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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Emprego industrial cresce 3,4% em 2010, maior taxa desde 2002

Por Ricardo Bergamini

Fonte: IBGE - 2010

Após quatro meses de estabilidade, o pessoal ocupado na indústria recuou 0,1% na comparação entre dezembro e novembro de 2010 na série sem ajuste sazonal. Foram sete meses consecutivos de taxas positivas, que acumularam ganho de 3,3%. Em relação a dezembro de 2009, o emprego industrial avançou 3,4%, ritmo ligeiramente acima do registrado em novembro (3,1%), e manteve a sequência de resultados positivos iniciada em fevereiro de 2010. (...)

O índice para o fechamento de 2010 também mostrou expansão de 3,4% e reverteu a queda de 5,0% assinalada em 2009. O total do pessoal ocupado no último trimestre do ano superou em 3,6% à do quarto trimestre de 2009. A taxa anualizada, índice acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de 2,9% em novembro para 3,4% em dezembro, manteve a trajetória ascendente iniciada em dezembro de 2009. Com isso, o emprego industrial encerrou 2010 com a taxa mais elevada da série histórica, refletindo não só a recuperação gradual do emprego industrial ao longo do ano, mas também a baixa da base de comparação em função dos ajustes realizados no mercado de trabalho em 2009, por conta dos efeitos da crise econômica internacional.



Todos os 14 locais pesquisados contribuíram com resultados positivos para o crescimento do emprego industrial na comparação com dezembro de 2009. A principal contribuição ficou com São Paulo (3,0%), vindo a seguir região Nordeste (3,4%), Minas Gerais (3,9%), região Norte e Centro-Oeste (4,6%), Rio Grande do Sul (3,6%), Santa Catarina (3,9%) e Rio de Janeiro (4,4%).

Na indústria paulista, as atividades de meios de transporte (8,7%) e de máquinas e equipamentos (7,5%) exerceram as maiores contribuições. Na região Nordeste, o emprego industrial avançou em 14 setores, com destaque para calçados e couro (5,1%), minerais não metálicos (10,6%) e vestuário (5,9%). Em Minas Gerais, os principais impactos vieram de produtos de metal (14,3%) e de meios de transporte (10,5%), enquanto nas regiões Norte e Centro-Oeste as influências mais relevantes foram observadas em produtos de metal (37,3%) e em máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (21,5%). No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os destaques foram máquinas e equipamentos (12,9%) e meios de transporte (11,4%), no primeiro local, e vestuário (8,7%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (20,5%) no segundo.

Setorialmente, ainda na comparação com dezembro de 2009, o total do pessoal ocupado assalariado teve expansão em 13 dos 18 segmentos pesquisados. Os principais impactos positivos vieram de meios de transporte (8,7%), produtos de metal (10,0%), máquinas e equipamentos (8,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (9,0%), metalurgia básica (10,8%) e borracha e plástico (6,2%). A pressão negativa mais relevante ficou com o setor de papel e gráfica (-7,7%).

Na análise por trimestres, o emprego industrial, ao crescer 3,6% no quarto trimestre do ano, manteve a sequência de resultados positivos em 2010, mas com ligeira redução de ritmo frente ao índice do período julho-setembro (5,1%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. O total do pessoal ocupado assalariado na indústria registrou taxas negativas em todos os trimestres de 2009. O movimento de redução no ritmo de contratações entre o terceiro e o quarto trimestre de 2010 teve perfil disseminado, atingindo 13 locais e 14 setores, com destaque para papel e gráfica (de –1,4% para –6,9%), alimentos e bebidas (de 1,7% para 0,4%), calçados e couro (de 7,6% para 2,9%) e têxtil (de 8,2% para 4,9%), entre os ramos; e Espírito Santo (de 9,4% para 5,5%), Ceará (de 7,1% para 3,3%), região Norte e Centro-Oeste (de 6,8% para 3,7%) e Pernambuco (de 8,2% para 5,3%).

