Contradição
velhaca
Por Armando Soares
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, portanto o governo
brasileiro publicou que o crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2015
(jan-março) foi de -0,2%, enquanto o da agropecuária foi +4,7%; a criação de
postos de trabalho (Fonte CAGED), janeiro a junho foi -278 mil, enquanto a do
setor agropecuário foi +31 mil. Como se pode admitir que um setor com esta
performance possa ser permanentemente perseguido na Amazônia, com destaque para
o Pará, por organismos ambientais federais, estaduais e municipais? A isso
chamamos contradição velhaca. Contradição porque demonstra por parte do governo
total incoerência de ações que vão contra os interesses do país. Contradição
por se tratar de um desequilíbrio de comportamento nocivo inexplicável, ou
explicável se o objetivo do governo é implodir células produtivas
agropecuárias, verdade que impediria o desenvolvimento do Pará e o equilíbrio
fiscal. Porque perseguir um setor que sustenta o PIB e o emprego com medidas
ambientais nocivas diante de numa crise econômica e social inédita no Brasil?
Loucura, incompetência ou grandes interesses econômicos escondidos atrás da
máscara ambientalista? O governo está diante de uma encruzilhada que explica a
causa principal de seus problemas econômicos. Se apoiar o setor agropecuário
que vem sustentado o PIB e o emprego, deixa de contribuir para os ganhos dos
negócios ambientais; se impõe travas ambientais mata a célula agropecuária e
com ela a economia do Estado. A realidade é que a opção do governo é matar a
célula agropecuária e não tem como sustentar seus gastos e investimentos, o que
leva a pedir permanentemente socorro à União e a empréstimos que oneram os
cofres públicos provocando mais aumentos de impostos e taxas. Com uma mão o
governo exige sacrifícios da sociedade para regular seu caixa e favorecer os
negócios ambientais, com outra mão quer destruir o setor agropecuário o
alicerce que resta para sustentar a economia, verdadeiro samba de crioulo
doido, um comportamento de insensatos ou loucos por dinheiro.
A luta do Brasil é contra o mal,
contra a sombra que oculta à verdade. Luta contra a foice e o martelo. Luta
contra a corrupção, o roubo. Luta contra a hipocrisia de estender a mão para
pedir esmolas, que significa ser sustentado pelo Estado comunista. Luta contra
o coletivismo nocivo retrógado. Luta contra o ambientalismo mercantilista
cínico. Para manter essa podridão mercantilista ambiental o Pará, a Amazônia e
o Brasil estão pagando um preço altíssimo e sacrificial, expresso no subdesenvolvimento,
na perda de soberania e numa crise econômica cujas consequências econômicas e
sociais são mais trágicas do que a lama que destruiu parte de Minas Gerais,
tudo por responsabilidade do setor de meio ambiente que não atuou como devia
para evitar o desastre. Para perseguir quem produz alimentos e desenvolvimento
o setor ambiental tem eficiência, mas para prevenir catástrofes demonstra sua
incompetência.
