Por Klauber Cristofen Pires
Um dos brinquedos mais bacanas que eu tive na infância foi um rifle de repetição a ar comprimido. O “Super-Tiro”, como era seu nome, era produzido pela Estrela e disparava um projétil de plástico, semelhante a uma minúscula peteca. Ele tinha um carregador lateral, e era alimentado por um puxar da empunhadeira. Com ele, também vinha um alvo, cujas “moscas” caíam quando acertadas pelos projéteis.
Um dos brinquedos mais bacanas que eu tive na infância foi um rifle de repetição a ar comprimido. O “Super-Tiro”, como era seu nome, era produzido pela Estrela e disparava um projétil de plástico, semelhante a uma minúscula peteca. Ele tinha um carregador lateral, e era alimentado por um puxar da empunhadeira. Com ele, também vinha um alvo, cujas “moscas” caíam quando acertadas pelos projéteis.
Eu, meus primos e meus amigos brincávamos a valer naquele tempo. Quase sempre com armas de brinquedo. Brincávamos de guerra, de polícia e ladrão e de faroeste. A bem dizer, nas nossas brincadeiras de criança, diga-se, sempre privilegiávamos o papel do soldado aliado (brasileiro ou americano que fosse) e principalmente, o da polícia (bem diferentemente do que ocorre hoje com estes videogames com jogos de lutadores de gangues de rua). De todos os que me acompanharam nestas atividades lúdicas, que eu saiba, não saiu nenhum assassino, ladrão, estuprador, matador de aluguel ou coisa parecida, para desgosto dos sociólogos, psicólogos, pedagogos e demais profissionais de plantão afins. Aliás, que eu me lembre, fora insetos e baratas, o único ser vivo que eu já matei até hoje foi uma galinha para o Natal, e ainda assim “paguei um mico” danado (eu estava com pena da bichinha e isto aumentou várias vezes o seu sofrimento, porque a execução demorou além da conta. “Tadinha”...).
Jamais aceitei o fato de o Super-Tiro ter sido retirado do mercado. (Gostaria até que, se alguém da Estrela ler este artigo, ou mesmo alguém que tenha sido um feliz dono de um exemplar - que se pronunciasse acerca da sua extinção). Era um produto de boa fabricação, inofensivo (o disparo não era mais forte do que um pequeno “peteleco”), divertido (porque reunia a família inteira – lembro-me dos campeonatos de tiro-ao-alvo que fazíamos), e a melhor notícia para qualquer pai, não usava pilhas!
Há alguns anos atrás, a mídia noticiou com estardalhaço o fato de um menino ter desfilado no dia sete de setembro como mascote de uma guarnição da polícia militar, à frente da tropa, uniformizado e, ora, pasmem, empunhando a arma padrão da corporação, se não me engano, uma submetralhadora ou algo assim! Na mente de quem se achava no dever não de informar, mas de servir-se como agente de transformação social, aquilo foi o fim do mundo, e o que era para ser motivo de orgulho de um pai, de seu filho por ele, da organização militar e por tabela, da sociedade, foi “vendido” ao público como a vergonha extrema.
Naquela época, a condenação total do acontecimento, sem nenhuma voz influente a discordar e proteger a corporação militar, jogou longe a tradição de prezarmos as nossas instituições incumbidas de zelar pela lei e pela ordem. Funcionou mais ou menos como o seguinte recado que a sociedade tivesse lhe dado: “- olha, Polícia Militar, você é somente um mal necessário, uma assassina legalizada que nós, cidadãos, pagamos a contragosto – e atendemos pela porta dos fundos”. Para o menino – e talvez também para seu pai, que era um dos policiais no desfile - deve ter sobrado o trauma e a frustração pela função que exercem. Que coisa, hein?
Na Receita Federal, os brinquedos apreendidos provenientes de descaminho (popularmente conhecido como contrabando) são encaminhados para destruição. Necessário dizer mais alguma coisa? Aliás, parece que as crianças hoje não brincam mais com armas de brinquedo – usam as de verdade, mesmo!
A este ponto chegou a paranóia dos militantes em favor da causa desarmamentista, vistos estes três pequenos exemplos, tirados a olho grosso. Que tivessem influenciado a Administração Pública (no caso dos brinquedos apreendidos) até que era coisa de aceitarmos, digamos, com aquela complacência protocolar; mas esta gente conseguiu interferir nas nossas vidas privadas, e especialmente no caso do menino que desfilou no sete de setembro, conseguiram produzir uma inversão de valores tal que somente muitos filmes com o “Capitão Nascimento” conseguirão – quem sabe - fazer com que passemos a dar o devido valor à polícia (isto, independentemente das suas falhas, o que é outra história).
É com isto que nós, brasileiros, temos de nos preocupar e abrir os nossos olhos. Por uma mera questão de opinião, que já se mostrou falsa de tudo quanto é jeito, estes grupos conseguiram impor a sua vontade sobre os nossos valores e nossas preferências. Conseguiram invadir as nossas vidas! Dali em diante, tornaram-se supercidadãos, e nós, algo como os “intocáveis” (não me refiro aos heróis do filme americano da década de 30, mas àquela casta indiana que, por estar abaixo de todas as demais, não usufruem quase nenhum direito e vive de esmolas e dos serviços mais sujos).
Caro Klauber
ResponderExcluir(...cigarrinho de chocolate é demais...Fui um usuário barra-pesada, mas confesso que hoje me parece meio demais, mesmo;;;por pouco não inventaram, à época, seringuinha-de-chocolate, soquinho inglês...[risos]...Agora tente explicar para essas novas gerações como éramos livres e felizes, como eles jamais serão, em plenos "terríveis anos de chumbo"...)
Parabéns pelo blog e pelos temas abordados; eu sempre leio teus artigos via Diego Casagrande, mas agora virei direto na fonte.
Quando puder, visite-me também (somos vizinhos de blogger)...
Abraços,
Stefano
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezado Klauber. Também tive um Rifle Super-Tiro e foi um dos brinquedos que mais divertiram minha infância. Para minha surpresa vi um exemplar desse maravilhoso brinquedo para venda na internet, com as fotos do rifle e sua coronha que, na época, imitava madeira com perfeição.
ResponderExcluirBons tempos aqueles!
Um forta abraço e cumprimentos pela nostálgica lembrança.
Edmar
ola klauber eu tenho apenhas 20 anos ^^ rere mas tenho um super tiro estrela ... porem como eu nunca vi funcionando nao sei como e e outra eu vi na internet um a venda por 140 reais nao sei se ainda esta avenda pq o anuncio e de 2008 ... o meu nao tem mas a luneta e nem aquela parte da frente q engatinha mas gosto bastante pq foi meu avo q me deu era dele e tals gostaria de consertar mas nao tenho menor noção de onde ver sou do rio de janeiro...
ResponderExcluirHehehe, por acaso esta semana resgatei ninha super tiro do fundo do armario. Tenho ela completa ate com o alvo (apenas uma parte da mira traseira estraviou pelos buracos negro da vida). Resgatei para brincar com meu filho. Se foi muito bom para mim tambem sera para ele. O unico problema seria a falta de balas, mas com a criatividade e pensando como providenciar, olhei para a minha bike de competição e associei o bico de plastico da camara com o tamanho da extinta bala de plastico. E apos algumas lixadas no local certo....funcionou perfeitamente....agora eh so lixar 20 bicos e voltar a brincadeira. Tai uma dica para quem ainda tem este brinquedo maravilhoso que nao tem que ficar em frente a uma tela. Abraço
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