecionados (4,2%) e de P&D (71,1%).

O destaque, entre 2006 e 2008, ficou por conta do uso da internet como fonte do processo inovativo. Nos serviços selecionados, ela foi utilizada por 78,7% das empresas, caracterizando-se como importante propulsor da inovação. No setor industrial, o percentual foi menor (68,8%), porém é a primeira vez em todas as edições da pesquisa que essa fonte é apontada como a mais relevante.

Houve, ainda, crescimento do percentual de empresas inovadoras que utilizaram ao menos um instrumento de apoio governamental, passando de 18,8% entre 2003 e 2005 para 22,3% no período 2006-2008. Isso equivale a um total de 9,2 mil empresas, das quais 8,7 mil eram industriais.

A PINTEC 2008 fornece dados para a construção de indicadores das atividades de inovação tecnológica das empresas brasileiras, adotando a nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), o que limita a comparação com dados anteriores a 2008. A primeira pesquisa foi realizada em 2000. A edição 2008 ampliou o conceito de inovação, ao incorporar o levantamento de novidades organizacionais e de marketing ao âmbito da pesquisa.

Tabela 1 – Taxa de Inovação nas empresas industriais brasileiras


Indústria automobilística tem taxa de inovação superior a 80%

As empresas industriais com maior contingente de pessoal ocupado têm taxas de inovações superiores: naquelas com 500 ou mais empregados, 71,9% inovaram em produto ou processo (frente a uma média de 38,1%), sendo que 26,9% direcionaram produtos novos ou aperfeiçoados para o mercado nacional e 18,1% implementaram processo inovador para o seu setor no Brasil. Nas empresas de serviços selecionados de grande porte, 67,2% foram inovadoras (frente a uma média de 46,2%), 24,3% voltaram suas inovações para o mercado brasileiro e 22,5% inovaram em processo. Nas empresas de P&D, as taxas de inovação são altas em todos os portes, uma vez que promover inovações é sua principal função.

Em 4,1% das empresas industriais, foram lançados produtos novos ou substancialmente aprimorados para o mercado nacional, enquanto nos serviços selecionados, esse percentual foi de 9,1%, resultados inferiores aos do setor de P&D: 72,5%. Em relação aos processos novos ou substancialmente aprimorados para o setor, no Brasil, as taxas são menores: 2,3% na indústria, 2,8% nos serviços selecionados e 60% em P&D.

As oito atividades que apresentaram maiores taxas de inovação foram de alta e média-alta intensidade tecnológica, segundo classificação elaborada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), adaptada pelo Eurostat para a CNAE 2.0: automóveis, camionetas, utilitários, caminhões e ônibus (83,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (63,7%), outros produtos eletrônicos e ópticos (63,5%), produtos químicos (58,1%), equipamentos de comunicação (54,6%), equipamentos de informática e periféricos (53,8%), máquinas e equipamentos (51,0%) e componentes eletrônicos (49,0%). Abaixo da média da indústria, encontra-se apenas um setor de média-alta intensidade: outros equipamentos de transporte – 36,1%. Os demais setores são de menor conteúdo tecnológico, despontando com taxas mais baixas as indústrias extrativas (23,7%) e os produtos de madeira (23,6%).

As taxas de inovação alcançadas pelos serviços entre 2006 e 2008 estão entre as mais elevadas: desenvolvimento e licenciamento de programas de computador (58,2%), telecomunicações (46,6%), outros serviços de tecnologia da informação (46,1%), edição e gravação e edição de música (40,3%) e tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas (40,3%).

Percentual do faturamento da indústria investido em P&D sobe de 0,57% para 0,62%

A aquisição de máquinas e equipamentos apareceu, em 2008, como a atividade mais relevante tanto para a indústria (78,1%) quanto para os serviços selecionados (72,3%), seguida, na primeira, por duas atividades complementares à compra de bens de capital: treinamento (59,4%) e projeto industrial (37,0%). Nos serviços selecionados foram o treinamento (66,6%) e a aquisição de software (54,8%).

Em 2008, enquanto a indústria investiu 2,5% do seu faturamento no total das atividades inovativas, as empresas de serviço selecionados gastaram 4,2% e as de P&D, 71,1% do total de recursos efetivamente disponíveis. Entre os dez setores que se destacam com as maiores proporções de gasto em atividades inovativas sobre faturamento, três compõem os serviços selecionados: tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas (6,5%), telecomunicações (4,6%), desenvolvimento e licenciamento de programas de computador (3,8%).

