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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sangue sobre a neve: um clássico do relativismo cultural


Sexo livre, aborto, eutanásia e assassinato são apresentados só como valores diferentes.
Por Klauber Cristofen Pires


Se você é estudante do ensino médio ou superior, provavelmente em algum momento lhe foi ou será exibido em sala de aula o filme “Sangue sobre a neve” (1960), ou no original, The Savage Innocents, sob a direção de Nicholas Ray e com o estrelato do consagradíssimo ator Antony Quinn, no papel do esquimó Inuk.
A película tornou-se um ícone da exaltação do relativismo cultural para os cursos de ciências sociais, sobretudo os de Sociologia e Antropologia, e onde mais pertençam como disciplinas complementares, como é o caso do curso de Direito.
Com um pouco de treino na arte de conduzir uma argumentação tendenciosa e contando com a ignorância crédula e previamente adubada nos anos escolares anteriores por parte da maior parte dos alunos, o professor militante gramscista terá logrado mais um dia ganho no seu afã de conquistar as almas para a sua causa, fazendo deles novos agentes de transformação social, aptos a desprezarem os valores da cultura em que vivem para adorar absolutamente qualquer outra como modelo, inclusive e especialmente as que permitem os excessos mais animalescos sem culpa, como o sexo sem amor nem responsabilidade, o infanticídio e a eutanásia.
Durante a primeira metade do filme, ou mais propriamente, durante o primeiro ato, o diretor Nicholas Ray abusa em prover sua obra de ficção de uma estética pretensamente documentarista, inclusive com a inserção de trechos narrativos que comprometem o envolvimento do público com o caráter subjetivo dos personagens.
Nesta fase, os esquimós são apresentados como um povo ingênuo - até o ponto de simplesmente não saberem mentir (?) - e são relatados seus modos de vida, tais como o costume de oferecer a esposa aos visitantes, as suas técnicas de caça e de pesca, e as divisões de tarefas, entre as quais a das mulheres de mastigarem o couro da caça para o fabrico de roupas e cobertores. Em tempo, a vida de uma mulher depende basicamente de conseguir preservar seus dentes, pois as banguelas são deixadas à morte por inanição. Mas claro, isto é algo perfeitamente natural...
São dignas de ressaltar as cenas em que a sogra do protagonista principal ensina à sua filha como deve matar seu nenê primogênito caso nasça menina, bem como a que se entrega ela própria à saciedade de um faminto urso, deixada para trás pela família por sua própria ordem, para que se cumpra – mui poeticamente - o ciclo da vida.
O drama realmente começa quando um padre ocidental os visita e é morto por Inuk por ter recusado a sua esposa em ato de hospitalidade, segundo a tradição dos esquimós. Não que tivesse a intenção de matá-lo, senão que o sacudiu violentamente, fazendo sua cabeça bater várias vezes contra a parede de gelo de seu iglu.
O argumento dessa cena – a meu ver, um tanto forçado - é a de que Inuk apenas queria perguntar ao padre sobre o motivo de sua recusa e sobre o que ele falava acerca do pecado, tendo sua morte resultado meramente dos seus modos toscos, como já havia feito antes em uma cena preparativa com outro esquimó amigo seu.
Mais adiante, em entremeio à sua busca pelos policiais, desenrola-se um segundo conflito pseudomoralista, um dos primeiros de apelo ambientalista no cinema, no qual se comparam as técnicas de caça primitivas dos esquimós com as armas de fogo, já começando a ser adquiridas por gente do seu povo. Trata-se aqui da denúncia do corrompimento do bom selvagem pela ganância capitalista.
A certa altura, Inuk é alcançado e lhe é dada a voz de prisão, mas ele não entende a razão por ser procurado e acusado, já que segundo o próprio, o fatídico acontecimento já havia ocorrido “há muito tempo”. No caminho em direção à cidade dos brancos, onde será julgado e cumprirá pena, um dos dois policiais morre de hipotermia por ter quebrado com seu peso uma fina camada de gelo, enquanto o personagem de Quinn impede que o segundo policial tente salvar o parceiro, adiantando-lhe que seu amigo já está condenado à morte. Esta cena também carrega em suas tintas um certo quê de darwinismo, a reforçar a mensagem do relativismo cultural e o choque de civilizações.
