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quarta-feira, 24 de junho de 2015

A Lógica da Mandioca.  Ou: O Samba da Presidenta Doida

A mistura da soberba com a ignorância costuma ser explosiva.  Lembrei-me deste dito clássico hoje, ao ler mais um discurso da inevitável senhora de todos os púlpitos, locatária compulsória dos ouvidos alheios, pulverizando as próprias marcas anteriores e estabelecendo um novo recorde na produção de disparates. Eis um resumo, direto do site de Veja:
Em um discurso durante a cerimônia de lançamento dos Primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff divertiu a plateia com seus improvisos. Cinco meses depois de sancionar o Dia do Milho, Dilma aproveitou para saudar a mandioca. “Nós temos a mandioca e estamos comungando a mandioca com o milho. Estou saudando a mandioca. Uma das maiores conquistas do Brasil“, afirmou a presidente, filosofando acerca de um dos principais alimentos indígenas, depois de lembrar que “nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação”. “E aqui nós temos uma, como também os índios e indígenas americanos têm a deles“. Na sequência, Dilma falou sobre uma bola que segurava ao longo do discurso, um presente que recebeu antes do evento. “Aqui tem uma bola que eu passei o tempo inteiro testando e que vai durar o tempo que for necessário. Ela vem de longe, da Nova Zelândia. Essa bola é um exemplo, extremamente leve. Eu testei, fiz embaixadinha”, afirmou a presidente. “A importância da bola é justamente o símbolo da capacidade que nos distingue como ‘nós somos do gênero humano, da espécie sapiens’“, prosseguiu. Enquanto tratava da importância de celebrar o esporte – uma atividade que tem “um fim em si”, segundo a petista – Dilma emendou: “Para mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola, nós nos transformamos em homo sapiens, ou mulheres sapiens“.
Não me refiro mais às agressões ao idioma de Camões e Machado, coisa já sem importância nessa Pindorama total e irreversivelmente imbecilizada. Falo de coisas muitíssimo mais profundas e preocupantes, principalmente quando vindas de alguém com o poder que detém a Presidente da República.  Dizem os especialistas que a forma de falar espelha a forma de pensar dos indivíduos.  Lula, por exemplo, comete freqüentes erros de concordância, mas sua fala costuma ter coerência, suas idéias são concatenadas.  Trata-se que alguém que pensa de forma organizada, malgrado algumas bobagens históricas, oriundas da falta de estudo, como aquela famosa estultice segundo a qual a Terra é redonda e gira, portanto, devemos nos preocupar com a poluição chinesa.
Já com a vossa “presidenta”, a “rainha dos anacolutos”, como a definiu Reinaldo Azevedo, a coisa é muito mais complicada.  Malgrado seja dona de um diploma de pós-graduação em economia, não raro é praticamente impossível interpretar suas falas de improviso e, quando, depois de muito esforço, logramos algum êxito, o que sobra é um festival de disparates, capazes de fazer corar até mesmo seus adversários políticos e ideológicos.  Leiam, por exemplo, o que ela disse, ano passado, a estudantes do ensino fundamental, num discurso proferido na solenidade de premiação da 9ª Olimpíada de Matemática:
“Nós somos um país excepcional. Nós somos 201 milhões de brasileiros. É pouco, pouco para o tamanho do território. Vocês olham só a Índia e a China, uma tem 1,3 bilhão pessoas, a outra tem 1… Um trilhão, aliás, não é? Não, é um bilhão, 1 bilhão e 850 mil, que é a Índia. Cinquenta milhões, obrigada, estamos ótimos hoje. Aí, o que acontece? É dificílimo um país com esse volume populacional, é dificílimo. Vocês só imaginam que é cinco vezes o Brasil, é complicado”.
 E aí, nós estamos aqui numa situação estratégica, por quê? Porque a matemática, ela tem um poder muito interessante. Ela é a base de todas as ciências, ou seja, a matemática pode ser usada em todas as áreas da ciência. Pode também… é um elemento fundamental para que nós tenhamos capacidade e melhor condição de usar isso que nos distingue, que é o conhecimento e que é a aplicação da lógica e de todos os recursos que a matemática pode trazer para o país.”
Meu Deus!  Ela ainda tem a coragem de falar de lógica…
Certamente, quando Sérgio Porto criou o “Samba do Crioulo Doido”, jamais poderia pensar que um personagem semelhante chegasse um dia a presidir o Brasil. Noves fora a imensa vergonha de ter como maior mandatária do país alguém capaz de discursos tão rasos e sem sentido como esses, é extremamente preocupante pensar que as decisões sobre problemas importantíssimos para os destinos de todos nós estão entregues nas mãos dela… Que Deus nos acuda!

Sobre o autor

João Luiz Mauad
Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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