Retrato fiel de Belém, do Pará e
da Amazônia
Por Armando Soares
O
jornal Estado de São Paulo realizou um excelente trabalho com a finalidade de
mostrar a realidade da cidade de Belém, do Pará e da Amazônia que os jornais
locais, talvez envergonhados com tanta pobreza e atraso, não deram valor e nada
publicaram prejudicando o conhecimento dos paraenses de uma realidade grotesca
que vem perseguindo a região, particularmente os moradores de Belém, que ao que
parece, por terem o cacoete de não reagir, se acostumaram a conviver junto com
o atraso, a pobreza e a incompetência de administradores que eleitos para
melhorar as condições de vida de Belém e do Pará pouco fizeram priorizando
apenas seus interesses políticos e pessoais. O não fazer nada durante anos e
anos para mudar o atual cenário degradante imposto aos paraenses os
administradores públicos e políticos transformaram Belém, que já foi orgulho
dos paraenses e elogiados em todos os cantos da Europa numa cidade aleijão,
empobrecida e sem sustentação econômica.
De
acordo com o jornal Estadão um terço da população das grandes e médias cidades
da Amazônia vive em territórios do tráfico e com violações de direitos humanos.
Nas periferias da maior floresta tropical, a qualidade de vida é pior que nos
morros e nas favelas de Rio Janeiro e São Paulo. A realidade na Região Norte
mostrada pelo jornal paulista mostra máfias que desviam cartões da Bolsa
Família e da Previdência, grupos que manipulam relatórios de vacina e
mortalidade infantil e milícias que tomam o espaço dos antigos pistoleiros.
Diante do aumento do êxodo provocado por políticas públicas, a fronteira e a
mata perdem moradores e os assassinatos de sem-teto nas periferias superam
homicídios por disputas de terra. Em defesa de seus direitos, uma nova geração
de lideranças sociais desafia poderes paralelos nos centros urbanos amazônicos.
A
região vive sob o impacto do crime, fúria e ódio extremos nos estados que estão
inseridos na Amazônia que vive sob o impacto da explosão da violência urbana de
morros, subúrbios e periferias de Rio de Janeiro e São Paulo dos anos 1980, a
“década perdida”. Hoje, 37,4% da população das 62 cidades com mais de 50 mil
habitantes da Região Norte mora em áreas ocupadas pelo tráfico de drogas, em
que a reportagem do jornal teve de pedir autorização para entrar.
A
Amazônia envolvida sobre o manto prisioneiro do aparato ambientalista, seu povo
dá mais importância para o celular do que da melhoria de vida, pouco se
importando com o que o governo mundial impõe para a vida dos amazônidas. A Amazônia que gerou discursos acalorados
sobre uma possível internacionalização de seu território é hoje uma “colcha” de
áreas onde o Estado brasileiro não entra com seus agentes de segurança, muito
menos com os profissionais de saúde e educação. Com muita propriedade o
jornal destaca que ao contrário dos que temiam nacionalistas e militares, o
território proibido não foi fechado por governos estrangeiros, mas pelos
pequenos poderes internos. Por sua dimensão, a floresta resistiu em boa medida
e continua de pé em muitos trechos. O homem que vive nela, porém, está sem
assistência. A briga na Amazônia por direitos garantidos há décadas nas outras
partes do País continua.
