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sábado, 6 de dezembro de 2014

O "PAC" do Marajó também "empacou"


Em 06 de dezembro de 2007, o então presidente Lula da Silva, em visita oficial à Breves/PA, a maior cidade do arquipélago marajoara,  anunciou o Plano Social de Registro Civil e Documentação Básica e entrega de títulos de cessão de uso de terras para populações ribeirinhas. 

Anunciou, também, investimentos que fazem parte de um projeto para as cidades da região, o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó (aqui).  

A “espinha dorsal” do plano seria a construção de uma grande infraestrutura (energia, portos e rodovias) para consolidar a integração dos municípios da região marajoara. 

Com investimentos anunciados em quase R$ 2 bilhões, a promessa era de que finalmente se criaram as condições para o surgimento de uma economia regional sólida, sustentável, e que pudesse levar a região à prosperidade.

Hoje, porém, passados exatos sete anos daquela euforia e da onda de ufanismos, salvo algumas politicas paliativas (e insustentáveis) e da construção de uma linha de transmissão de energia que até hoje funciona de forma precária, praticamente nada de concreto foi iniciado na região. 

O que se vê hoje na Ilha de Marajó é uma revolução de empregos de “colarinho verde” e inúmeros empreendimentos voltados à “captação” de verbas públicas, seja do funcionalismo público, aposentados, beneficiários do bolsa-família, seja da contratação de empresas para “tocar” pequenas obras, uma situação até previsível após as exigências do Governo Federal em relação à extração seletiva de madeira, que era a principal atividade econômica da região.

A vegetação que vem cobrindo os antigos parques industriais marcam o fim do ciclo madeireiro (por asfixia, diga-se de passagem), enquanto as politicas ambientais do Governo Federal desencorajam os investimentos na região, que continua a ser não apenas a detentora dos piores indicadores sociais do país, como também é a região mais assolada por doenças tropicais como a  malária.

Caso um dia o projeto saia totalmente do papel, será a primeira ocupação efetiva da região e sua efetiva integração ao restante do Brasil, atuando em diversas áreas como educação, saúde, agricultura, pecuária e turismo. Mas hoje, porém, para os marajoaras, o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó tem sido mais um discurso político. 

"O plano está parado. Diria que ele não foi prioritário na pauta do governo. O plano tem futuro, mas só quando seu objetivo for o bem comum, e não de pequenos grupos", disparou a irmã Yulis Jordan, representante do bispo do Marajó no grupo gestor do plano.

Orlando Miranda

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