Caros leitores,
É com uma honra e uma alegria que publico adiante o primeiro boletim do Ordem Liberal, produzido pelo dileto amigo Ivan Lima.
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Consagrado ao liberalismo da tradição clássica e Escola Austríaca de Economia.
Editor e Redator: Ivan Lima - Janeiro 2013 – Belém - PA
Os estatizantes e os socialistas estão chamando a grande crise, que a economia mundial vem sofrendo desde o término da Grande Guerra, de “crise do capitalismo”. Na verdade, trata-se da crise do intervencionismo. Uma Crítica ao Intervencionismo – pagina 33. Ludwig von Mises. (Parecem palavras proferidas hoje sobre as agruras sofridas pelos povos das economias de mercado no mundo. Mas são resultantes do gênio de Mises no início da década de 1920). Ivan Lima
O intervencionismo revela um governo desejoso de fazer mais. Desejoso de interferir nos fenômenos de mercado. As seis lições – pagina 39 - Ludwig von Mises
“A batalha não é apenas para os fortes; mas também para os
vigilantes, os ativos, os corajosos.” – Patrick Henry
In memorian de Eliana Tranchesi, ex-proprietária da loja Daslu.
Daslu
Dia desses, tive grande alegria ao ver um comercial da grife Daslu assinada com a Riachuelo. Depois, vi nas lojas da Riachuelo as belas peças gráficas da referida campanha.
Consciente da fundamental importância do livre mercado – e seu corolário, a democracia, - para a vida da civilização, como eu poderia sentir-me depois de ver muitas vezes em anos uma empresa ser vilipendiada, perseguida, fechada, seus diretores, funcionários e proprietária humilhados e presos pelas forças estatais, ter sua marca veiculada em grande estilo na mídia nacional?
Feliz, é a resposta. É como se visse pessoa querida que estivesse desaparecida, reaparecer na minha frente, sorridente, luminosa. No caso, era como se ao vir naquele momento à campanha Daslu/Riachuelo na TV estivesse vendo a proprietária da loja Daslu desfilando em cada belo modelo dos que se exibiam no comercial vestindo as peças da sua empresa vitoriosa. A empresária, já doente e humilhada, foi mais uma vítima da histórica e absurda gula estatal por impostos, impiedosa devoradora do que os indivíduos criam, produzem e consomem nas trocas indiretas no mercado. O estágio atual a que chegou o estado nacional na cobrança de impostos já tributa a riqueza gerada pelo individuo brasileiro em quase metade do que produz, soberanamente visando a sua prosperidade e o seu bem estar.
Os que se dedicam a estudar *economia – seja a marxista e keynesiana impostas nas universidades brasileiras (publicas ou privadas) pelo estado ou, estudando auto - didaticamente a de tradição do liberalismo clássico e misesiana, sabem que o tributo é um dos auxiliares mais poderosos do intervencionismo do estado e seus governos na economia.
O intervencionismo, no seu nefasto processo destrutivo na sociedade, vai empurrando para o universo da “ilegalidade” com a legislação tributária - e outras, como a trabalhista - todos os elementos da fantástica usina que impulsiona a geração de riquezas com os meios privados de produção: poupadores; empresas; investidores; etc., reais fomentadores da renda per capta, fator real com que se constata a riqueza de um país e não PIB; criando, assim, inevitável conflito entre os indivíduos na sociedade, louvados pelo estado uns como “contribuintes” e outros acusados por ele como “ladrões do dinheiro público”. No fundo, o que também se visa incutir na psicologia das pessoas é exatamente a funesta ideologia que prega que os interesses dos indivíduos na sociedade “são antagônicos e irreconciliáveis” e não o que verdadeiramente são os relacionamentos humanos guiados pelos soberanos desejos dos indivíduos por trocas voluntárias e indiretas: interesses harmônicos por conforto e civilização.
