quinta-feira, 9 de junho de 2011 - Publicado em LIBERTATUM
O Princípio da Subsidiariedade
Subsidiariedade é o respeito aos círculos concêntricos de ação e autonomia, dos quais o centro
é o próprio ser humano.
Por Klauber Cristofen Pires
Por Klauber Cristofen Pires
O termo "subsidiariedade" pode causar alguma estranheza para aqueles que o conhecem
pela primeira vez. Mas seu significado é de
fácil assimilação.
"Subsidiariedade" guarda relação com "liberdade" e "autonomia", e o mesmo complementa, formando
"Subsidiariedade" guarda relação com "liberdade" e "autonomia", e o mesmo complementa, formando
desta forma a "espinha dorsal"
do pensamento federalista.
Desde tenra idade o ser humano reinvidica a sua autonomia. A criança, feliz por já conseguir
Desde tenra idade o ser humano reinvidica a sua autonomia. A criança, feliz por já conseguir
andar, de pronto já dispensa a intervenção do adulto. Já não lhe agrada mais o colo. O jovem anseia
por sair sozinho, escolher suas próprias roupas e manter suas próprias amizades. O ingresso na vida
adulta a todos enche de sonhos tais como ter
a casa própria, o carro, e, principalmente, o
próprio dinheiro.
As pessoas anseiam por autonomia
As pessoas anseiam por autonomia
porque, na verdade, aspiram à liberdade. A liberdade é um valor intrínseco à natureza humana, e a autonomia é a ferramenta da pessoa livre para a
busca de sua felicidade.
Em busca de sua felicidade, o ser humano age, modificando os recursos que tem à
Em busca de sua felicidade, o ser humano age, modificando os recursos que tem à
disposição, para a melhoria de seu bem-estar.
Uma pessoa que age, sempre exerce
uma escolha. A transformação da natureza a obriga a escolher entre a matéria, antes e depois de
sua ação. A finalidade para a qual a matéria irá ser transformada também é uma escolha.
Não é possível produzir quantidades ilimitadas
de um bem a partir de uma quantidade definida
de matéria-prima.
O universo de possibilidades de agir, conseqüente
O universo de possibilidades de agir, conseqüente
da liberdade humana, aliada aos recursos
de que dispõe, define a sua "autonomia".
O homem que age, pois, possui três
atributos principais: a) possui um objetivo; b) é livre; e c) goza de autonomia.
Da autonomia que um ser humano dispõe, ele pode optar - voluntariamente - por unir seus esforços
Da autonomia que um ser humano dispõe, ele pode optar - voluntariamente - por unir seus esforços
com os de um vizinho. A isto denominamos "cooperação"; A cooperação, derivada
da ação humana, é sempre propositada.
Seu objetivo é conseguir um resultado melhor
do que a soma dos esforços individuais. Às vezes, a cooperação torna possível a realização de
um objetivo inalcançável por somente um indivíduo.
A frequência com que os seres humanos passaram a agir em cooperação resultou na
A frequência com que os seres humanos passaram a agir em cooperação resultou na
conveniência de viverem proximamente uns dos outros. Assim nasceram as primeiras sociedades.
A uma forma peculiar de cooperação
humana, denominamos estado. O estado nasceu
quando os integrantes de uma sociedade verificaram que havia necessidades comuns a todos,
que deviam ser satisfeitas. Assim, o estado passou a executar tarefas tendentes a satisfazer
necessidades tais como defesa, segurança, e administração dos bens comuns (ruas, fontes, etc.),
de modo que estes indivíduos pudessem
ter mais tempo livre para dedicarem-se
especificamente aos seus projetos
mais particulares.
Eis que, a este ponto, verificamos o significado de "subsidiariedade". Isto porque, conforme
Eis que, a este ponto, verificamos o significado de "subsidiariedade". Isto porque, conforme
se pôde verificar pela explanação acima, a cooperação humana, para ser legítima, há de ser
voluntária. Segundo esta linha de raciocínio, o papel do estado sempre será subsidiário em
relação à ação dos indivíduos.
Cabe ao estado tão somente prover aquelas tarefas que satisfaçam as necessidades reconhecidas
por todos como comuns, deixando seus integrantes
à vontade para buscarem a própria felicidade.
Cabe ao estado auxiliar, e não ser auxiliado.
Cabe ao estado facilitar a realização dos projetos individuais de cada ser humano, e não
convocá-lo para o que ele determina
ser o projeto de todos.
Da mesma forma, não cabe às expressões
Da mesma forma, não cabe às expressões
regionais do estado, fazerem-se substituir
pelas esferas locais. Um grupo local de
habitantes, que nutre gostos e afinidades comuns, pode ter necessidades e projetos diferentes
de um outro grupo, assim como há diferenças
em indivíduos. À expressão regional do estado
cabe tão somente prestar auxílio aos governos
locais, no que estes lhe solicitarem
a intervenção, ou quando o problema em questão
ultrapassar as suas respectivas capacidades
de ação, ou seja, as suas autonomias.
Finalmente, ao Estado nacional cabe tão
somente se preocupar com
questões institucionais, nos âmbitos nacional e internacional.
Subsidiariedade, pois, é o respeito
Subsidiariedade, pois, é o respeito
de uma nação por este grupo de círculos
concêntricos de ação e autonomia, dos quais
o centro é o próprio ser humano.
Aplicar a subsidiariedade é garantir
que nenhum indivíduo seja forçado a fazer
aquilo que não deseja, em detrimento
de si mesmo e em prol de outro
indivíduo ou grupo humano.
Em nosso país, a estrutura consagrada
Em nosso país, a estrutura consagrada
de governo toma as feições de um centralismo
exacerbado,gerando séria crise
de representatividade, tanto para as esferas
regionais de governo (governos estaduais),
como para as esferas locais (municípios)
e principalmente sobre as pessoas.
Daí porque precisamos
estabelecer um regime autenticamente federalista.
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