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sábado, 26 de março de 2016

Retrato fiel de Belém, do Pará e da Amazônia

Por Armando Soares

                O jornal Estado de São Paulo realizou um excelente trabalho com a finalidade de mostrar a realidade da cidade de Belém, do Pará e da Amazônia que os jornais locais, talvez envergonhados com tanta pobreza e atraso, não deram valor e nada publicaram prejudicando o conhecimento dos paraenses de uma realidade grotesca que vem perseguindo a região, particularmente os moradores de Belém, que ao que parece, por terem o cacoete de não reagir, se acostumaram a conviver junto com o atraso, a pobreza e a incompetência de administradores que eleitos para melhorar as condições de vida de Belém e do Pará pouco fizeram priorizando apenas seus interesses políticos e pessoais. O não fazer nada durante anos e anos para mudar o atual cenário degradante imposto aos paraenses os administradores públicos e políticos transformaram Belém, que já foi orgulho dos paraenses e elogiados em todos os cantos da Europa numa cidade aleijão, empobrecida e sem sustentação econômica.

                De acordo com o jornal Estadão um terço da população das grandes e médias cidades da Amazônia vive em territórios do tráfico e com violações de direitos humanos. Nas periferias da maior floresta tropical, a qualidade de vida é pior que nos morros e nas favelas de Rio Janeiro e São Paulo. A realidade na Região Norte mostrada pelo jornal paulista mostra máfias que desviam cartões da Bolsa Família e da Previdência, grupos que manipulam relatórios de vacina e mortalidade infantil e milícias que tomam o espaço dos antigos pistoleiros. Diante do aumento do êxodo provocado por políticas públicas, a fronteira e a mata perdem moradores e os assassinatos de sem-teto nas periferias superam homicídios por disputas de terra. Em defesa de seus direitos, uma nova geração de lideranças sociais desafia poderes paralelos nos centros urbanos amazônicos.



                A região vive sob o impacto do crime, fúria e ódio extremos nos estados que estão inseridos na Amazônia que vive sob o impacto da explosão da violência urbana de morros, subúrbios e periferias de Rio de Janeiro e São Paulo dos anos 1980, a “década perdida”. Hoje, 37,4% da população das 62 cidades com mais de 50 mil habitantes da Região Norte mora em áreas ocupadas pelo tráfico de drogas, em que a reportagem do jornal teve de pedir autorização para entrar.

                A Amazônia envolvida sobre o manto prisioneiro do aparato ambientalista, seu povo dá mais importância para o celular do que da melhoria de vida, pouco se importando com o que o governo mundial impõe para a vida dos amazônidas. A Amazônia que gerou discursos acalorados sobre uma possível internacionalização de seu território é hoje uma “colcha” de áreas onde o Estado brasileiro não entra com seus agentes de segurança, muito menos com os profissionais de saúde e educação. Com muita propriedade o jornal destaca que ao contrário dos que temiam nacionalistas e militares, o território proibido não foi fechado por governos estrangeiros, mas pelos pequenos poderes internos. Por sua dimensão, a floresta resistiu em boa medida e continua de pé em muitos trechos. O homem que vive nela, porém, está sem assistência. A briga na Amazônia por direitos garantidos há décadas nas outras partes do País continua.

                Dados colhidos pelo jornal assustam. A ausência de uma rede de proteção social forte da sociedade civil e do poder público torna as favelas amazônicas – conhecidas por baixadas, quebradas e invasões – mais distantes dos setores produtivos e empregos que as ocupações urbanas de regiões desenvolvidas do País. As mortes por armas de fogo registradas no Mapa da Violência 2015 não deixam dúvida: a Região Norte teve um aumento de 135,7% nos homicídios de 2002 a 2012, período em que Rio e São Paulo, no Sudeste, apresentaram quedas superiores a 50%. O estudo foi elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com dados do Ministério da Saúde. O sistema de produção baseado nas grandes obras de infraestrutura, que rendem empregos em massa, mas temporários, e das commodities da pecuária, da mineração e da soja não garantiu uma economia inclusiva. O mercado de trabalho não cresce no automático em volta dos projetos. Por outro lado, os programas federais de distribuição de renda por meio de transferências diretas nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que transformaram para melhor o sertão nordestino, não atendem à complexa realidade amazônica, o que prova que a política governamental dirigida ao nordeste é puramente eleitoreira.

                Sem valor e rigidez de uma pesquisa acadêmica ou oficial, esse levantamento é apenas uma sugestão de análise sobre o que ocorre em Manaus, Belém, Ananindeua, Porto Velho, Macapá e Rio Branco, para citar as seis cidades com mais de 400 mil moradores. Em Marabá, de 243 mil pessoas, foi constatado que o tráfico está presente na vida de 43% da população.

                Com 243 mil moradores em 2010, segundo o Censo, e perto de 300 mil hoje, na estimativa da prefeitura, Marabá é dividida por gangues e traficantes. Nos cemitérios onde famílias de guerrilheiros procuram pistas dos túmulos dos filhos, as datas nas cruzes primitivas das sepulturas indicam que é cada vez maior o número de jovens de 14 a 21 anos mortos nas periferias.


