sábado, 17 de outubro de 2015

O país dos recalcados

Duas notícias isoladas e de pouco destaque na imprensa merecem maior atenção nossa, pois retratam com perfeição o grau de recalque a que chegamos como nação. O PT é o símbolo maior disso, com seu eterno discurso de vitimização contra as “elites”, enaltecendo tudo que não presta contra aquilo que tem valor, que é melhor, superior.
A primeira notícia é esta:
Um raríssimo e até onde se tem notícia, único exemplar no Brasil, do esportivo inglês Ultima GTR, que não tinha culpa nenhuma, foi apedrejado em um caminhão plataforma durante uma manifestação, ontem, 15, na zona sul de São Paulo. 
Feita de fibra de vidro reforçada com plástico (GRP), a carroceria foi avariada com as pedradas e também uma das entradas de ar laterais que alimentam o motor V8 Chevrolet que pode ser preparado para entregar entre 300 e 1.000 cv.
[…]
Mascarados que estavam em meio a professores que exigiam melhores condições de trabalho e a não redução das salas de aulas e escolas estaduais, além de apedrejarem o carro tentaram invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, mas foram contido pela Polícia.
GT apedrejado
A segunda é esta:
Alunos do Santo Inácio estão tirando a camisa com o emblema do colégio para andar nas imediações da escola, em Botafogo. Os ladrões que agem por ali já avisaram a uma das vítimas recentes que têm como foco “os playboys uniformizados”. Os estudantes passaram a mostrar a camisa no portão, para só colocá-la quando estiverem lá dentro.

santo inacio
A que ponto chegamos, minha gente? No filme “À procura da felicidade”, com Will Smith e inspirado em história real, um vendedor humilde se aproxima de um cara com uma Ferrari e pergunta: “Ei, o que eu preciso fazer para conseguir uma igual?” Notem a diferença gritante: nos Estados Unidos, o sonho é também conquistar o sucesso material, pois os ricos empreendedores são admirados.
No Brasil, o sucesso é uma ofensa. O país dos recalcados não tolera os que se destacaram, os que conseguem mais riqueza. Em parte, pela obtenção de riqueza estar associada, com alguma razão, a esquemas ilegítimos, e não à meritocracia. Afinal, muitos ficam ricos por causa da “amizade com o rei”, da aproximação com o governo. Basta ver os filhos de Lula, hoje milionários.
Mas boa parte da explicação é mesmo a cultura da inveja, a mentalidade marxista de que riqueza é um jogo de soma zero, logo, o rico só é rico porque explorou o pobre. Essa baboseira é transmitida aos alunos na mais tenra idade por “professores” que agem como militantes, doutrinando suas pobres vítimas.
Atacar moral e intelectualmente o sucesso já é algo podre, típico de gente recalcada. Mas o Brasil anda tão ruim depois de mais de uma década de PT no poder que estão atacando fisicamente mesmo tudo aquilo que representa o sucesso individual. Um carrão apedrejado por mascarados é a imagem da barbárie, o ápice do recalcado que, incapaz de produzir riqueza, pretende destruí-la.

SOBRE O AUTOR

Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Presidente do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium (IMIL) e colunista da Veja. Rodrigo Constantino atua no setor financeiro desde 1997. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), com MBA de Finanças pelo IBMEC, Constantino é colunista de importantes meios de comunicação brasileiros como os jornais “Valor Econômico” e “O Globo”. Conquistou o Prêmio Libertas no XXII Fórum da Liberdade, realizado em 2009. Tem vários livros publicados, entre eles: "Privatize Já!" e "Esquerda Caviar".

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