Na antiguidade, até um período histórico, o imposto era um dos métodos de extorsão dos déspotas – além da guerra para pilhagem total do inimigo. Com o aumento da noção dos indivíduos de que é infinitamente melhor e mais rentável estabelecer-se a troca, o comercio, como meio para o desenvolvimento e o enriquecimento das pessoas e populações, a antiga mentalidade bélica – destrutiva também para o agressor “vitorioso”– cedeu à de trocas, em relacionamentos pacíficos e criativos no mercado; tendo como objetivo único apenas o que os indivíduos tinham em mente: seu maior conforto.
Com a moderna noção de estado, o imposto fez-se presente para o pagamento de determinadas despesas deste. Mas sua função primordial que é a de promover a segurança do individuo e o funcionamento do mercado para a garantia das trocas indiretas e a liberdade foi tremendamente desvirtuada ao longo dos tempos. Estudando-se, sabe-se que os maiores florescimentos da criatividade e riqueza dos indivíduos foram exatamente nos períodos com a quase ausência da intervenção dos governos na economia. Historicamente, o mais próximo e ultimo grande testemunho disso foi a esplendida fase liberal da América – sim, antes a Inglaterra - no século 19, que espantou o filósofo francês Alex de Tocqueville – quando este a visitou - e o mundo. Mas, como se sabe, a America vem sendo aprisionada e empobrecida aos poucos com os fortíssimos grilhões do intervencionismo de seus governos na economia, - desde antes de 1933 - preferencialmente com tributação sobre os ricos e a produção, nefandamente tornada uma realidade cada vez mais ameaçadoramente terrível para a prosperidade e a liberdade de todos ali.
Hoje se sabe que a principal causa que impediu a formação de poupança na antiguidade e a conseqüente ausência de mentalidade empreendedora para a geração de riquezas e o desenvolvimento humano como hoje se conhece no capitalismo foi exatamente a intervenção que os déspotas causavam ao irem logo despossuindo dos seus bens quem apresentasse status de competitividade em riqueza com eles. Ninguém podia ser mais rico que o rei. Hoje, o estado, - que é uma abstração, e não um ente pensante que leia jornal e tome açaí - através da mentalidade de seus burocratas e dos ideólogos coletivistas, seguindo um processo estatista histórico e dominante desde a fundação do país, no fundo tenta fazer o mesmo papel anticivilização dos déspotas da antiguidade ao humilhar e perseguir os ricos para tomar-lhes os bens através da taxação confiscatória; entendendo seus burocratas e políticos que expropriando os ricos e classe média em parte do fruto de seu trabalho para de alguma forma “dá-los” aos pobres o mundo fica mais “justo”. O mesmo pensamento torpe que possuía o mítico Hobbin Hood. Ocorre que no estado intervencionista, pobre, ao consumir algo, também está pagando imposto...
Num efeito cascata, para baixo e para a pobreza, contrario ao do livre mercado que vai ao longo do tempo inexoravelmente melhorando o nível de conforto de todos os indivíduos, a sociedade sob o intervencionismo vai tornando as pessoas mais pobres a cada ação, ainda que a propaganda “desenvolvimentista e medidas sociais” demagógicas do estado alardeiem o contrário. (Mais cedo ou mais tarde a realidade econômica cobrará a amarga fatura à sociedade pelas agressões do intervencionismo a ela.) Claro, no entremeio, alimentando ideologicamente essa mentalidade tacanha que vai aos poucos empobrecendo os indivíduos no todo em uma sociedade, bem como roubando suas liberdades, está o desmistificado, mas diuturno e massificante discurso da ideologia do confronto de classes, se jogando pobre contra rico; discurso que no fundo nada mais é do que a reciclagem, na era da informática, da antiqüíssima e tenebrosa moralidade da inveja, hoje também apelidada de “justiça social”... No caso da loja Daslu, tentou-se fuzilar revolucionariamente a empresa usando-se estardalhaço policialesco no material redacional dos jornais televisivos e na mídia em geral, urrando-se descaradamente a doutrina da luta de classes, mostrando-se ao vivo e a cores para o país a caça que o deus-estado - que promove a nefanda queima de imenso capital da produção dos indivíduos laboriosos e criativos com a extorsão da tributação e outros - moveu á loja Daslu. “Templo de luxo” era a expressão pejorativa mais trombeteada pelos invejosos de todos os matizes à loja, estigmatizando-a, demonizando-a, como loja de rico. Cruel, bárbaro!
