segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fidel quase destruiu o mundo.
- O meu testemunho - 

Por Ivan Lima

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Em 1962 eu era um garoto. Estudava num colégio chamado Nossa Senhora de Nazaré. Era propriedade de duas professoras. Neuza e Benvinda. Ficava na residência delas e construído em amplo anexo a casa. Tudo estava situado num terreno com árvores frutíferas. Lá existia um inesquecível pé de araçá-boi. Quando caia um fruto o mundo estremecia, tal o peso e tamanho da delícia que se apresentava apenas para a dispensa das duas e, vez por outra, para poucos privilegiados, o fruto já divinamente processado em doce e compotas. Minhas professoras Neuza e Benvinda eram excelências na arte de ensinar. Austeras quase sempre, disciplinadas sempre. E bem humoradas quando o momento era leve, em festejos raros, nos finais de ano ou algum outro momento especial. Na sala da casa havia um piano onde as duas, em momentos especiais, executavam peças de autores clássicos, num recital ao vivo, que completava o meu encantamento musical com o que tinha em casa com o gramofone e os discos de vinil em 78 rpm dos meus pais. E as minhas professoras, Neuza e Benvinda, aquelas criaturas de luz, eram fervorosamente católicas.

Num determinado dia desse ano, 1962, cheguei ao colégio, e encontrei as duas sentadas, cercadas por pais, todos em pranto. Algo de muito terrível certamente havia acontecido. Ouvi de um colega, que apenas ciciava e tremia, que o mundo estava para acabar em fogo. Lembro do rádio ligado, noticiando incessantemente algo que não compreendia dada a transmissão ruim da época e o som de choro. Notei que já haviam velas acessas no belo oratório da casa. Naquela época em assuntos de adultos, menores eram convenientemente mantidos à distância. Fomos para casa, eu e minha mãe. E só algum tempo depois, e devido à forma lúcida e equilibrada com que meus pais me criavam, vim a saber do que se tratava. O mundo estava prestes a ter uma guerra atômica. Mães e alunos passaram a ir ao colégio orar com as professoras. As casas todas se transformaram em centros de orações. As igrejas lotavam. As missas se sucediam. A rotina havia se transformado em medo constante. O mundo podia acabar em fogo por uma guerra nuclear.

Bem centrados, e esperançosos no melhor, meus pais procuravam me manter ocupado com estudos, leituras, musica, e seus teatrinhos e brincadeiras que encenavam em casa, vez por outra. Mas mesmo assim, lembro, que em casa, nas ruas, na cidade, - Belém - havia algo de sombrio e medonho que pairava no ar e estava presente nos olhares dos adultos. Na sua fala contida. Num pesadelo que não se escondia quando se dormia mas fazia-se terrível realidade. Sim, foram dias de pesadelo para o mundo. Um pesadelo de que só vim a compreender a brutal extensão e terror com que perseguiu aqueles dias bem mais tarde. 

O mundo quase fora dizimado em uma guerra atômica por causa de Fidel Castro que assentiu que os Soviéticos estivessem estocando e armando misseis atômicos em Cuba, na cara dos EUA, para destruí-los conforme vontade do genocida caribenho. 

Karl Popper, Frederik Hayek, e outros autores pela liberdade e contra o obscurantismo, a miséria e a escravidão ideológica do comunismo, refletem em algumas de suas obras, que a luta entre o bem e o mal talvez nunca cesse. Angustia. Sobretudo quando se sabe que o mesmo sol que dá vida a sensatos e produtivos abriga igualmente mentes permanentemente revoltadas contra a razão, a liberdade e a  paz. 

Espero viver o suficiente para dar o meu testemunho dessa história a meu neto, hoje com apenas três anos. Mas se não der, já há gente qualificada para fazê-lo. É preciso manter a cultura da luta pelo bem. A vida sem ela não tem sentido. 

Ivan Lima é editor de Libertatum. 
    

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