O índice acumulado no ano teve perfil generalizado de crescimento, atingindo todos os locais e 13 dos 18 ramos pesquisados. Entre os setores, sobressaíram os impactos vindos de máquinas e equipamentos (7,3%), produtos de metal (7,0%), meios de transporte (5,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (7,2%), calçados e couro (5,7%), têxtil (6,4%), alimentos e bebidas (1,5%) e metalurgia básica (7,7%). Por outro lado, os ramos de vestuário (-2,1%) e de madeira (-5,8%) assinalaram as principais pressões negativas. Entre os locais, o principal destaque ficou com São Paulo (2,8%), seguido por região Nordeste (5,0%), Norte e Centro-Oeste (4,2%), Rio Grande do Sul (4,0%), Rio de Janeiro (5,6%) e Santa Catarina (3,4%).

NÚMERO DE HORAS PAGAS

O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, em dezembro de 2010, avançou 0,4% no confronto com o mês imediatamente anterior, na série livre dos efeitos sazonais, após também registrar taxa positiva em novembro (0,3%). No confronto com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas avançou 3,6% em dezembro, 11ª taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação. O índice acumulado para 2010 ficou em 4,1%, revertendo a queda de 5,3% de 2009. O último trimestre do ano apontou crescimento de 3,8% frente a igual período do ano anterior.

Na comparação com dezembro de 2009, o número de horas pagas cresceu 3,6%, com avanço nos 14 locais e em 12 dos 18 ramos pesquisados. Em termos setoriais, as principais contribuições vieram de máquinas e equipamentos (11,3%), produtos de metal (10,6%), meios de transporte (8,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (9,8%), minerais não metálicos (8,4%) e metalurgia básica (13,5%). Em sentido contrário, papel e gráfica (-7,6%), refino de petróleo e produção de álcool (-9,6%) e vestuário (-1,9%) exerceram as pressões negativas mais importantes.

Ainda no índice mensal, os locais que exerceram os maiores impactos sobre o total da indústria foram: São Paulo (2,7%), regiões Norte e Centro-Oeste (5,3%), Minas Gerais (4,1%) e Santa Catarina (5,6%). No primeiro, 12 segmentos aumentaram o número de horas pagas, com destaque para máquinas e equipamentos (11,4%) e meios de transporte (8,4%). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, os ramos de produtos de metal (48,5%), de minerais não metálicos (19,4%) e de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (22,7%) exerceram as influências positivas mais relevantes, enquanto em Minas Gerais, produtos de metal (15,1%), meios de transporte (10,5%) e indústrias extrativas (12,9%) apontaram as maiores pressões positivas. Em Santa Catarina sobressaíram os setores de vestuário (9,5%) e de máquinas e equipamentos (12,9%).

Na análise trimestral, com a variação de 3,8% no período outubro-dezembro, o número de horas pagas completou quatro trimestres consecutivos de taxas positivas. Entre o terceiro (5,5%) e o quarto trimestre de 2010, comparações contra igual período do ano anterior, 12 dos 14 locais e 15 das 18 atividades perderam dinamismo, acompanhando a redução de ritmo observada na produção industrial entre esses dois períodos. Entre os setores, as maiores reduções vieram de alimentos e bebidas, que passou de 2,7% no terceiro trimestre para 0,6% no trimestre seguinte, papel e gráfica (de –1,1% para –6,9%) e calçados e couro (de 7,1% para 2,1%), enquanto entre os locais, as principais reduções no número de horas pagas foram observadas no Ceará (de 6,2% para 2,1%), Rio de Janeiro (de 9,6% para 5,5%), Pernambuco (de 9,7% para 5,8%), Espírito Santo (de 10,7% para 6,9%) e regiões Norte e Centro-Oeste (de 8,3% para 5,0%).

O indicador acumulado em 2010 apontou aumento de 4,1% no número de horas pagas, maior avanço desde o início da série histórica, com perfil generalizado de expansão, que atingiu os 14 locais e 14 dos 18 segmentos investigados. As principais influências sobre a média global vieram de São Paulo (3,7%), regiões Nordeste (4,6%), Norte e Centro-Oeste (5,0%), Rio Grande do Sul (4,2%), Rio de Janeiro (6,6%) e Minas Gerais (3,0%). No corte setorial, as contribuições mais relevantes vieram de máquinas e equipamentos (9,7%), meios de transporte (8,8%), produtos de metal (7,9%), alimentos e bebidas (2,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (7,6%) e metalurgia básica (11,8%). Os ramos de vestuário (–2,2%), madeira (-5,2%) e refino de petróleo e produção de álcool (-5,4%) assinalaram as principais perdas neste tipo de comparação.