Dados
colhidos pelo jornal assustam. A ausência de uma rede de proteção social forte
da sociedade civil e do poder público torna as favelas amazônicas – conhecidas
por baixadas, quebradas e invasões – mais distantes dos setores produtivos e
empregos que as ocupações urbanas de regiões desenvolvidas do País. As mortes
por armas de fogo registradas no Mapa da Violência 2015 não deixam dúvida: a
Região Norte teve um aumento de 135,7% nos homicídios de 2002 a 2012, período
em que Rio e São Paulo, no Sudeste, apresentaram quedas superiores a 50%. O
estudo foi elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz em parceria com a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
com dados do Ministério da Saúde. O sistema de produção baseado nas grandes
obras de infraestrutura, que rendem empregos em massa, mas temporários, e das
commodities da pecuária, da mineração e da soja não garantiu uma economia
inclusiva. O mercado de trabalho não cresce no automático em volta dos
projetos. Por outro lado, os programas federais de distribuição de renda por
meio de transferências diretas nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff, que transformaram para melhor o sertão nordestino, não atendem à
complexa realidade amazônica, o que prova que a política governamental dirigida
ao nordeste é puramente eleitoreira.
Sem
valor e rigidez de uma pesquisa acadêmica ou oficial, esse levantamento é
apenas uma sugestão de análise sobre o que ocorre em Manaus, Belém, Ananindeua,
Porto Velho, Macapá e Rio Branco, para citar as seis cidades com mais de 400
mil moradores. Em Marabá, de 243 mil pessoas, foi constatado que o tráfico está
presente na vida de 43% da população.
Com
243 mil moradores em 2010, segundo o Censo, e perto de 300 mil hoje, na
estimativa da prefeitura, Marabá é dividida por gangues e traficantes. Nos
cemitérios onde famílias de guerrilheiros procuram pistas dos túmulos dos
filhos, as datas nas cruzes primitivas das sepulturas indicam que é cada vez
maior o número de jovens de 14 a 21 anos mortos nas periferias.
Jurunas,
segundo o jornal é o porto do tráfico na Amazônia. O complexo de comunidades da Baixada Estrada
Nova Jurunas, quinta maior favela do País, na zona sul de Belém, avança pelas
margens e cursos de igarapés e rios que desembocam na Baía de Guajará. O
tráfico usa a posição estratégica do cinturão de casebres onde moram 53 mil
pessoas para receber e distribuir a cocaína, o crack e a maconha que chegam e
saem em embarcações de diferentes tipos e tamanhos pelos milhares de cais fora
de controle da Marinha. Num dos braços da favela, um paredão de barracos
margeia um canal de esgoto e entra quase um quilômetro Rio Guamá adentro. Os
casebres são erguidos em forma de palafita, sobre troncos de madeira a três
metros do espelho de água escura. As paredes costumam ser de tábua, lona ou
mesmo tijolo. Uma tubulação clandestina de água tratada passa por baixo das
moradias, com aberturas controladas. Da bica, a água é puxada por baldes
amarrados em cordas. Os fios de energia elétrica passam quase encostados aos
telhados. Uma casa pegou fogo há dois meses. O incêndio devorou outros três
barracos até ser controlado pelos moradores. Não houve mortos. Dados do último
Censo mostram que 66% da população da região metropolitana de Belém vivem em
favelas. O termo mais difundido em outras regiões do País para definir moradias
em situação precária é menos conhecido no Pará. São nas “invasões” e
“baixadas”, termos mais populares, que mora a maior parte dos habitantes da
capital paraense. O tráfico controla boa parte do cinturão de favelas composto
por “invasões” e bairros de Estrada Nova e Jurunas, um conjunto de comunidades
formadas sem planejamento. Nascidas na calada da noite, as invasões do Jurunas
recebeu o nome de Vila da Paz. “Não tinha nome. Aqui sempre foi conhecido mesmo
pelos corpos que os outros vêm deixar, pelas turmas que entram no mato
segurando alguém e saem só com a arma na mão. A comunidade também vive o temor
de um despejo. Há pouco tempo, a prefeitura retirou moradores de uma invasão
próxima.