Comparemos
com o Brasil de hoje o cenário que descreve um romano ilustre sobre a política:
“Os macios e pálidos senadores com suas togas colantes, comprando e vendendo em
suas bolsas de ações, depois de uma longa manhã nos banhos, recuperando-se de
uma noite de deboche e parcialmente restaurados por escravos hábeis que, com
mãos lubrificadas, faziam massagem em seus músculos frouxos! Comprando e
vendendo, - os cães gordos, - o que outros homens tinham dado a vida a fim de
obter para Roma, e sacudindo lenços perfumados diante do rosto, enquanto
regateavam e faziam lances, tentando cada qual ser mais esperto do que os
outros. ... Os parasitas, os Augustais, que entravam e saiam do Palatino, tão
aristocráticos como estátuas, com podridão em seus corpos e harpias nas mentes
e traição e assassínios em suas almas astuciosas! As liteiras douradas, os
moços escravos, tratados com mimos e mantidos com propósitos vergonhosos, a
rapina e a licenciosidade de uma sociedade que fora outrora disciplinada,
frugal, modesta e heroica, o lento desaparecimento de uma classe média sólida,
um desaparecimento deliberadamente planejado! A cidade resplandecente, a amante
do mundo, tornada um sumidouro de corrupção, traição, avidez, prazeres e
decadência, uma fedentina de imundície da qual flutuavam as febres, as loucuras
e as moléstias que estavam poluindo os
mais remotos pontos do Império! ... As turbas romanas, volúveis,
sanguissedentas, impiedosas, ávidas, providas de muitas línguas! Quando outrora
tinham vivido em sóbria e próspera cidadania, orgulhosas de seus antepassados
fundadores, zelosas de sua República, encontrando sua integral razão de ser no
trabalho, na família e em seus deuses, em seus lares tranquilos e nas sombras
de suas árvores, agora viviam como variegada e rapace canalha das ruas, prontas
a aclamar, prontas a matar, prontas a discutir e, da mesma forma, desprovidas
de senso, prontas a aplaudir, aglomeradas em casas de muitos andares que
pareciam desaguadouros, odiando o trabalho e preferindo mendigar, apelando
permanentemente para o Estado, afim de que ele as mantenha, bajulando políticos
vis que lhes davam vantagens e ameaçando os poucos homens honestos que se lhes
opunham, pelo bem de Roma, e mesmo para seu próprio bem, pedindo perpetuamente
pão e circo, procurando prazeres mesquinhos, adorando gladiadores estúpidos e
prestando culto ao maior corredor ou ator, ou discóbolo, como se fossem eles os
maiores homens, devorando, em sua ociosidade, as taxas esmagadoras impostas
sobre homens mais dignos, taxas destinadas a mantê-las, quando o mundo bem
poderia livrar-se delas pela fome ou pela pestilência – ah! As turbas romanas,
as malditas turbas, senhores e escravos adequados de seus patronos, de seus
políticos, dos arrecadadores de seus votos! Não era de admirar que houvesse tão
poucos bons artesãos, comerciantes, trabalhadores e construtores, em Roma. O
governo monstruoso sugava o fruto de seu labor sob a forma de taxas destinadas
a uma canalha vociferante, devoradora, ociosa, mantida pelo Estado. Que
importava ao homem da rua, ao homem objeto, de olhos exorbitados e boca aberta,
o ter ele destruído o esplendor de Roma, difamado seus deuses, atirado
excremento sobre as estátuas de seus antepassados? Não podia ele, agora,
uivando e marcando paredes durante a noite, ou não podia assistir a espetáculos
mais sangrentos no Circo Máximo? Os senhores valiam tanto quanto os escravos, e
os escravos eram bem dignos de seus senhores.”
E ainda
se afirma que a história não se repete. Se a história descrita acima sobre Roma
não é igual ao do Brasil atual, no mínimo se assemelha bastante. Basta que se
tenha cuidado para colocar no devido lugar dos romanos a turba petista, a turba
dos sem terra, a turba dos invasores de propriedades, os governantes, os
políticos com mandato, os juízes, os petistas que odeiam a classe média e tudo
fica igual. Turba mais Estado tirano ou do bem-estar mais corrupção mais pão e
circo mais Circo Máximo ou Estádio de futebol mais Carnaval mais mentira é
igual a desgoverno, a podridão moral e ética. A reversão desse cenário só no
médio e longo prazo se assim quiser o povo brasileiro. A reversão não será sem
dor ou sofrimento, tudo dependerá se a sociedade quiser transformar o Brasil de
uma republiqueta numa verdadeira República afastando toda a canalhada. Não se
pode construir uma nação com sanguessugas e com o maldito slogan “rouba, mas
faz”, uma das “tradições” da política brasileira. É o governante “rouba, mas
faz” que inexplicavelmente são os preferidos do povo. Quem assim pensa e age é
um idiota e imoral e responsável por todos os males brasileiros. Com esse
pensar idiota, o brasileiro tornou possível o PT tomar conta do poder e
estraçalhar o país transformando-o num grande meretrício político e
administrativo.
Armando Soares – economista
e-mail: teixeira.soares@uol.com.br
Soares é articulista de LIBERTATUM
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