O primeiro contato com a liberdade: um relato pessoal
Sempre tive apreço às liberdades civis. Nunca entendi o porquê de terceiros intervirem em aspectos e escolhas individuais dos outros.
Nunca fui defensor de restrições às liberdades econômicas, vale dizer. Mas também nunca tinha tido acesso a elas, então tendia ao senso comum. Ainda não compreendia os malefícios do intervencionismo. Era certo que “a crise de 29 era uma falha do capitalismo”[1]. “A injeção de crédito promovida em 2008 nos salvou da crise causada pelo estouro da bolha imobiliária americana, fruto do capitalismo desenfreado”[2]. O estado agia através de “agências reguladoras para nos proteger de carteis”[3][4].
Enfim. Certo dia de 2013 um professor[5] me convidou para ir ao Fórum Liberdade e Democracia de Vitória. “Você vai gostar”, ele disse.
Era a primeira edição do evento no Espírito Santo, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã[6]. Eu não sabia do que se tratava.
O evento foi aberto com uma fala inspiradora de Eduardo Campos. Havia o governador lá. Havia diversos prefeitos lá. Infelizmente, porém, nenhum deles ficou até o final do evento, que certamente mudou a vida de muitas pessoas naquela tarde.
As falas de Paulo Guedes e Rodrigo Constantino tiveram um efeito em mim tal como o sentido por uma criança ao ver um mágico revelando os segredos de um truque a qual você havia passado a vida toda acreditando como mágica.
Eles defendiam posições que se mostravam não apenas mais adequadas, mas que me fizeram perceber que eu não era livre como achava que era. A partir daí “liberdade” passou a ter outra conotação para mim.
Após isso, um empresário, Felipe Cavalieri, mostrou as dificuldades de se empreender no país. Ter uma empresa era como ter uma namorada e sua família não gostar dela. A sua família intolerante é o estado, fruto de medidas e ideias aplicadas as quais eu sempre acreditei estarem corretas. Os resultados delas eram contraditórios.
Entendi por que o Brasil, definitivamente, não era o país do futuro. Era como um admirável mundo novo descoberto por mim.
Naquela noite eu pesquisei sobre os palestrantes e passei a ler inúmeros artigos produzidos por eles diariamente a partir de então. Em seguida, descobri o Instituto Liberal e o Instituto Mises Brasil. Mises cujas obras passei a ler. Daí em seguida vieram FA Hayek, Sowell, Friedman, Rothbard, Jesus Huerta, entre outros.
Enquanto isso, o PL do Março Civil estava prestes a ser aprovado. Curioso, fui ler seu conteúdo. Enquanto todos o elogiavam, eu percebi quão autoritário era aquele projeto de lei.
Publiquei meu primeiro artigo de opinião com posicionamentos liberais tentando fazer um alerta a respeito. Foi o mais lido do dia na JusBrasil[7]. Logo passei a escrever para o Instituto Liberal[8].
Conheci uns meses mais tarde os Estudantes Pela Liberdade, que começavam a se articular no Espírito Santo, e vi aí que outras pessoas precisavam conhecer as ideias da liberdade e a organização tinha a estrutura ideal para que isso fosse promovido.
Percebi que a partir da compreensão dessas ideias se tornava mais que uma responsabilidade, uma obrigação, ajudar – um pouco que fosse – a difundir e fomentar as ideias da liberdade para outras pessoas que ainda não tinham acesso a elas.
Hoje, percebo que meu amor pela liberdade é tamanho que, ainda que o livre mercado fosse menos “eficiente” que o planejamento central, continuaria preferindo minha liberdade à coerção. Felizmente, não preciso fazer uma escolha: a escola de Viena me ensinou que eu poderia ter o melhor entre dois mundos[9].
[1]Em America’s Great Depression Murray Rothbard refuta a tese. Disponível em: http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=76.
[2] Relação de artigos sobre: http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=8
[3] Não, não ajuda não: www.mises.org.br/Article.aspx?id=1210
[4] Definitivamente não: www.youtube.com/watch?v=jkdKLm42w0w
[5] Muito obrigado, Rafael.
[6] www.lideresdoamanha.org.br.
[7] http://luansperandio.jusbrasil.com.br/artigos/117151793/o-marco-civil-da-internet-e-o-medo-do-amanha.
[8] http://www.institutoliberal.org.br/autor/luan-sperandio.
[9] A reflexão foi baseada na obra de Ron Paul “Mises e a Escola Austríaca. Uma visão pessoal”.
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