Ainda no caminho rumo ao vilarejo, o segundo policial também sofre com as agruras do clima ártico, sendo socorrido por seu prisioneiro, até que enfim, às proximidades do vilarejo, e confuso por suas contradições, decide libertá-lo.
Acendam-se as luzes e vamos aos comentários:
Certamente, ao lidarmos com uma cultura diferente e até então desconhecida, havemos de receber com certo grau inicial de condescendência os hábitos que nos parecem mais estranhos. É inevitável o choque cultural, como o filme pretendeu demonstrar, bem como também são inimputáveis os esquimós por atos que reputamos entre nós como sendo crimes, tão somente pelo fato de que eles não participaram do processo legislativo da civilização alienígena que alcançou as suas terras.
Entretanto, nota-se aí mesmo uma forçada na barra, porque pode ter havido conflitos de semelhante natureza entre brancos e esquimós na vida real, mas tais confrontos, com seus erros e acertos, foram sendo dirimidos aos poucos no decorrer do processo de convivência e aculturação. Ademais e sobretudo, não deve significar para nós mesmos que os costumes de povos mais primitivos sejam recebidos como alternativas válidas de organização social. 
Na sociedade ocidental atual, não há hoje governo de qualquer democracia respeitável que proponha responsabilizar alguém reconhecidamente selvagem por um crime. Muito pelo contrário, no Brasil mesmo, a voga é pela inimputabilidade exagerada por delitos praticados por índios muito bem aculturados que já bem poderiam responder por seus atos.
Ademais, o filme relata com indiferente frieza o assassinato das meninas primogênitas recém-nascidas e dos velhos e doentes que são deixados à própria sorte. Faz isto num tom reconhecivelmente proposital, com o objetivo de censurar nos corações dos espectadores a indignação, como a exigir-lhes não só a compreensão para com o povo primitivo por ser primitivo, mas sim a aceitação plena de um costume que valorativamente não é por si pior nem melhor, mas apenas diferente.
Na verdade, digo mais, trata-se de um “diferente para melhor”; basta nos deparamos com a simpatia da esquerda para com o aborto e a eutanásia como políticas públicas consideradas eficazes no combate à criminalidade, ao desemprego, ao crescimento da população e à proliferação de raças consideradas inferiores ou comunidades com históricos de dissidências. Portanto, plantar na alma dos estudantes o sentido utilitarista das práticas esquimós tem sido bastante proveitoso.
No entanto, se conhecermos os esquimós de hoje, tomaremos ciência de que eles vivem em boas casas, transportam-se em snowcars, usam armas de fogo e consomem coisas como vegetais, remédios, roupas e tv's.
Isto por si só significa que o modo de vida dos seus ancestrais de modo algum pode ser considerado como uma escolha cultural. Só quem pode dizer que exerce uma escolha é aquele que tem à sua mão mais de uma alternativa. A verdade é que os esquimós viviam muito mal, em parte por causa da falta de comércio com outras civilizações, haja vista que muitos bens são produzidos com recursos que lhes eram inacessíveis, e também em boa parte por causa de suas próprias superstições.
Não se trata, portanto, de uma mera diferença de hábitos. Esta coisa de ser entregue voluntariamente ao apetite de uma fera não tem nada a ver com tradição nem com um alegado apego à doutrina do ciclo da vida, mas sim uma solução desesperada de quem não sabia como fazer melhor. Que bom que fosse assim com muitos dos ambientalistas de hoje. Mas quê! Estes são os primeiros a atarem-se à vida boa! Roupa de algodão cru, bicicleta e xixi no banheiro são coisas para os otários a quem enganam! 

3 comentários:

  1. ESTE FILME FOI INDICADO POR UM PROFESSOR DE SOCIOLOGIA POR ESTE MOTIVO GOSTARIA DE ASSISTI-LO GOSTEI DA SINOPSE DO FILME.

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  2. Bom saber que o filme tem conotação gramcista, não assisti, mas provavelmente não tenha perdido um bom espetáculo, sempre achei muito estranho esse exagero de choque cultural, agora fico sabendo que tem finalidade esquerdista, eles são capazes de tudo para impingir nos outros essa maldita cleptopatia!

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  3. mas, gente, quanta porcaria num texto só! hahaha não acredito que uma pessoa que diz que estuda e é pensadora escreve uma coisa dessas... só chorando mesmo, porque tem tanta gente que lê e é induzida e essa monte porcaria

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