Bom exemplo?
Por Vanderli Camorim
Assisto vídeo de cidade do interior em que pessoas ocupam a Câmara Municipal e exigem que os vereadores diminuam drasticamente os seus salários de três mil reais para o salário mínimo.
Bom exemplo a ser seguido? Acho mau exemplo em tudo. A população não tem a menor ideia do papel dos vereadores e só enxerga o salário. Sem saber o que combater a população cava o próprio buraco. Os demagogos estão atentos as oportunidades. O conceito liberal da representação popular nao tem aí nem uma vaga lembrança. Mostra que as massas estão maduras para o socialismo, que não o querem e quando experimentam um pouco o repudiam, não obstante o desejem ardentemente. É um movimento típico de manada. José Engieneros, um filosofo argentino, diz que "se reunires 100 sábios em um concílio, tereis a alma de um medíocre".
Lênin dirigiu um movimento vitorioso porque foi o único que percebeu que sem uma teoria não se pode dirigir as massas que estão insatisfeitas mas não tem direção. Por isso a sua frase "sem teoria revolucionária nao há movimento revolucionário". Um jogo de palavras, mas uma boa observação que serve também aos liberais. Sem noção do que seja a política liberal o eleitor fica à deriva das políticas coletivistas que surgem espontaneamente com a ajuda da inveja e do ressentimento, por exemplo.
O caminho está aberto aos oportunistas, aos demagogos, aos populistas para não dizer ao líder carismático. Como não mudaram as condições, os Lulas estão em franco treinamento para as próximas jornadas.
O papel do vereador, que "trabalha pouco pra ganhar muito" diz a eleitora com um pito de inveja, é vigiar o prefeito... Ora, parece-me que deveria ser ajudá-lo a remover os obstáculos que impede os cidadãos de empreender e assim gerar renda e mais bem estar, e trabalhar pela paz e segurança que é bom para os negócios.
Mas no dia de hoje em que todo mundo quer ter uma vantagem com a mão boba do governo e não é possível contentar a todos, logo aparecem os insatisfeitos, como ela. É um movimento cego, mas nos municípios é mais vivo e perceptível. Os municípios são parte da pseudo federação brasileira que carregam o fardo dos impostos e suas consequências. Mitigam esta situação com o repasse que recebem da União que fica com a parte do leão. É um sistema de subordinação burocrática que deixam os municípios com a obrigação de periodicamente ir a Brasília com o pires na mão. Há municípios que deixado à sua conta sumiriam do mapa, se mostraria ser uma ficção.
Os fios que mobilizam os municípios são centralizados no governo central e planificados no velho estilo que lembra a União Soviética.
Por séculos este modo burocrático pelo qual se movem os municípios tirou- lhes a seiva da criação.
A ideia da Federação teve sempre duração curta porque nunca foi entendida a sua razão e natureza econômica que desrespeitadas põe tudo a perder. A livre empresa, o livre comércio são políticas indispensáveis, pois a autonomia administrativa pressupõe a econômica também.
Se uma parte da Federação viver as custa das outras a Federação já deixou de existir a muito tempo.
Os impostos só tem razão quando seu destino for a manutenção do aparelho do estado e que esta tenha a sua função bem definida para que ninguém ultrapasse, seja o eleitor e cidadão seja os encarregados da maquina administrativa. No estado liberal o governo tem sua função limitada à esfera da segurança, da justiça e da paz deixando os assuntos econômicos, que são assuntos de cada um, privados, longe da preocupação da administração do governo. Já no socialismo é diferente e o oposto. O governo se preocupa com o cidadão antes dele nascer e o acompanha até ao enterro.
As consequências dos impostos são marcantes nos dois sistemas. No liberal o imposto é mínimo em relação a que ganha o cidadão que não sofre impedimento e é livre para empreender e trabalhar. Para ele o imposto tem o significado de um pagamento que ele faz ao "guarda noturno" que cuida da sua segurança, com que ele conta para colher os frutos de seu trabalho. O município assim só se torna rico e próspero se seus cidadãos alcançam com seus próprios esforços a sua prosperidade material. Não existe município rico, mas cidadãos ricos que vivem naquele município que lhes oferece liberdade de trabalhar e empreender.
No socialismo - ou governo intervencionista como temos - as restrições e as proibições são as normas que se tem que seguir, tudo como proteção do governo contra os impiedosos capitalistas. Por conta disso as pessoas não são livres para decidirem o que fazer. São consideradas menores de idade, irresponsáveis. Devem seguir as ordens de um supremo líder ou um conjunto deles. As ordens vem de cima para baixo e você nao percebe. Para empreender e trabalhar as pessoas tem que seguir normas, regras, e pagar taxas e impostos. Isto tira do mercado milhares que não preenchem os requisitos do governo e se tornam clientes de políticas protetoras. Para por tudo isso em funcionamento o governo cria um sistema burocrático gigantesco e perdulário. Os impostos passam a ser a preocupação principal. Tudo tem que pagar imposto e por qualquer coisa. No socialismo os impostos não podem subir muito, pois além de certos limites resta a escravidão. Os impostos não tem mais o caráter de manter uma maquina de proteção da liberdade de empreender e trabalhar, mas em uma maquina que escraviza.
É como a cobra engolindo o próprio rabo. Um movimento autofágico. Os impostos são a parte de capital que se transformou. Perdeu sua capacidade de criação da riqueza e foi jogado na esfera do consumo. Quem consome capital a economia não perdoa condenando-o a pobreza.
Se persistir, não sobreviverá muito tempo.
O pior comunista é aquele que não se acha um.
Vanderli Camorim
vanderlicamorim@ig.com.br
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