Diz o gênio de Ludwig von Mises na obra mais lúcida de economia já criada, Ação Humana – Um Tratado de Economia - capítulo XXVIII - o intervencionismo via tributação, pagina 1011, volume 4 - Instituto Liberal/Ordem Livre - “que para manter em funcionamento o aparato social da compulsão e coerção são necessários gastos em trabalho e em mercadorias. Num sistema liberal de governo, essas despesas são pequenas em comparação com a soma das rendas pessoais. Quanto mais o governo estende o seu campo de ação, maiores são as suas despesas”.
A tributação como é praticada num estado intervencionista como o brasileiro, contribuiu muito para a ruína de impérios. Já há algum tempo histórico, também é uma das principais armas que determinada ideologia coletivista tem para tornar uma sociedade livre e próspera, em uma sociedade pobre, e escrava. Ainda que com o auxílio da moderna fanfarra dos meios de comunicação para justificar sua ação para gastar impiedosamente o dinheiro do cidadão alardeando que com os impostos se cria a benfazeja, necessária e obrigatória onipresença do estado para o “desenvolvimento e justiça social”, “dando de graça” para a população, saúde, educação, etc.; apesar desse imenso cenário de desperdício, e propaganda enganosa, já existe uma parcela considerável de indivíduos no país tornando-se cada vez mais consciente do absurdo criado pelo intervencionismo - via tributação ou não – na vida de todos os cidadãos.
O povo, a sua imensa força criativa presente no seu diversificado e pujante espírito empresarial constante em todas as classes sociais, e igualmente agindo criativamente em cada individuo através das trocas voluntárias e indiretas de produtos e serviços, - cumprindo a única real função da sociedade civilizada que é a livre cooperação entre os seus indivíduos; - tem que livrar-se da brutal realidade do intervencionismo, que exaure suas forças, sua prosperidade, sua liberdade.
Vida longa, Daslu!
Ivan Lima
Ivan Lima, 62, é publicitário. Liberal da tradição clássica e Escola Austríaca de Economia. E-mail: ivanlima8@hotmail.com - Celulares: (91) 91442492 e 83532646
Governo Limitado - Propriedade – Liberdade - Paz
* Mises qualifica como economistas aqueles que entendem a economia como um ramo da praxeologia - a ciência da ação humana. Na visão de Mises, a maior parte dos economistas, embora formados por prestigiosas universidades, não poderia ser verdadeiramente qualificada como de economistas. Esse esclarecimento me parece, se faz necessário porque no caso brasileiro o leitor constatará que a grande maioria dos “economistas” formados em respeitáveis universidades, como PUC, USP etc., freqüentemente defendem medidas intervencionistas. Esse paradoxo levou o economista Paulo Guedes a observar num debate público que, infelizmente, “a grande maioria dos economistas brasileiros não sabe economia”. (Nota do tradutor de Intervencionismo – Uma Analise Econômica – de L.v. Mises, o saudoso Donald Stewart Jr, fundador do Instituto Liberal - no Brasil. (Nota do Editor de Ordem Liberal.)
“Atualmente, o principal instrumento do intervencionismo confiscatório é a taxação. Pouco importa se o imposto sobre a propriedade e sobre a renda é arrecadado com o objetivo alegadamente social de redistribuir a renda ou apenas com o de aumentar a receita do Estado. O que importa são as conseqüências da intervenção. O homem comum encara esses problemas com mal disfarçada inveja. Pergunta ele: por que alguém deveria ser mais rico do que eu? O intelectual, mais altivo, dissimula ressentimento fazendo considerações de natureza filosófica. Argumenta dizendo que um homem que possui dez milhões não poderia ser muito mais feliz se acrescentar à sua fortuna mais noventa milhões. Inversamente, um homem que possui cem milhões não terá a sua felicidade diminuída se a sua riqueza ficar reduzida a dez milhões. O mesmo raciocínio às rendas pessoais mais elevadas”. L. v. Mises - Ação Humana pg. 1099.
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