A Reforma (mais outra) do Ensino Médio.
Por Vanderli Camorim
O governo Temer está mexendo num vespeiro dos diabos: reformar o ensino médio. As reclamações com os rumos da Educação não estava agradando nem mesmo o governo que o criou que manipulava dados para não confessar o fracasso. Um esdrúxulo índice que mede o aproveitamento escolar, se isso realmente é possível, dava conta que professores fingiam que davam aulas e os alunos que aprendiam. Pretende-se dar um stop nessa situação. O governo de plantão com uma medida provisória quer sepultar o que não deu certo e estabelecer um sistema mais flexível que acha agora dará certo. Será?
A Escola Sem Partido reclama que, além disso, ou a despeito de, o ensino tinha ido pras cucuias e o que estavam fazendo mesmo era partidarismo pura e simples. Por isso as notas baixas e o desconhecimento de coisas básicas do ensino enormes. Pena que quer usar decretos para por fim naquilo que acha errado. É um problema intelectual e não legal. Dois erros não fazem um acerto. Ao tentar consertar este estado de coisa uma nova reforma no setor então entra em cena, mas não sem atrito. Como sempre há muito barulho por nada. Os novos atores desta reforma não são simpáticos aos que saíram. Acusação e defesa de ponto de vistas se alternam. Ambos se acham certos, e esse que é o problema.
Estamos vivendo uma época de obscurantismo. Este fator é a adoção do marxismo. Nas escolas e nas universidades operadas pelo governo com o dinheiro dos impostos é que se pode ver esta tendência mais nitidamente, sendo as sementeiras que produzem seus dedicados combatentes que vão perpetuar este estado de coisa.
A função do governo é única e exclusiva a produção da segurança devendo se abster da atividade econômica. E o ensino, referido sempre genericamente como Educação, é e será sempre uma atividade econômica e que é mais bem desempenhada pela iniciativa privada. O governo deve protegê-la e não se imiscuir em seus assuntos. Quando interfere, como nesta área especifica, é questão de tempo até que se perceba que o ensino virou doutrinação. Uma arena de disputa ideológica tem inicio, pois a influência da filosofia do partido que está no poder se fará presente e tentará ser dominante; afinal de conta chefe de governo nenhum vai gostar que nas salas de aulas se conteste o seu programa como fadado ao fracasso. Também criará grupos, variados, que defenderão com unhas e dente o seu pedaço de pizza e porfiarão na sua eternização.
É besteira querer parar a doutrinação nas escolas. Quer queira ou é não nas escolas e universidades que ecoam as ideias com mais intensidade. O fato de uma dominar sobre a outra é um assunto à parte. A própria natureza da educação com o dinheiro dos impostos já implica a adoção de um conjunto de princípios e dogmas para justificá-la, tanto para os que se vêem obrigados por lei a ceder parte de seus ganhos para mantê-la, os pagadores de impostos, como os que a recebem de “graça”, o corpo discente, e as sinecuras, o corpo docente, e os demais grupos nas devidas esferas de seu controle. Há neste esquema uma montanha de dinheiro que atrai ratos e gatos gordos. Não tem sentido pregar que é uma imoralidade “lucrar com a educação”, apontando o dedo sujo para as empresas privadas de educação, e usufruir dela de “graça” e 'numa boa" nas instituições do governo como se fosse uma dádiva da virtude. Não é sem razão que a imoralidade é a marca registrada da educação que provoca a sua degeneração.
As medidas que o governo está tomando são como uma renovada tentativa de colocar um "fundo novo numa lata velha” o que levará a novas rupturas além de ser perda de tempo e um desperdício de recursos. A lata velha deveria ser jogada fora. Se for séria a preocupação com a educação se deveria aprender a lição de que esta não é função do governo, mas da iniciativa privada que a realizará com o menor custo sem prejuízo da qualidade dependendo apenas que houvesse liberdade econômica.
Desvincular a educação do governo assim como reduzi-lo à sua função da produção da segurança deve ser o proposito de todos que tem não só educação como meta, mas a liberdade de empreender que inclui sua própria escolha do que estudar e do que ensinar pautado unicamente pelo mercado.
Escudos de Atenas e Esparta.
A coruja era o símbolo da deusa Atena, deusa da sabedoria e da justiça.
Um exemplo histórico. Atenas e Esparta. Em Esparta a educação era "um direito de todos e uma obrigação do Estado" enquanto que em Atenas o Estado não se metia, deixando a critério de quem quisesse educar e quem quisesse obtê-la, ou seja, ao sabor do mercado, submetida apenas à lei da oferta e procura. O resultado foi que Esparta não produziu outra coisa senão guerreiros prontos para matar e destruir não deixando para a humanidade nada senão um exemplo histórico que não se deve seguir. Atenas, por sua vez, deu-nos filósofos e homens de ciência que até hoje nos servem de referência no ensino, na cultura, nas artes e na ciência em geral além de ter sido o berço do conhecimento de homens independentes e livres. Mas hoje este exemplo é esquecido convenientemente em defesa da concepção estatista de ensino que só produz funcionários públicos ávidos por mamatas as expensas da grande maioria e uma horda de autômatos prontos para repetir e reproduzir a mesma cantilena. A ciência vira linha auxiliar das autoridades sendo completamente deturpada. Seus funcionários se tornam guerreiros obscurantistas que lutam desesperadamente para a conservação do atraso, afinal estão ganhando. É difícil alguém fugir deste cerco. Se consegue fugir estará condenado as maiores privações de viver sem um...diploma.
Thomas Edison não foi aceito na escola porque era um garoto que perguntava muito. O professor acostumado à repetição e disciplina não via ali um cara curioso e inteligente que saia do normal. A sua inteligência de professor não lhe dava esta capacidade. A mãe teve que ensiná-lo em casa e nunca mais foi para a Escola. Dos milhares de inventos que foi responsável, Edison deu-nos a luz elétrica que aperfeiçoou e iluminou a humanidade, literalmente, iniciando a primeira companhia geradora de energia elétrica. Tivesse obedecido ao professor e seguido as regras do governo talvez hoje permanecêssemos ainda à luz da lamparina. A escola é rotina, repetição maçante, estéril, quando compulsória é ambiente de conflito e quem a abandona pode render até prisão para os pais.
Os professores e mestres viram meros instrutores que passam adiante o que lhe obrigaram a ensinar com livros, perguntas, e respostas já prontas. Tornou-se mero esquema político que certifica diploma e diplomados para serem admitidos em um dos mais vastos departamentos do governo.
O ensino ministrado nas escolas e universidades operadas pelo governo fornecido de “graça” pago com o dinheiro do pagador de imposto, não tem por objetivo a transmissão de conhecimento que o habilite para a vida por conta própria, mas para a obediência e a perpetuação dos dogmas do deus Estado.
Vanderli Camorim é Liberal, - liberalismo clássico e Escola Austríaca de Economia.
Camorim é articulista de Libertatum.
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