O
índice de qualidade de vida nas ruas centrais de Terra Firme é de 0.691, um IDH
confortável na realidade das cidades brasileiras. Aqui, as ruas são asfaltadas
e calçadas e as casas e comércios, de alvenaria. Quando você segue pela
Ligação, uma rua movimentada que também costuma servir de referência na
distribuição territorial do tráfico, o índice possivelmente cai. Surge então um
labirinto de casebres sobre canais e igarapés do complexo desses dois rios. A
ocupação se intensificou após o último Censo. A polícia não entra em situações
de rotina ou com pequenos efetivos. A entrada de estranhos é controlada pelos
homens que comandam o comércio de armas e drogas ilegais.
Terceiro
município mais populoso da Amazônia, Ananindeua tem hoje 499 mil moradores. A
cidade surgiu como um dormitório de Belém, que está a menos de 20 quilômetros
de distância. Na margem da rodovia BR-316 surgiram, nos anos 1970 e 1980, as
invasões Pará, Amapá, Amazonas e Roraima. Na década seguinte, o governo
estadual iniciou um processo de urbanização chamado PAAR, uma sigla com as
iniciais de cada uma das áreas ocupadas. Ao longo dos últimos, o PAAR
transformou-se num labirinto de novos bairros e invasões. Um deles é o
Curuçambá, onde está a Escola Príncipe da Paz. O poder do tráfico é fragmentado
na região. Grupos de traficantes dividem cada espaço da região. O PAAR é área
de redistribuição para Belém e, ao mesmo tempo, consumo. Uma volta pelos becos
e ruas paralelas ou perpendiculares à BR-010 revela locais onde jovens e
adultos fumam crack e cheiram cocaína à luz do dia, à vista de quem passa. O
poder público praticamente está ausente do trabalho de prevenção e tratamento
de usuários de drogas em Ananindeua. Pela cidade, no entanto, há tentativas
isoladas de reação ao problema. “O tráfico tem caminho livre" ,
substituindo a fraca economia do município.
No
Pará, dado a covardia e inoperância do governo, os invasores de propriedades
produtivas atuam com total liberdade. Atualmente,
existem 140 fazendas ocupadas por movimentos diversos de sem-terra. Cerca de 14
mil a 15 mil famílias moram em barracas de lona e palha à beira das estradas
que cortam a região. Um dos problemas da região é a “inoperância” do INCRA
e a “lentidão” da Justiça.
O
porão da política esconde muita verdade desconhecida do povo paraense que se
viesse à tona explicaria a razão do fraco desempenho das administrações
públicas. A submissão de nossos políticos e administradores aos interesses das
grandes potências se expressa de forma explicita ou subconscientemente. Os
donos do dinheiro e os donos do poder estão ligados entre si desde a construção
de impérios. Os grupos econômicos poderosos agem no sentido de preservar e
ampliar sua influência. As organizações formadas por eles mudam o tempo todo.
Entretanto, suas raízes e rastros podem ser descobertos. O ambientalismo, por
exemplo, é hoje um dos tentáculos dessas organizações que agem no sentido de
controlar totalmente a Amazônia, o que influencia as decisões e programas de
governo do Pará e seus municípios. O dinheiro está acima de qualquer poder e
comanda as ações no mundo inteiro. A prova dessa verdade está registrada na
história mostrando os Rockefellers financiando a máquina de guerra e a expansão
econômica de Hitler. Portanto, acorrentar a Amazônia em nossos dias com a
quantidade de dinheiro dos poderosos é uma coisa fácil e sem muito esforço, mormente
quando se conhece a qualidade moral dos políticos paraenses.
Muita coisa
ruim existe no Pará, em Belém e na Amazônia regiões que estão sob o controle
dos negócios do aparato ambientalista que não deixam a região se desenvolver
para manter o território amazônico enfraquecido economicamente estratégia para
facilitar o controle de suas riquezas, o grande objetivo do governo mundial e
dos poderosos. Esse cenário ridículo e deprimente exposto leva-nos a afirmar
que a Amazônia não passa de região sujeita a saque, discriminação e quintal do
Brasil e de estrangeiros, sem nenhuma reação dos brasileiros.
Armando Soares – economista
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