Já as atividades industriais que se destacaram foram fabricação de outros equipamentos de transporte (5,1%), fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,9%), impressão e reprodução de gravações (4,4%), fabricação de automóveis, camionetas e utilitários, caminhões e ônibus (4,2%), fabricação de produtos diversos (4,1%), fabricação de equipamentos de comunicação (3,8%), e fabricação de outros produtos eletrônicos e ópticos (3,6%).

O setor industrial investiu 0,62% de seu faturamento em P&D, 0,5 ponto percentual a mais que em 2005 (0,57%), mesmo não contemplando mais as atividades de reciclagem e edição. Entretanto, o gasto total dos setores industrial, de serviços selecionados e de P&D manteve-se estável em 0,8%.

72,5% das empresas investiram em pesquisa e desenvolvimento contínua

Entre 2006 e 2008, 4,8 mil empresas inovadoras investiram em atividades internas de P&D, distribuídos da seguinte forma: 70,3% na indústria, 19,1% no setor de P&D e 10,5% nos serviços selecionados. A maioria delas (72,5%) o fez de forma contínua, o que significa que 3,4 mil empresas foram responsáveis por 97,5% dos gastos. Os serviços selecionados tiveram percentual superior ao da indústria no que se refere à participação de empresas com atividades contínuas de P&D: 86,4%, responsáveis por 98,0% dos gastos, contra 70,7% das empresas industriais, representando 96,8% do dispêndio.

No tocante aos recursos humanos envolvidos com as atividades internas de P&D, havia aproximadamente 73,3 mil pessoas ocupadas nesta área, sendo 48,1 mil nas empresas industriais, 18,2 mil nas de P&D e 7 mil nos serviços selecionados. Na análise por nível de qualificação, pouco mais de 60,0% das pessoas que trabalhavam com as atividades de P&D possuíam nível superior, 47,8% eram graduadas e 14,0% tinham pós-graduação.

Internet é decisiva no processo de inovação

Na indústria, as cinco principais fontes de informação utilizadas para realizar o processo de inovação foram internet (68,8%), clientes (68,2%), fornecedores (65,7%), áreas internas à empresa (61,5%) e feiras e exposições (55,6%). Nos serviços selecionados, as fontes de informação mais expressivas foram semelhantes às da indústria: a internet foi utilizada por 78,7% das empresas, aquelas obtidas junto às áreas internas da empresa, por 73,5%, os clientes por 69,3% e os fornecedores por 55,0%.

O setor de P&D teve resultado diferente dos demais. Todas as empresas usaram de forma relevante as idéias provenientes do seu próprio departamento de P&D. Em seguida, aparecem com importância alta ou média: conferências, encontros e publicações especializadas (92,3%), universidades ou outros centros de ensino superior (87,2%) e redes de informação informatizadas (84,6%).

Do total de 41,3 mil empresas inovadoras, 10,4% estabeleceram algum tipo de prática cooperativa com outras organizações para inovar em produto e/ou processo entre 2006 e 2008, o que indica crescimento em relação à PINTEC 2005, quando o percentual foi de 8,5%.

Quanto maior a empresa, maior o percentual de atividades de cooperação. Nas indústrias, 10,1% das inovadoras estabeleceram atividades de cooperação, mas, considerando aquelas com 500 ou mais pessoas ocupadas, esse percentual é superior, 35,3%. O mesmo ocorreu nos serviços selecionados, 13,1% das inovadoras realizaram atividades de cooperação e esse percentual cresceu com o tamanho das empresas, atingindo 33,8% das com 500 ou mais pessoas ocupadas. Nas empresas de P&D, o cenário é diferenciado, com a quase totalidade estabelecendo arranjos cooperativos (92,3%).

Comparando o percentual de empresas inovadoras que utilizaram ao menos um instrumento de apoio governamental entre 2003 e 2005 com o resultado observado no período 2006-2008, houve aumento de 18,8% para 22,3%. Cerca de 9,2 mil empresas utilizaram algum incentivo público federal para inovar. Entre as empresas industriais inovadoras, 22,8% (8,7 mil empresas) obtiveram ao menos um benefício do governo para desenvolver suas inovações de produto e/ou processo entre 2006 e 2008. Esta proporção cresce com o tamanho da empresa: é de 22,2% das que ocupam entre 10 e 99 pessoas, 23,7% daquelas que possuem entre 100 e 499 pessoas ocupadas e atinge 36,8% nas empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas, portanto as grandes empresas foram relativamente mais beneficiadas nos programas governamentais.

Nas empresas de serviços selecionados, 15,3% das inovadoras usaram algum mecanismo de apoio do governo, percentual abaixo do observado na indústria, e quase a totalidade das empresas de P&D recebeu algum tipo de apoio governamental entre 2006 e 2008 (37 das 39 inovadoras).

