Por Klauber Cristofen Pires
Meu pai costumava contar – com alguma recorrência - uma história para mim e meus irmãos. Era sobre a vida de uma família de nossa terra natal, a ilha de São Francisco do Sul, no nordeste de Santa Catarina. A história, além de realmente bela, era anunciada por ele como exemplo a ser seguido.
Meu pai costumava contar – com alguma recorrência - uma história para mim e meus irmãos. Era sobre a vida de uma família de nossa terra natal, a ilha de São Francisco do Sul, no nordeste de Santa Catarina. A história, além de realmente bela, era anunciada por ele como exemplo a ser seguido.
Esta família, dizia ele, era constituída por uma mulher e seus três filhos, todos muito pobres e necessitados. Todavia, jamais ela entregara os pontos; soubera como superar os percalços de seu – apenas aparente – infortúnio: quando ao entardecer, ela puxava seus filhos para coletarem “berbigões” nas coroas próximas às praias, aproveitando a maré baixa. Berbigões são moluscos característicos daquela região, e bastante apreciados pelos veranistas, tal como os mexilhões e as ostras. Tempos atrás, meu pai viu, em um grande supermercado, os mesmos, então denominados “Vôngoles”. Bem mais chique, não?
Com a coleta dos moluscos, eles voltavam pra casa e, ainda de madrugada, punham-se a cozinhá-los, para vendê-los ainda fresquinhos ao público. Todos participavam. Naquele tempo, bem se diga, não havia bolsa disso ou daquilo. Mas havia a escola pública. E até que era boa, comparada aos padrões atuais. Sem ter cadernos ou livros didáticos – não sei se já existia merenda escolar, mas creio que não - o único incentivo que as crianças tinham era a visão de um futuro melhor, apontada pela mãe, que não cansava de lhes exigir a boa aplicação nos estudos.
O primeiro dos filhos formou-se como sargento do exército, sendo que usou de seus recursos para financiar os estudos superiores do segundo irmão, que conquistou a carreira da Medicina, e ambos, finalmente, também ajudaram o caçula, que também alcançou o nível superior, tendo logrado invejável sucesso na carreira.
Que mãe vitoriosa! Que família vitoriosa! Imaginemos o quanto podemos aprender com um exemplo tão singelo, mas ao mesmo tempo tão profundamente belo! Exemplo de fé na vida, ao decidir por não abortar ou abandonar seus filhos; exemplo de fé em si mesma (e certamente, também em Deus), ao contar com seus próprios recursos e meios para superar as suas próprias dificuldades; exemplo de gestão, ao manter sempre a família sempre unida! E quantos outros exemplos mais...!
Que boa providência a de não haver naquele tempo bolsas-isso-e-aquilo e tantos benefícios! Ainda bem que não existia esta patrulha contra o trabalho infantil! Sorte que não existia o Ibama! Que alívio que o aborto era considerado por todos como uma monstruosidade! Quão afortunados por terem podido freqüentar uma escola ainda não ideologizada! (ou, pelo menos, não tanto como agora...).
Desconheço se esta senhora ainda vive. Se isto é certo, também o é o fato de que esteja desfrutando da vida com um farto conforto psicológico e espiritual, rodeada de amor, carinho, respeito e admiração, por seus filhos, noras e netos. Todavia, não deve estar desfrutando somente de conforto íntimo, mas também de amplo conforto material, incomparavelmente maior do que se estivesse escorada em benefícios pagos pelo governo.
Sua vida foi a prova de que o planejamento familiar fomentado pelo Estado é somente o atestado de sua incompetência, e a legalização do aborto é o instrumento que pretende obter para justamente – abortar – os insucessos – de seus desmandos e interferências na vida privada.
Em um mundo livre, mesmo o Brasil de quarenta anos atrás (sim, em muitos aspectos, eles eram muito mais livres que nós!), os indivíduos trabalham (não ficam necessariamente esperando em uma fila de emprego) usando dos talentos e recursos de que dispõem, e ao, fim, toda a humanidade prospera mais um pouco.
Em uma sociedade livre, não há que se falar em desemprego. Não há nada, por mais simplório que seja, que uma pessoa não possa fazer, e então obter algum ganho com seu esforço. Isto porque mesmo as tarefas muito banais têm algum preço, quando os compradores avaliam as oportunidades que terão caso abdicarem de fazê-las eles próprios. Imaginemos João, um excelente advogado. João também é um excelente cozinheiro. Ele costuma convidar amigos aos fins de semana para apreciarem seus talentos culinários. Contudo, necessita de uma cozinheira em sua casa, para fazer as refeições durante a semana, simplesmente porque seu tempo aplicado na advocacia é muito mais caro do que o tempo gasto na cozinha.
O desemprego não é senão fruto de proibições e/ou obrigações: o salário mínimo, por exemplo, não é uma garantia de emprego por um salário arbitrado como “justo”, mas sim tão somente uma proibição de contratar as pessoas mais humildes que, por não possuírem mais habilidades, somente podem contar com o subemprego ou benefícios do governo. Em cada um dos mais de mil artigos que compõem a CLT, ou de outros tantos que jazem nas legislações previdenciária, tributária ou ambiental, prevalece uma proibição de contratar. Não deveria ser surpresa haver tanto desemprego.
Em um mundo liberal, não há ninguém para mandar nos outros; cada um assume as rédeas de sua própria vida, e espontaneamente toma a iniciativa de executar as atitudes que julga cabíveis segundo o julgamento que faz de suas possibilidades e das necessidades dos demais.
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