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terça-feira, 20 de março de 2012

Uma palavra contra a eutanásia


O aborto e a eutanásia promoverão uma verdadeira mudança psicológica na civilização, pois esta perderá mesmo o próprio sentido da vida. Imaginem a tragédia!
Por Klauber Cristofen Pires


Depois que o Sr Bispo de Guarulhos, Dom Luiz Bergonzini, afirmou com sabedoria e justiça (e ao meu ver, já passada a hora....) que a PUCSP não deve aceitar entre o seu corpo docente - e também o discente – aqueles que defendam posições contrárias ao credo cristão e católico, o Dr Leonardo Sakamoto escreveu mais um de seus artigos repletos de estultices e inverdades camufladas de boas intenções, no qual já começa a confundir o leitor pelo próprio título: “A Cibercensura da Santa Inquisição e a liberdade de blogar
Não vou perder tempo nas linhas que seguem para analisar suas besteiras, evidentes para qualquer pessoa honesta e com bom juízo, mas apenas vou destacar a galhofa (“Santa Inquisição”) com que o “douto” militante marxista trata o bispo, que afinal de contas, vejam, lá, é o seu patrão. Ademais, o japonês cujos cabelos devem ter se tornado encaracolados por excesso de exposição ao sol mente com o brilho do óleo de peroba que lhe lustra a face, pois Dom Luís Bergonzini jamais teceu algum comentário sobre sua liberdade de blogar. O que fez, sim, foi recomendar à PUC que professores defensores do aborto e da eutanásia, bem como de outras posições contrárias ao credo católico devem ser demitidos. Oras, nada mais justo! O que os petistas achariam, por exemplo, de se manter Roberto Campos na Escola Nacional Florestan Fernandes?
Feitas as considerações introdutórias, venho oferecer minha opinião a respeito da eutanásia, já amplamente defendida pela agenda do que os petistas e seus satélites, tendo o Sr Sakamoto como seu ganso de coleira, chamam de “direitos humanos”. Mas atenção: não vou usar o argumento de autoridade da minha fé! Vou, sim, recorrer a uma alegação de ordem bastante prática e como queiram os materialistas, racional.
Em nenhuma civilização como a ocidental, de tradição judaico-cristã, houve um desenvolvimento tão díspar das outras sociedades quanto à descoberta de remédios, técnicas cirúrgicas e de tratamento, bem como de equipamentos criados para salvar vidas e prover não só uma maior longevidade, mas um alongamento da vida com saúde e qualidade de vida.
Os índios, esses matam as criancinhas logo que percebem nelas qualquer sinal de má-formação. Há tribos que cultivam o suicídio durante a juventude, pois temem a velhice como um tormento. Os esquimós também matavam as primogênitas e largavam à inanição os velhos que já não podiam acompanhar o clã. As mulheres esquimós, então, já eram entregues às feras assim que seus dentes já se mostravam imprestáveis para mastigar o couro dos animais, para confeccionar cordas e vestimentas. Mesmo em sociedades um pouco mais adiantadas, a medicina avançou até certo ponto considerado “viável”.
Nas sociedades totalitárias comunistas, a medicina tem a sua demanda controlada pelo estado. De acordo com a doutrina coletivista da qual o Sr Sakamoto se faz empolgado porta-voz, o ser humano não passa de uma engrenagem dentro da máquina social, de modo que, se se mostra defeituosa, cumpre-se que seja logo substituída. Não há motivo para se gastar mais com um indivíduo do que ele pode contribuir para o estado. Portanto, os velhos e doentes crônicos, dos quais já não se espera que sejam devolvidos ao trabalho, são merecedores do conceito de “direitos humanos” que por lá vigem...
No magnífico filme “Sunshine – o despertar de um século”, que recomendo efusivamente aos leitores assistirem, há justamente uma cena em que a mãe do protagonista principal, velha e doente, nega-se a usar o sobrenome “Sors”, adotado pela família, e insiste em ser registrada como “Sonnenshein”, seu sobrenome original, denunciando assim sua origem judaica, em plena Hungria tomada pelo nazismo. É então que o seu filho compreende que a verá viva ali na maca pela última vez antes de os médicos a levarem...
Se a indústria farmacêutica, os médicos e os fabricantes de próteses, marca-passos e outros inventos se viram permanentemente incentivados a investir quantias gigantescas de recursos em pesquisa, tantas vezes durante períodos que ultrapassaram as décadas, a única razão para tanto é que a sociedade cristã lhes forneceu a perseverança, a demanda e o patrocínio, por força da intransigente moral em defesa da vida até o último momento.
Quando pessoas levianas como Sakamoto falam de “encutar o sofrimento” de pacientes terminais, eles agem à maneira daquele que ao ver alguém pendurado num precipício pelas unhas agarradas às ranhuras da rocha, considera mais acertado pisar-lhe as mãos do que arranjar um jeito de puxá-lo para cima. Com efeito, é muito mais cômodo...
Foi pela perseverança pela vida que os nossos antepassados nos legaram os remédios e meios que hoje nos permitem desfrutar a vida com muita saúde aos cinquenta, ao sessenta e até aos setenta anos. Cumpre-nos então ratificar nossa aposta até o último dia, para que nossa sociedade adiante para mais longe ainda a morte para os nossos filhos.
Se o Sr Sakamoto e os demais defensores da eutanásia fossem honestos, deixar-se-iam entregar à eutanásia já nos primeiros sinais de necessitarem o atendimento eficaz com as técnicas avançadas criadas pela civilização cristã ocidental e capitalista que tanto odeiam. Nem sequer um comprimido para controlar a pressão! Quem tenham um AVC e ao se virem de todo entrevados, recebam, ato contínuo, uma injeção letal, ministrada, claro, com muito humanismo.
Prezados leitores: a defesa da eutanásia é um canto da sereia para as almas preguiçosas. A elas parece um ato de compaixão assassinar alguém com a prepotência de julgar que não lhe resta salvação. Trata-se de um engodo. A medicina tem hoje como aliviar razoavelmente o sofrimento com remédios analgésicos, até o último suspiro. No entanto, desde o primeiro ato legalizado de eutanásia, cada vez mais aparacerão casos que se distanciam mais e mais da extrema necessidade lá no início alegada, e sendo o governo o administrador soberano da saúde, basta-lhe muito pouco para atirar à morte qualquer um cujo tratamento ultrapasse um determinado orçamento.
Mesmo quem recomende a eutanásia para si mesmo comete um ato de insanidade e de violência: eutanásia é descarte, e o ser humano não existe para ser descartado, mas sim acolhido pelos seus entes queridos. Quão mais suave e humana é a morte amparada nos braços de alguém, as mãos dadas, sob a vigília dos que amam! Pense bem: na sua hora, você vai querer ser descartado abruptamente ou vai preferir esperar seus olhos se fecharem em paz e amor?



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