Falta de pessoal qualificado é destacado como importante obstáculo à inovação

A pesquisa mostra que o percentual de empresas inovadoras com problemas ou obstáculos à inovação aumentou de 35,2% na Pintec 2005 para 49,8%. Essa proporção foi estruturada da seguinte forma: 49% das industriais, 54% das dos serviços selecionados e 79% das de P&D.

Na indústria, aparece em primeiro lugar os elevados custos da inovação (73,2%), seguido pelos riscos econômicos excessivos (65,9%), falta de pessoal qualificado (57,8%) e escassez de fontes de financiamento (51,6%). Se tais dados forem comparados com a tendência observada nesse setor na PINTEC 2005, observa-se mudança devido ao aumento relativo em importância da falta de pessoal qualificado em contraposição à queda na relevância da escassez de fontes de financiamento como obstáculos à inovação.

Nas empresas de P&D sobressaem os elevados custos da inovação (73,3%) e a escassez de fontes de financiamento (70,0%). Nos serviços selecionados, o principal problema foi a falta de pessoal qualificado (70,4%), seguido pelos problemas de ordem econômica: os elevados custos da inovação (72,1%), os riscos econômicos excessivos (62,6%) e a escassez de fontes de financiamento (48,7%).

No período 2006-2008, 62,9 mil empresas não realizaram inovação de produto e/ou processo nem desenvolveram projetos, o que representa 58,8% do total de empresas pesquisadas nos setores industrial, dos serviços selecionados e de P&D. Houve queda, se comparada à pesquisa anterior, quando 63,3% das empresas desse universo não eram inovadoras.

No período 2006-2008, 55,8% das empresas que não inovaram apontaram as condições de mercado como principal entrave. Entre 2003 e 2005, quase 70% das empresas tinham apontado este como problema principal. Comparando com 2003-2005, tiveram aumento na importância o fato de as empresas já terem realizado inovações prévias (de 11,4% para 15,8%) e outros fatores impeditivos (de 18,9% para 28,4%).

Inovações não-tecnológicas integram a PINTEC a partir de 2008

A partir da PINTEC 2008, a inovação é analisada segundo um conceito mais amplo, que incorpora inovações não-tecnológicas: a implementação de novidades organizacionais e inovações de marketing.

Entre as 41,3 mil empresas inovadoras em produto e processo no período 2006-2008, 69,0% realizaram ao menos uma inovação organizacional e 59,5%, alguma inovação de marketing. Nas empresas industriais esses percentuais foram de 68,7% e 59,3%, respectivamente, taxas inferiores àquelas observadas nos serviços selecionados (72,5% e 61,0%, respectivamente).

Em relação às inovações de marketing, as estratégias diferenciadas da indústria e dos serviços selecionados sobressaem: na indústria prevalecem novidades na estética, desenho ou outras mudanças (45,8%) e nos serviços selecionados é primordial a adoção de novos conceitos e estratégias de marketing (43,6%). Já em relação à inovação organizacional, nos dois setores sobressaíram novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho (47,1% na indústria e 60,9% nos serviços selecionados) e novos métodos de organização do trabalho (45,2% e 54,3%, respectivamente)

No setor de P&D, nove em cada dez empresas inovadoras em produto e processo também implementaram inovações organizacionais, já em relação ao marketing, a taxa foi menor (51,3%), devido ao fato da grande parte dessas empresas não adotarem estratégias de diferencial de mercado.

Nas empresas não inovadoras as taxas de inovação de marketing (45,0%) e organizacionais (39,3%) são menores. Na indústria, a taxa de inovação de marketing (39,5%) é maior que a taxa de inovação organizacional (36,1%), nos serviços, sobressai a taxa de inovação organizacional (55,1%) e a taxa de inovação de marketing é 44,5%.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.


Ricardo Bergamini
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Um comentário:

  1. A oposição apenas institucional não será suficiente para impedir a eternização do petismo no poder. Não podemos nos limitar apenas ao confronto eleitoral, terceirizando para pessoas não confiáveis a defesa dos nossos direitos. Nós que não concordamos com o avanço esquerdista sobre as nossas vidas não podemos nos omitir e deixar que apenas a minoria no congresso se oponha. Até porque muitos deles seguem a mesma cartilha. Vários membros da oposição já deixaram isto claro. Na defesa da cpmf a declaração favorável do poste sem luz mineiro anastasia, cria e cúmplice do aécio; o deputado federal tucano otávio leite fez questão de deixa bem claro que não é de direita e nunca será; o comunista roberto freire foi ainda mais longe ao assumir que o pps deve fazer oposição à dilma pela esquerda.

    http://vermelhosnao.blogspot.com

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