Por Klauber Cristofen Pires
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Dias atrás, fruto de uma conversa, ouvi o comentário de uma pessoa de meu convívio: “o problema é que vivemos em uma sociedade consumista!” Quantas vezes o leitor não deve ter ouvido – ou proferido – a mesma sentença? Já houve mesmo, tempos atrás, intensa campanha jornalística abordando este assunto; lembro-me inclusive de uma que sugeria o quanto que uma criança americana consumia, em contraste com uma européia (algumas dezenas de vezes), e outra indiana (algumas centenas).
Hoje até que parece, talvez depois de um elegante candidato ter se explicado para o Boris Casoy sobre seus ternos Armani, seguindo-se a uma enxurrada de notícias sobre aviões, pijamas de algodão egípcio, games para celulares, Land Rovers e caixas de uísque forradas com dólares, que a sentença anda meio em desuso. Não obstante, ainda perduram comentários neste sentido, por parte de quem tem a cabeça contaminada pelas idéias marxistas, para as quais o capitalismo significa uma sociedade de pessoas “consumistas”, seja lá o que isto signifique...
, consumismo
Refletindo sobre o ocorrido, constatei que, em toda a minha vida, sempre escutei isto de dois grupos humanos: os primeiros, representados pela pessoa já mencionada, memorizaram “de cor e salteado” as frases prontas acumuladas durante anos de doutrinação acadêmica e midiática, mas não ousam abdicar das conveniências da vida moderna. A bem que se diga, no instante em que a prezada colega citou a máxima, jaziam sobre sua mesa de trabalho uma bolsa de grife, um celular “chique” e as chaves de um bonito sedan do ano. Como se vê, segundo o conceito desta gente, “consumista” são os outros...
Refletindo sobre o ocorrido, constatei que, em toda a minha vida, sempre escutei isto de dois grupos humanos: os primeiros, representados pela pessoa já mencionada, memorizaram “de cor e salteado” as frases prontas acumuladas durante anos de doutrinação acadêmica e midiática, mas não ousam abdicar das conveniências da vida moderna. A bem que se diga, no instante em que a prezada colega citou a máxima, jaziam sobre sua mesa de trabalho uma bolsa de grife, um celular “chique” e as chaves de um bonito sedan do ano. Como se vê, segundo o conceito desta gente, “consumista” são os outros...
Apesar da hipocrisia flagrante, não é este grupo que mais me preocupa: tais pessoas estão apenas tentando encontrar justificativas – desnecessárias - para o sucesso de seus próprios esforços, procurando assim, ainda que infrutiferamente, dar algum senso de organização aos seus pensamentos confusos.
No segundo grupo, todavia, concentram-se aqueles que, por não gozarem de uma abundância material, desferem o epíteto de “consumista” sobre aqueles que lograram conseguir os bens desejados. Não são pessoas materialmente pobres, comuns, mas uma gente especialmente sofredora, porque se alimentam de rancor e inveja.
Pois bem, então desmistifiquemos isto: “consumista”, para se ter uma boa definição, seria uma tal sociedade como a dos nômades que, vivendo da extração, consomem os recursos naturais existentes, mudando-se depois da exaustão para novas paragens. Os gafanhotos são assim. Os integrantes do MST também.
Em uma sociedade capitalista, as pessoas consomem, sim, mas aquilo que produzem! Nossa sociedade é, portanto, “produtivista”! Parece ironia, mas nem o corretor do Word, o aplicativo em que eu escrevo este artigo, reconhece o termo (rs...). Pois que se inaugure o neologismo, pois “produtora” não parece carregar o significado de ânimo de produzir que possui “produtivista”. Aliás, “produtora” estaria para “consumidora”, que também não significa o mesmo de “consumista”.
Somente para ser mais preciso, nossa sociedade, a brasileira, parece mais ser caracterizável pelo termo “sub-produtivista”, pois, minada por insuperáveis dificuldades criadas pela ação estatal, não alcança produzir a maior parte dos bens em quantidade suficiente para os seus cidadãos. Na sociedade norte-americana, diferentemente, a ampla maioria dos cidadãos goza de obter bons produtos a preços acessíveis.
Destarte, todos os países desenvolvidos, ao contrário de que se faz crer, possuem suas florestas, rios e mares bem preservados. Certa vez, enquanto aguardava a minha vez no consultório do meu odontologista, li uma reportagem sobre o Japão, e conforme pude observar, contemplando as fotos do satélite, densas florestas cobrem a quase totalidade de área de suas ilhas, comprovando as impressões que tive quando, anos atrás, visitei algumas vezes aquele belo país, e tudo isto sem afetar a sua posição de ser uma das nações mais industrializadas – e populosas - do mundo. No rio Tâmisa, pode-se remar e pescar. No rio Mississipi, também.
A alcunha “consumista” , como se vê, não passa de uma muleta exibida por aqueles que defendem um sistema que, nos dizeres do filósofo Luwig von Mises, “jamais foi capaz de criar sequer um abridor de latas”. De fato, e sempre nos países onde o comunismo se impôs, a grande parte da população sofreu ou tem sofrido as maiores vicissitudes, e diga-se, isto sem qualquer aspiração a uma alegada ascese espiritual.
Tempos atrás, ouvi do próprio Sr. Ricardo Alarcón de Quesada, presidente da Assembléia Nacional de Cuba, proferindo sua fala final em entrevista na TV Cultura, a seguinte alegação, mais ou menos nos seguintes termos: “a sociedade socialista não foi capaz de produzir coisas tais como liquidificadores, mas isto não é o nosso objetivo, que é disseminar a solidariedade entre as pessoas...”. Notei que ele falara aquilo possivelmente por ter se sentido fracassado – talvez não convencera nem a si próprio - em seus esforços de defender o terrível regime que vige em seu país, ainda que sob a branda e complacente abordagem de seus entrevistadores da tv estatal.
Afinal, de que “solidariedade” estaria ele a falar? A moral? Pois como os cidadãos cubanos podem praticar a solidariedade, se a cada um deles falta o mínimo, e pior, são proibidos de, por si mesmos, proverem às suas necessidades? Os cubanos, exceto pelos que representam a casta da burocracia dirigente, não tem nada o que dar, emprestar ou trocar, e mesmo que tivessem, isto lhes seria vedado, pois trocas significam comércio.
Uma “República Popular e Democrática”, segundo os conceitos dos detratores das sociedades pautadas pela livre-iniciativa, não comporta a faculdade de uma pessoa qualquer possuir alguma capacidade de compra e decidir por si mesma o que deseja comprar, e/ou de quem comprar. Pois a ela será dado, de acordo com Marx, “segundo as suas necessidades”, o que, obviamente, resulta que não será ela própria quem decidirá quais estas sejam, mas sim um grupo de privilegiados burocratas, estes realmente merecedores de possuírem coisas tais como liquidificadores, ou, quiçá, telefones ou mesmo carros.
Tomara que este singelo artigo tenha sido suficiente para aclarar as dúvidas de quem tem ouvido tais impropriedades, mas até então não tenha se detido para fazer um exame mais cuidadoso. Pois assim exorto estes queridos leitores para simplesmente responderem: “- consumista, não: Produtivista!”.
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