quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Qual o caminho??

Por Armando Soares

                Vou me valer da entrevista que o Armínio Fraga deu em 13 de novembro de 2016 ao jornal o Estadão sob o título ‘A máquina de crescimento quebrou’, para saber como pensam os monstros sagrados da economia e alertar os brasileiros para o tamanho do sacrifício que tem em seus ombros.

                Armínio Fraga Neto (Rio de Janeiro, 20 de julho de 1957) é um economista brasileiro, naturalizado norte-americano. Ex-presidente do Banco Central do Brasil e sócio-fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga é um dos economistas mais influentes do Brasil. Fraga é, ou já foi, membro de diversas organizações internacionais incluindo o Group of Thirty (Grupo dos Trinta), o Conselho Internacional do banco JP Morgan, o Conselho do China Investment Corporation, o Council on Foreign Relations (Conselho de Relações Internacionais), a Junta de Assessores ao Presidente do Foro de Estabilidade Financeira, a Junta Assessora de Pesquisas do Banco Mundial, o Diálogo Interamericano e a Junta de Diretores de Pro-Natura Estados Unidos. Em março de 1999, deixou a diretoria da Soros Fund Management para voltar ao Banco Central do Brasil, agora como presidente, durante o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. No mesmo ano, recebeu o prêmio de Economista do Ano, da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).


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Armínio Fraga

                Em se tratando de um economista com um currículo invejável é muito importante que a sociedade brasileira saiba sua opinião sobre o momento crítico em que atravessa o País, daí a opção em torno do seu nome para esclarecer um montão de dúvidas que com certeza está na cabeça das pessoas, e o que Armínio quis dizer com “A máquina de crescimento quebrou”.

                Perguntado pelo jornal inicialmente sobre as repercussões eleição de Trump, respondeu que falar sobre o assunto seria praticar um exercício de futurologia. O Brasil é um País endividado e necessariamente sofreria com uma expansão fiscal americana. A China, em sua opinião, em razão de sua expansão de crédito, uma espécie de bolha, iria sentir muito mais e poderia criar uma onda de pressões que vão se autoalimentar e repercutir em todo mundo. Esclarece que a saída de uma recessão profunda e violenta como a brasileira, produz projeções de crescimento móveis. Se olhado a questão da crise pelo lado do consumo as famílias estão endividadas e há desemprego o que cria uma grande insegurança. Em muitos setores, as empresas exibem capacidade ociosa e afirma que diante desse cenário não seria natural sair correndo para um novo ciclo de investimento. Adverte que sendo a infraestrutura o carro-chefe de uma recuperação, responde lentamente, porque tudo é difícil (é preciso fazer projetos, tirar licenças etc., enfrentar o, IBAMA, como sabemos, um obstáculo burro e ineficiente). O Brasil enfatiza o entrevistado, precisa de um ambiente que gere entusiasmo, que depende da confiança e que não vem facilmente, que não acontece apenas com a saída da ex-presidente (sabemos que são muitos os obstáculos para que os brasileiros tenham confiança nos políticos, nos governos, na justiça e nos burocratas). Estamos entrando, diz o entrevistado, num período de muito mais incerteza se referindo da política decorrente da operação Lava Jato que está abrindo delações antigas e novas e deverão afetar atores políticos da maior importância.

                Olhando para o mundo, alerta o economista, se depara com a eleição de Trump, Brexit (Brexit é a abreviação de Britain Exit, uma expressão inglesa que significa “Saída Britânica”, na tradução literal para o português. Este termo se refere ao plano que prevê a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).), Erdogan na Turquia (Recep Tayyip Erdoğan (Istambul, 26 de fevereiro de 1954) é um político turco, presidente da Turquia desde 28 de agosto de 2014, e anteriormente, entre 14 de março de 2003 e 28 de agosto de 2014, primeiro-ministro de seu país. É também o líder do Partido da Justiça e Desenvolvimento, em turco Adalet ve Kalkınma Partisi, normalmente referido como AK Parti, que tem a maioria dos assentos na Grande Assembleia Nacional da Turquia. Teve diversos cargos públicos, entre eles o de prefeito de Istambul, que ocupou de 1994 a 1998. Em 15 de julho de 2016, alegados opositores do regime orquestraram uma tentativa de golpe de Estado contra Erdoğan.), o Putin com seu estilo na Rússia, Xi Jinping na China (Xí Jìnpíng é um político da República Popular da China e Secretário-Geral do Partido Comunista da China. Xi é atualmente o principal membro do Secretariado do Partido Comunista Chinês, o presidente da China, o diretor da Escola Central do Partido, e o mais importante membro do Comitê Permanente do Politburo, que é o órgão de controle de facto do país.). Verifica-se uma onda de populismo e conservadorismo que mexe com o Brasil, mas lembra o economista, que temos muitos problemas internos para nós preocupar, como a situação dos Estados que são componentes de incerteza, quadro estimulado pelo governo petista que liberou a gastança e agora se aprofunda com a recessão, problema que o governo federal não tem como ajudar. A situação fiscal da União é muito grave, tanto quanto a do Rio de Janeiro e de outros Estados.