FOLHA DE PAGAMENTO REAL

Em dezembro de 2010, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 3,6% em relação ao mês imediatamente anterior, após queda em novembro (1,1%). Ainda na série com ajuste sazonal, comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, o valor da folha de pagamento real no período outubro-dezembro caiu 1,7%, revertendo quatro trimestres consecutivos de expansão, período em que acumulou ganho de 10,0%.

No confronto com iguais períodos do ano anterior, o valor da folha de pagamento real cresceu 5,9% em dezembro de 2010, 7,7% no quarto trimestre do ano e 6,8% no fechamento de 2010, resultado mais elevado desde 2004 (9,7%). O indicador acumulado nos últimos 12 meses avançou 1,1 p.p., ao passar de 5,7% em novembro para 6,8% em dezembro, e prosseguiu com a trajetória ascendente iniciada em dezembro de 2009.

No indicador mensal, o valor da folha de pagamento real cresceu 5,9%, com resultados positivos em 13 dos 14 locais pesquisados. A principal contribuição veio de Minas Gerais (15,0%), devido ao aumento no valor da folha de pagamento real da indústria extrativa (64,7%), influenciada pelo pagamento de participações nos lucros e resultados em empresa do setor, meios de transporte (28,5%) e alimentos e bebidas (14,4%). Vale citar também os impactos positivos vindos de São Paulo (2,9%), em função dos ganhos observados em produtos químicos (14,7%), borracha e plástico (16,7%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (13,5%); Rio Grande do Sul (11,0%), por conta dos impactos positivos assinalados por máquinas e equipamentos (22,0%), meios de transporte (22,4%) e borracha e plástico (20,2%); e região Norte e Centro-Oeste (8,7%), em razão dos avanços da indústria extrativa (48,4%), de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (21,7%) e de minerais não metálicos (28,5%).

Setorialmente, na comparação com dezembro de 2009, o valor da folha de pagamento real cresceu em 13 dos 18 setores, com destaque para meios de transporte (7,3%), indústrias extrativas (19,2%), borracha e plástico (15,7%), produtos químicos (10,6%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (12,9%). Papel e gráfica (-3,4%) e calçados e artigos de couro (-2,8%) exerceram as maiores influências negativas.

Na análise trimestral, o valor da folha de pagamento real, ao crescer 7,7% no quarto trimestre de 2010, manteve a sequência de resultados positivos iniciada no primeiro trimestre, mas reduziu o ritmo de crescimento frente ao período outubro-dezembro (10,0%), comparações contra igual período do ano anterior, movimento observado em 15 dos 18 setores e em 12 dos 14 locais investigados. Entre os setores que perderam dinamismo, destacaram-se máquinas e equipamentos, cujo resultado passou de 14,9% para 8,0%, indústrias extrativas (de 26,9% para 18,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (de 19,0% para 4,9%). Entre os locais, sobressaíram Rio de Janeiro (de 19,7% para 9,1%), Espírito Santo (de 13,5% para 6,8%) e Ceará (de 14,0% para 8,7%).

O indicador acumulado no ano avançou 6,8%, revertendo a queda de 2,4% observada em 2009, apoiada na expansão do valor da folha de pagamento real de todos os 14 locais investigados. O principal impacto positivo sobre o total da indústria veio de São Paulo (5,0%), seguido por Minas Gerais (7,6%), Rio de Janeiro (9,3%) e Rio Grande do Sul (9,1%). Nesses locais, as atividades que exerceram as maiores contribuições foram, respectivamente, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (13,2%) e meios de transporte (4,3%); meios de transporte (18,9%) e produtos de metal (31,4%); meios de transporte (18,2%) e indústrias extrativas (7,1%); máquinas e equipamentos (17,6%) e meios de transporte (16,8%).

Em termos setoriais, ainda no índice acumulado no ano, 16 atividades aumentaram o valor da folha de pagamento real, com destaque para meios de transporte (8,3%), máquinas e equipamentos (7,6%), alimentos e bebidas (5,1%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (11,6%), que exibiram as maiores contribuições positivas. Em sentido oposto, os dois resultados negativos foram assinalados nos setores de madeira (-2,3%) e de fumo (-1,3%).

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.


Ricardo Bergamini
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