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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mentalidade tacanha atribui aumentos do álcool aos produtores e fabricantes de veículos "flex"

Por Klauber Cristofen Pires

Uma das figuras de expressão impressionantes que já li foi a de Henry George, autor do livro Protection or Free Trade (NY, 1949), que comparou a sociedade a um touro amarrado a um poste pelo focinho. Tentando alcançar a relva fresca e abundante que o rodeia, passa fome por se enroscar cada vez mais à corda que o ata à estaca, mantendo-se assim cada vez mais preso a ela.

O touro representa o vigor potencial  da sociedade, que com sua enorme capacidade de trabalho pode gerar riqueza e prosperidade para todos, mas que por sua mentalidade tacanha só o que faz é aprisionar-se cada vez mais, a ponto de passar fome, mesmo em meio à esplêndida abundância que a rodeia.

Creio que nenhuma imagem poderia traduzir melhor a infeliz matéria que reproduzo logo abaixo, extraída do site do jornal O Diário do Pará, de Belém, a qual chega a propor que a culpa pelos recentes aumentos sucessivos do álcool automotivo deve ser atribuída aos usineiros e que o governo deveria se interpor no mercado para regular os preços.

Os interlocutores da reportagem merecem um troféu pelas estultices dignas da maior inversão de raciocínio lógico já operada em seres humanos. Antonio Gramsci deve estar mais feliz do que pinto no lixo! Agora imaginem culpar os usineiros e os fabricantes de carros "flex" pelos aumentos de preços, logo justamente os primeiros que possibilitaram a retomada da produção alcooleira depois do fracasso do programa Pro-Álcool, por meio de um processo de produção totalmente privada e que conquistou sucesso internacional?

" - Por favor, Dona Raposa, a Sra poderia cuidar dos meus pintinhos enquanto eu vou às compras?" Nosso povo povo viciado em governo nem se dá conta que os agricultores amazônicos (bem como, em menor parte, de outras regiões) foram proibidos de plantar cana-de-açúcar para não melindrar as suscetibilidades do Sr Fidel Castro e das ong's ambientalistas, e que fazem falta agora que o mesmo governo está pagando o triplo pelo litro importado de etanol aguado norte-americano. (Àgua é combustível?).  Será que deu para entender agora por que o álcool anda tão caro?

De fato, tem havido uma pressão internacional demandando mais produção de açúcar, e como o preço deste é mais convidativo, certamente há de orientar a produção em detrimento da oferta de álcool. Mas, e daí? Que há de errado nisto? Será que devemos proibir as pessoas de comprar açúcar para que nos sobre mais álcool?  Ou será que devemos limitar as exportações de açúcar e de álcool?

Vejam como não há nada, absolutamente, que o governo possa fazer de modo a realmente resolver a questão, isto é, prover o mercado consumidor com mais álcool. Todas as outras pseudo-soluções, exaustivamente tentadas no passado com relação a outros bens de consumo - que o digam os fiscais do Sarney - passaram por medidas restritivas e só o que trouxeram foram desequilíbrios ainda maiores do que os que visavam combater.

Será que o governo há de fazer brotar álcool de seus decretos, resoluções, portarias e instruções normativas? Ora o governo já há muito intervém no mercado, e o faz proibindo o uso do diesel e nos oferecendo a gasolina mais cara, adulterada e sindicalizada que o mundo já viu. O governo também intervém no mercado fazendo do petróleo seu monopólio, a proibir qualquer cidadão de furar seu chão e assim oferecer seu líquido negro mais barato, da mesma forma como apreende qualquer carro movido a um combustível qualquer que não esteja "homologado". O cantor Raul Seixas já tinha pescado este peixe faz um bom tempo:
 Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Tem que ser selado, registrado, carimbado
Avaliado, rotulado se quiser voar!
Se quiser voar....
Pra Lua: a taxa é alta,
Pro Sol: identidade
Mas já pro seu foguete viajar pelo universo
É preciso meu carimbo dando o sim,
Sim, sim, sim.


Tratando-se, pois de um produto vegetal, é mais que normal que ocorram períodos de entresafra, e que o preço varie em função das colheitas. Ademais , é  o lucro que proporciona aos usineiros e agricultores os incrementos em investimentos e os incentivos para produzirem cada vez mais. Antes deles, não havia álcool nenhum. Não fossem os empecilhos criados pelo próprio governo, somados aos excorchantes impostos com que nos exaure as forças, teríamos uma oferta de álcool a um preço muito mais acessível, ou qualquer outra solução tecnológica e comercialmente viável.

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Litro do álcool pode chegar a R$ 3


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Até o mês passado o analista de sistemas Cláudio Ferreira, 31 anos, gastava por mês cerca de R$ 350 em combustível. Mas agora as contas mudaram depois do aumento de 11% do álcool. “Acho que vou chegar a gastar uns R$ 500 de combustível, mesmo meu carro sendo flex. Eu costumo colocar R$ 20 às segundas, quartas e sextas; já nos finais de semana eu abasteço com R$ 30. Mas agora o gasto vai ser bem maior”.

Para driblar o custo alto, Cláudio pretende limitar o uso do automóvel. “Eu pretendo evitar sair de carro aos finais de semana e me limitar a usar somente para trabalhar. Moro quase em Icoaraci e trabalho na avenida Presidente Vargas. É nesse longo percurso que gasto a maior parte do combustível”.

Para a pedagoga Mara Gonçalves, uma das saídas é parar de dar carona aos amigos de trabalho. “Eu não me importo de dar carona, até para aquelas que moram um pouco fora da minha rota, mas depois desse aumento, eu vou pedir uma colaboração, caso contrário vai ficar pesado para o meu bolso”.

O aumento no combustível começou a ser praticado desde a última segunda-feira. Segundo pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 80% dos postos de combustíveis de Belém o preço do álcool vem subindo desde novembro, quando começa o período da entressafra da cana de açúcar.

DEMANDA

“Na entressafra a produção não consegue suportar a demanda e quem controla o preço não é o governo e sim os usineiros que valorizam o que produzem. Outro fator que também é responsável pela subida do preço é a grande quantidade de carros flex que começaram a entrar no mercado desde 2010. Os consumidores que têm esse tipo de veículo acharam que poderiam economizar mais usando o álcool. Essa demanda ajudou na escalada do preço até da gasolina que tem 20% de álcool em sua composição. Então se sobe o álcool sobe de alguma forma a gasolina”, explicou o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena.

Em novembro, o litro do álcool era encontrado nos postos da capital em torno de R$ 2,044, em janeiro 2,108 e agora, segundo o Dieese, o consumidor pode encontrar de R$ 2,271 até R$ 3. “Essa média tende a permanecer ou crescer até maio, quando acaba a entressafra. Porém, o que chama atenção é que quando o combustível sobe, o outros produtos, principalmente os da cesta básica, tendem a subir também”. (Diário do Pará)


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