CARTA ABERTA AO SENHOR RICARDO LEWANDOWSKI
Fico a refletir como um
elemento que jamais se submeteu a um concurso público da Magistratura, pode ser
conduzido ao órgão de cúpula do judiciário brasileiro e, mais ainda, vir a
presidi-lo. Tal fato, a meu sentir, constitui uma gritante incoerência do
legislador constituinte.
E no exercício da presidência
do STF, metendo debaixo dos pés a Constituição, transformar o poder daquela
Corte numa incubadora de inconstitucionalidades e substituir a força do Direito
pelo direito da força. Nesse passo, em completo abuso de autoridade ou em
demasia de poder, arrogar-se a tarefa de ir além de suas atribuições e ares de
querer garrotear a opinião pública, como se o país fosse um Califado e sob a
lei das rolhas, pudesse o seu governalho escravizar consciências.
Todos tomamos conhecimento do
ofício do Supremo á Polícia Federal, determinando a proibição da circulação
pelas cidades do país, do boneco Petrolowski, segundo versões da imprensa, uma
alusão á sua pessoa. Mas não pode o senhor, por conta daquela charge,
desbridar-se dos limites constitucionais do cargo de presidente do STF e
pretender, em tom de mando, a suspensão das garantias constitucionais
referentes á liberdade de opinião dos cidadãos.
Saiba que além de desestimado
pela população, o senhor não está sentado em um trono , não possui direitos
dinásticos e sob ondas impetuosas de prepotência, não pode submeter á sua
autoridade ou enfeixar nas mãos, os destinos dos brasileiros.
Não, senhor Lewandowski, ao
contrário deveria ser do seu conhecimento que uma das funções da Justiça, é
fazer da tolerância a fórmula conciliadora da última instancia do nosso ordenamento.
Seu espírito sequioso de mando, atrabiliário, vê-se, possui pouca inclinação á
indulgência com o caráter jocoso de nossa gente. Por conta de um boneco – o
Petrolowski – que evidencia o descontentamento da sociedade para com as
decisões do tribunal que provisoriamente o senhor preside, não lhe é permitido
o despotismo de querer soberanizar o cargo de presidente do STF e com império,
não admitir a reflexão da sociedade ao ponto de não poder sequer piar,
tornando-a um corpo sem alma.
O Brasil somos todos nós, não
os facínoras e os pusilânimes que desconstroem o porvir. No próximo Carnaval de
Olinda, haveremos de ver o Pixuleco, a Bandilma, o Toffoleco, o Petrolowski, o Teoridra e
muitos outros dançando.
Paulo de Tarso Mendes de
Souza*
Doutor em Ciências Jurídicas
e Sociais.
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