terça-feira, 7 de abril de 2015




Nas nações que decidiram enfrentar com sinceridade o desafio de progredirem, as faculdades foram ocupadas pelos excelentes, e eles desenvolveram tecnologia e melhorias de gestão que criaram empregos de maior valor agregado para os seus compatriotas menos preparados.

Findas as olimpíadas, os brasileiros estão a resmungar nos botecos, entre goles  de chopp e mordiscadas em chochas batatas fritas, sobre o presumivelmente eterno fiasco dos nossos atletas. Quanta incoerência! Para tudo o mais, se um título justo merecemos, é o de honra ao demérito, por prestigiarmos a anticompetitividade a todo custo!
Abaixo a competição! Abaixo a concorrência! Jamais os brasileiros têm aplaudido tanto a incompetência quanto nos dias atuais: são as cotas para negros e para alunos da rede pública; as cotas de emprego para deficientes (e, em breve, também para negros e egressos do sistema público de ensino); o bizarro e mundialmente único projeto de emenda constitucional para garantir reserva de mercado a jornalistas diplomados;  as ordens profissionais, inclusive a OAB (esta já havia garantido seu lugar no texto original da Constituição) e os conselhos de classe; as cotas para mulheres na política; a legislação trabalhista que garante empregos a determinadas  profissões; o transporte coletivo, em todas as suas modalidades; a produção e refino de petróleo; os privilégios para micro e pequenas empresas vencerem licitações públicas; as leis municipais que proíbem instalação de grandes supermercados em bairros para garantir a sobrevida das antigas casas de secos e molhados; e por aí vamos, sem solução de continuidade...
Chegamos até mesmo ao cúmulo de erigir um peculiar status de super-órgão a uma entidade, o Cade, que a pretexto justamente de defender a concorrência, existe, sim, é para defender a permanência dos  concorrentes (às custas, especialmente, dos consumidores).
Pode-se afirmar que no Brasil de hoje não haja brasileiro que não se valha de pelo menos um grupo de pressão a associar-se ao estado para lograr privilégios para si às custas dos seus compatriotas. Não, tais pessoas simplesmente não existem. Se alguns se arrostam à audácia de colocar a cabeça acima da linha d'água, serão implacavelmente perseguidos pelo aparato monopolístico de repressão e coerção conhecido como estado. 
Eis como exemplos as famílias que têm lutado para educar seus filhos em casa, caçadas furiosamente pelos burocratas do Ministério da Educação; eis os donos de vans, tratados todos os dias como "Genis" do transporte público, para que o monopólio das linhas de ônibus regulares prossiga em paz com a sua ineficiência;  eis os pobres cidadãos que disponibilizaram seus roteadores de internet aos vizinhos, impiedosamente punidos pela Anatel com pesadas multas; eis os cidadãos que ousam se defender dos bandidos e meliantes com qualquer troço enferrujado a que se dê o nome de arma de fogo! Parou? Isto não é nem o começo!
O grande problema da concessão dos privilégios é que a política fidalguista - chamemo-na assim - por definição, é inerentemente excludente, já que a soma de todos os privilégios, se fossem todos cumpríveis, ultrapassaria 100% da cota de direito que naturalmente seria atribuída a cada um. Desta forma, ou as medidas governamentais por ela inspirada anulam-se mutualmente, porque A obtém benefícios extravagantes em detrimento de B e vice-versa, ou necessariamente haverão de produzir os descontentamentos para quem somente sobrou o fardo a carregar. 
O Brasil é uma sociedade de trincheiras, estas representadas por cotas, monopólios, reservas legais, atribuições exclusivas e que tais. Quanto pior, melhor. Quanto mais imbecil, ineficaz, ineficiente, negligente e imperito, tanto mais capacitado a ocupar posições de relevo em cargos de direção de repartições públicas, empresas estatais e empresas privadas oligopolizadas pelo regime nazista vigente.
O Jornal Nacional do dia 16 último levou ao ar uma reportagem retratando que a maioria absoluta das grandes empresas está "investindo" em cursos de capacitação para que seus profissionais possam ao menos adquirir a capacidade de realizar as tarefas mais básicas com algum nível mínimo e aceitável de desempenho. Investindo? Uma ova! Estão é tendo de arcar com despesas para prover os seus empregados com que o sistema estatal de ensino deixou de fazer, no que pese a colossalíssima estrutura do ministério da educação e das secretarias de educação estaduais e municipais, com todas as suas diretrizes, filosofias e demais mugangas. E os empregos de maior nível, estes estão vagos ou sendo preenchidos por estrangeiros.
Está aí a prova cabal, no melhor estilo brazuca de promoção, isto é, "pague 2, leve 1", de que no final é a educação livre o que conta, e que os diplomas que certificam os longos e fatídicos anos perdidos em claustrofóbicas salas de aula não servem de nada aos estudantes.
Nas nações que decidiram enfrentar com sinceridade o desafio de progredirem, as faculdades foram ocupadas pelos excelentes, e eles desenvolveram tecnologia e melhorias de gestão que criaram empregos de maior valor agregado para os seus compatriotas menos preparados. Bom, é para isto mesmo que existem tais instituições. É uma peculiaridade que no Brasil, sirvam, se tanto, como uma espécie de título nobiliárquico ou ainda menos, como um comprimido para a depressão provocada pela falta de estima pessoal, estimulada que foi pela cultura coitadista das esquerdas.


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Matéria também publicada no Mídia Sem Máscara em agosto de 2012

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