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sexta-feira, 4 de março de 2011

Campanha de auxílio aos bandidos

Bruno Pontes - publicado originalmente no jornal O Estado

Se os presos de São Paulo valessem pelo eleitorado nacional, Dilma Rousseff teria sido eleita no primeiro turno, com 63,50% dos votos válidos, à frente de Marina Silva (com 20,65%, sinal de que a política verde começa a ganhar respaldo no sistema carcerário, talvez porque seus moradores prefiram a vida na natureza à vida na cela) e de José Serra (14,38%), o antigo gerente da segurança de São Paulo que, por razões misteriosas, os detentos quiseram longe do comando da segurança nacional.


Caso os eleitores de Dilma estejam para sair da cadeia, já podem planejar novas estripulias. Dando continuidade ao projeto de fazer do Brasil um país de todos, o ministro da Justiça anunciou que o governo irá retomar "com muito vigor" a campanha de desarmamento, ampliando o mercado de trabalho para ladrões, traficantes e assassinos. Segundo José Eduardo Cardozo, "uma população armada é uma população violenta", sendo necessário ignorar o resultado do referendo de 2005, no qual os brasileiros se negaram a permitir que lhes fosse tirado o direito à legítima defesa, a despeito da falaciosa propaganda em contrário executada pela Rede Globo e por ONGs financiadas do exterior.

Os desarmamentistas informam que as mortes por bala não diminuíram; logo, sofismam eles, é preciso recolher armas. Recolher do povo ordeiro e nunca dos criminosos. Cardozo assumiu avisando que pretende espalhar pelo Brasil os métodos da tal polícia pacificadora, aquela que informa seus movimentos com um mês de antecedência para livrar os bandidos do vexame de serem pegos com o fuzil na mão. O Brasil registra 50 mil homicídios por ano (o Iraque é mais pacato) e o gover no petista segue agindo pela diretriz de facilitar a vida do bandido. Exemplo desse enfoque revolucionário é a portaria do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, assinada no último dia do governo Lula, limitando o uso de armas letais pelas forças policiais do país.

A partir de abril, agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e da Força Nacional de Segurança Pública estão obrigados a dar dois alertas que não representem risco de vida ao suspeito, com emprego de armamento não letal, antes de puxar a arma de fogo. Também fica proibido disparar contra aqueles que furarem bloqueio policial em via pública.

De acordo com minhas fontes no submundo, a medida foi aplaudida por 92% da bandidagem. Os 8% restantes julgam a portaria conservadora e lamentam que a polícia não tenha sido aposentada de vez.

Se "uma população armada é uma população violenta", Cardozo deve explicar por que a Suíça, um dos países mais armados do mundo, apresenta índices de criminalidade de fazer inveja à Terra do Nunca, e por que os suíços, em plebiscito realizado no último dia 13 de fevereiro, optaram por não se desarmarem. Para o advogado Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil e um dos coordenadores da campanha do "Não" no referendo de 2005, não surpreende que brasileiros e suíços pensem igual: "Somos países diferentes, com culturas diferentes, mas a necessidade de defesa é universal. É um direito natural de todo ser humano. É absurda a idéia de que uma minoria pode tirar isso de todos."

Talvez Cardozo possa nos convencer de que os suíços estão errados e os petistas, certos.
Cartaz contra desarmamento na Suíça: "Monopólio de armas para criminosos? Não"

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