terça-feira, 19 de julho de 2016

A nova geração da Islândia que não conhece a Deus
Não é difícil entender porque o Islã converte em massa, nos países nórdicos. Lá, onde a maior parte da população nativa é ateia, o Deus natural foi substituído por uma convenção moderna; uma mistura de bem estar social com o santo do respeito a todos os credos. Desmontam, palmo a palmo, as crianças para que se tornem adultos “coerentes”, mas, mais importante do que isso, receptivos às novas culturas, acolhedor e sem qualquer tipo de preconceito.
O garoto passa mais da metade do dia transitando por prédios públicos, em contato com funcionários públicos, seus professores e tutores, aprendendo o que é uma boa rotina para não ofender ninguém. O metafísico é ensinado como uma herança bárbara, coisa antiga; Roma nunca esteve lá por muito tempo, então as suas histórias se misturam às dos gibis. Nenhuma resposta é definitiva e o melhor juiz é o senso comum ou o crivo do estado.
É um mundo onde atirar um papel no chão tem um impacto espiritual imenso, que castiga, ao passo que você passa a ter a reprovação de todos os pares. É o tipo de realidade que o obriga a, desde cedo, passar anos discutindo sobre os direitos dos animais de não serem consumidos por nós, outros animais.
Quando esse jovem topa com um imigrante, um islâmico, ele vê tudo aquilo com muito espanto. Mas, mais importante do que isso: ele tem que respeitá-lo à última condição do seu átomo. E, por fazer isso, acaba, um dia, quem sabe, despretensiosamente, depois de ver muitas imagens como esta aqui ao lado, entrando em uma Mesquita. É bonita, a arquitetura é bacana, atrai os olhos, por que não?
Eis que o universo ressurge. Esse mesmo garoto, acostumado às embalagens verdes e à intolerância a todos os elementos da tabela nutricional, encontra aquele mesmo amigo no centro do prédio, atirado ao chão, em oração ao seu Deus. Ele está absolutamente envolvido, emocionado, tocado; sente medo, vergonha e mais uma coleção de sensações que o outro garoto – provavelmente – jamais sentiu…não nessas dimensões.
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As conversas futuras serão, provavelmente, sobre o que ele sente quando está fazendo aquilo, quando ele aprendeu a fazer aquelas coisas e o principal: se Deus existe mesmo. “É claro que existe! Deus é uma certeza!”. Pronto. Esse jovem ouvirá tantas verdades, tão certas quanto a água; pela primeira vez, ouvirá respostas objetivas sobre o que fazer e o que não fazer, sobre o certo e o errado…Boom! Temos mais um muçulmano norueguês!
Quando eu estava em Campina Grande, no segundo dia, às 18:00, eu testemunhei o Caio Perozzo e o Mateus Mota Lima rezando o Angelus. Na mesa de madeira que fica do lado de fora da casa, rodeados de mato e do escuro, abriram aquele pequeno caderno e começaram a rezar…em latim. As palavras embaralhadas e os cantos que vinham e iam me tocaram materialmente. Eu podia sentir o formigamento na pele; não era mero preciosismo intelectual do tipo “uau, eles sabem fazer isso em latim”. A sensação de diminuição, de querer fazer parte daquilo, de pensar como eu fiquei tanto tempo sem conhecer isso…ali, eu entendi um pouco o que o menino da Suécia sente ao enxergar por detrás do véu de Ísis pela primeira vez.
Nos dias seguintes, na missa, a insistência na cerimônia individual, os joelhos e a mão contra o peito. “Minha culpa, minha culpa”. Sem escusas, sem esquivas…
Forró temos em casa, músicas e cantorias de parabéns, também. Nos abraçarmos, batermos palmas e cantarmos ao ritmo do Olodum é o que menos precisamos agora. Precisamos do católico fervoroso, do de sempre, da tal Ortodoxia de Chesterton; ela é capaz de convencer – e converter – pela dignidade e pelo tamanho do exemplo. Às seitas as cadeiras de plástico, o microfone colorido e o bate-papo engraçado.  Catolicismo é dor.
Escrito por Ícaro de Carvalho. Título adaptado.

Fonte: Portal Conservador

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