                Jurunas, segundo o jornal é o porto do tráfico na Amazônia.  O complexo de comunidades da Baixada Estrada Nova Jurunas, quinta maior favela do País, na zona sul de Belém, avança pelas margens e cursos de igarapés e rios que desembocam na Baía de Guajará. O tráfico usa a posição estratégica do cinturão de casebres onde moram 53 mil pessoas para receber e distribuir a cocaína, o crack e a maconha que chegam e saem em embarcações de diferentes tipos e tamanhos pelos milhares de cais fora de controle da Marinha. Num dos braços da favela, um paredão de barracos margeia um canal de esgoto e entra quase um quilômetro Rio Guamá adentro. Os casebres são erguidos em forma de palafita, sobre troncos de madeira a três metros do espelho de água escura. As paredes costumam ser de tábua, lona ou mesmo tijolo. Uma tubulação clandestina de água tratada passa por baixo das moradias, com aberturas controladas. Da bica, a água é puxada por baldes amarrados em cordas. Os fios de energia elétrica passam quase encostados aos telhados. Uma casa pegou fogo há dois meses. O incêndio devorou outros três barracos até ser controlado pelos moradores. Não houve mortos. Dados do último Censo mostram que 66% da população da região metropolitana de Belém vivem em favelas. O termo mais difundido em outras regiões do País para definir moradias em situação precária é menos conhecido no Pará. São nas “invasões” e “baixadas”, termos mais populares, que mora a maior parte dos habitantes da capital paraense. O tráfico controla boa parte do cinturão de favelas composto por “invasões” e bairros de Estrada Nova e Jurunas, um conjunto de comunidades formadas sem planejamento. Nascidas na calada da noite, as invasões do Jurunas recebeu o nome de Vila da Paz. “Não tinha nome. Aqui sempre foi conhecido mesmo pelos corpos que os outros vêm deixar, pelas turmas que entram no mato segurando alguém e saem só com a arma na mão. A comunidade também vive o temor de um despejo. Há pouco tempo, a prefeitura retirou moradores de uma invasão próxima. 

                O índice de qualidade de vida nas ruas centrais de Terra Firme é de 0.691, um IDH confortável na realidade das cidades brasileiras. Aqui, as ruas são asfaltadas e calçadas e as casas e comércios, de alvenaria. Quando você segue pela Ligação, uma rua movimentada que também costuma servir de referência na distribuição territorial do tráfico, o índice possivelmente cai. Surge então um labirinto de casebres sobre canais e igarapés do complexo desses dois rios. A ocupação se intensificou após o último Censo. A polícia não entra em situações de rotina ou com pequenos efetivos. A entrada de estranhos é controlada pelos homens que comandam o comércio de armas e drogas ilegais.

                Terceiro município mais populoso da Amazônia, Ananindeua tem hoje 499 mil moradores. A cidade surgiu como um dormitório de Belém, que está a menos de 20 quilômetros de distância. Na margem da rodovia BR-316 surgiram, nos anos 1970 e 1980, as invasões Pará, Amapá, Amazonas e Roraima. Na década seguinte, o governo estadual iniciou um processo de urbanização chamado PAAR, uma sigla com as iniciais de cada uma das áreas ocupadas. Ao longo dos últimos, o PAAR transformou-se num labirinto de novos bairros e invasões. Um deles é o Curuçambá, onde está a Escola Príncipe da Paz. O poder do tráfico é fragmentado na região. Grupos de traficantes dividem cada espaço da região. O PAAR é área de redistribuição para Belém e, ao mesmo tempo, consumo. Uma volta pelos becos e ruas paralelas ou perpendiculares à BR-010 revela locais onde jovens e adultos fumam crack e cheiram cocaína à luz do dia, à vista de quem passa. O poder público praticamente está ausente do trabalho de prevenção e tratamento de usuários de drogas em Ananindeua. Pela cidade, no entanto, há tentativas isoladas de reação ao problema. “O tráfico tem caminho livre" , substituindo a fraca economia do município.


                No Pará, dado a covardia e inoperância do governo, os invasores de propriedades produtivas atuam com total liberdade. Atualmente, existem 140 fazendas ocupadas por movimentos diversos de sem-terra. Cerca de 14 mil a 15 mil famílias moram em barracas de lona e palha à beira das estradas que cortam a região. Um dos problemas da região é a “inoperância” do INCRA e a “lentidão” da Justiça.
               
                O porão da política esconde muita verdade desconhecida do povo paraense que se viesse à tona explicaria a razão do fraco desempenho das administrações públicas. A submissão de nossos políticos e administradores aos interesses das grandes potências se expressa de forma explicita ou subconscientemente. Os donos do dinheiro e os donos do poder estão ligados entre si desde a construção de impérios. Os grupos econômicos poderosos agem no sentido de preservar e ampliar sua influência. As organizações formadas por eles mudam o tempo todo. Entretanto, suas raízes e rastros podem ser descobertos. O ambientalismo, por exemplo, é hoje um dos tentáculos dessas organizações que agem no sentido de controlar totalmente a Amazônia, o que influencia as decisões e programas de governo do Pará e seus municípios. O dinheiro está acima de qualquer poder e comanda as ações no mundo inteiro. A prova dessa verdade está registrada na história mostrando os Rockefellers financiando a máquina de guerra e a expansão econômica de Hitler. Portanto, acorrentar a Amazônia em nossos dias com a quantidade de dinheiro dos poderosos é uma coisa fácil e sem muito esforço, mormente quando se conhece a qualidade moral dos políticos paraenses.

Muita coisa ruim existe no Pará, em Belém e na Amazônia regiões que estão sob o controle dos negócios do aparato ambientalista que não deixam a região se desenvolver para manter o território amazônico enfraquecido economicamente estratégia para facilitar o controle de suas riquezas, o grande objetivo do governo mundial e dos poderosos. Esse cenário ridículo e deprimente exposto leva-nos a afirmar que a Amazônia não passa de região sujeita a saque, discriminação e quintal do Brasil e de estrangeiros, sem nenhuma reação dos brasileiros.

Armando Soares – economista



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