                O ideal ressalta o economista, seria fazer o ajuste mais rápido, mas o governo está fazendo e atuando dentro do que é possível no campo político. A agenda do governo é boa. A PEC do teto do gasto é um avanço extraordinário, mas ainda se exige a reforma da Previdência e de muitas outras reformas, mas o governo não tem muito espaço, mas estão sendo ambiciosos. Fazendo a reforma da Previdência no primeiro trimestre, vai ter tempo de fazer mais e não tem porque parar. As questões trabalhistas tem que ser discutidas e se possível atacadas imediatamente; assim como a reforma tributária, o momento é de oportunidade. O governo quando sentou para negociar a dívida com os Estados deveria ter aproveitado para negociar a reforma do ICMS, que é um sistema maluco. Tem também de ser elaborada uma agenda micro de como recuperar as agências, porque ter agências profissionais ajuda muitíssimo.

                No micro afetado pela corrupção é preciso tomar certo cuidado para não criar a expectativa de que vai se dar moleza . Há riscos que é do jogo livre mercado. É preciso ter um mecanismo para digerir a situação, atrair mais capital e seguir adiante – seja com o próprio concessionário, ou se ele estiver quebrado, com outro. Toda a discussão sobre a lei de falência trata disso: como lidar com a falta de capital, por razões das mais variáveis – incompetência, azar, qualquer coisa – sem criar paralisia de negócios. Salvar empregos é importante. Mas a preocupação não é salvar o concessionário. Em alguns casos é até saudável certa destruição criativa, como dizia o economista Joseph Schumpeter.

                Sobre o Banco Central, Armínio respondeu que o banco é fiel no compromisso de cumprir a meta de inflação de 4,5% no ano que vem. Confirmado o diagnóstico de fraqueza da economia não vai ter problema cortar.

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                A crise política para o economista tem a ver com o caos dos mais de 30 partidos, o que faz a coisa funcione como um grande bazar, e reduz um senso maior de responsabilidade pelo bem comum. A crise de valores tem a ver com a corrupção generalizada, com a busca de atalhos para tudo, com a falta de meritocracia e a de confiança entre as pessoas. As crises têm raízes comuns. A coisa tem a ver com o modelo de Estado que temos, capturados por interesses privados e partidários. Não há guinada para a esquerda. Não há mais esquerda ou direita. Vai dizer que o PT é de esquerda? O partido da bolsa empresário, que teve a relação que vimos com as empresas, pode ser chamado de esquerda? Nas eleições municipais, o que vimos foi a ascensão de direita no que se refere ao conservadorismo dos costumes. Eu sou liberal, estou fora disso.

                Sobre as eleições de 2018, o economista entrevistado disse que não tem como dizer para onde a crise econômica vai nos levar. Ninguém consegue. O temor é que surja um populista moralista vendendo um caminho sem sacrifício. Não gosto quando falam que cada um precisa dar a sua cota de sacrifício para fazer o ajuste, para tirar o País da recessão. Fica parecendo que existe uma saída sem sacrifício – isso não existe. Nesse ambiente pode surgir um vendedor de ilusões que piore ainda mais tudo.

                Ao ser perguntado se aceitaria ser ministro da Fazenda respondeu que não sabia. Não tenho tempo para pensar nisso. Sabe o que acontece? Com o tempo, o sarrafo vai subindo. Quando fui presidente do Banco Central, eu tinha 40 e poucos anos. Agora estou com 59. A gente vai ficando mais crítico e mais exigente. Estou contente me dedicando a Gávea Investimentos e, em menor escala, a temas acadêmicos e filantrópicos.

                Em síntese esta é a visão de um economista vitorioso que confirma nossa opinião sobre o sacrifício que terão os brasileiros para tirar o Brasil da crise construída pelo PT, por Lula, por Dilma, por políticos que os apoiaram, por intelectuais, por empresários desonestos, por sindicalistas e sindicatos irresponsáveis, por ideólogos de gravatas irresponsáveis, por professores medíocres e por uma mídia infectada por jornalistas comunistas e por dirigentes descompromissados com os interesses do Brasil e compromissados com a Nova Ordem Mundial que quer ver o Brasil sob o controle de um conglomerado de países ricos que querem implantar um governo mundial sob seu comando.

                Sem dúvida a competência de Armínio Fraga é indiscutível, mas preocupa-me seu engajamento no meio de ambientalistas, refiro-me a sua passagem no Pro-Natura. A Pro-Natura International foi criada no Brasil em 1985 e em 1992 havia se tornado uma das primeiras ONGs do “Sul” a ser internacionalizada após a conferência no Rio de Janeiro. A preocupação não se restringe apenas a Armínio Fraga atinge outros profissionais, políticos, pessoas de saber que por razões diversas, por interesses mercantis se colocam ao lado desse lado que busca a dominação dos povos, dos mercados e de regiões ricas e inexploradas como a Amazônia, subjugando seu povo dentro de um imenso curral civilizatório.

                A entrevista de Armínio Fraga, em se tratando de um profissional vitorioso, serve para mostrar o tamanho do sacrifício que está nos ombros dos brasileiros para tirar o Brasil do buraco em que foi colocado por brasileiros irresponsáveis e incompetentes que não merecem perdão e devem pagar com rigor pelo seu crime.

Armando Soares – economista



Armando Soares é articulista de Libertatum

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