segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Papel Reciclado? Quanto Desperdício!

Por Klauber Cristofen Pires

(Inspirado no artigo “Recycling: What a Waste!”, de Jim Fedako, em

Tempos atrás, recebi um programa de um concerto musical produzido em papel reciclado. Achei curioso e decidi pesquisar um pouco sobre este modismo politicamente correto, e encontrei algumas informações que, digamos, valem por um questionamento.

Primeiro, vale lembrar – ou informar, pra quem não sabe - que a produção de papel, no Brasil, é ponta de lança mundial. Nós temos simplesmente o melhor e mais barato papel do mundo, e todo ele fabricado a partir de árvores plantadas. Nosso país possui uma relativa abundância de madeira e grandes reservas de caulim de excelente qualidade (o pigmento que deixa o papel branquinho e brilhante).

Já o processo de reciclagem de papel, mesmo aquele feito por processos semi-industriais ou industriais, tem como resultado, na melhor das hipóteses, algo parecido com o que se usa nas casas de secos e molhados para embrulhar pão, lingüiça ou farinha. É um papel de cor ocre, grosseiro, com visíveis impurezas; as fotos perdem a nitidez e as cores ficam pálidas.

Todavia, conquanto se pareça com um mero papel de embrulho, o reciclado custa muito mais caro, e tanto é assim que seu uso se restringe a usos nobres, como cartões natalinos, prospectos de shows de teatro e convites de formatura. Na verdade, o que faz o sucesso do papel reciclado é a sugestão que move as pessoas a pagar um alto preço por ele, pensando que assim ajudam a natureza.

Entrementes, por alto que já seja o preço do papel reciclado no mercado consumidor, ele ainda não comporta em si todos os custos para a sua produção, pois não entram na sua contabilidade o IPTU e a taxa de coleta de lixo, que todos pagamos, e que, dependendo do município, cobrem os custos de coleta, seleção e possivelmente, de alguma etapa prévia de sua reindustrialização. Destarte, também não cobre o nosso próprio custo doméstico de comprar mais recipientes para a separação, e nem, afinal, o nosso trabalho de separá-lo.

A economia nos ensina que, dados dois ou mais métodos de se produzir alguma coisa, a escolha pelo menos custoso é a que mais preserva os recursos naturais. Será preciso provar este postulado? Então vejamos: quem consome mais tinta? A moderna caneta esferográfica, ou a caneta-tinteiro? E quem consome mais gasolina? Um carro popular atual ou aqueles “DKV’s” que, além do combustível, também queimavam óleo? Falando de carro, quem consome mais aço? Os de hoje ou os da metade do século anterior? E eletricidade? A tv de hoje ou aquela de válvulas?

Já ouvi dizer que os office-boys da famosa rede Wall-Mart são instruídos para coletarem de volta os clipes dos documentos que foram entregues aos destinatários, como parte de seus procedimentos de redução de custos. Como era de se esperar, tem havido protestos, com alegações, em função disso, de condições de trabalho ultrajantes. Ora, isto nada tem de ultrajante. Reutilizar os grampos não ofende ninguém e cada clipe que retorna gera uma economia que pode ser repartida entre a empresa, o cliente e o governo. E a natureza? Agradece, claro!

Em outros países, os clientes podem comprar detergentes e produtos parecidos a granel: de posse do vasilhame, é só levá-lo ao supermercado e enchê-lo. No Brasil, esta técnica ficou melhor assimilada com o uso das embalagens “refill”, feitas de um saquinho plástico, para que o cliente em casa complete o frasco. Ei, e vale lembrar que ainda funciona o método de comprar refrigerantes e cervejas com troca do “casco”; uma invenção simples e econômica que já existia muito antes da ordem unida: “-reciclar!”

Como vimos, “reduzir” e “reutilizar” produzem muito mais resultado do que reciclar. Ao observarmos o trabalho dos catadores de lixo, verificamos que, no possível, eles procuram manter a integridade dos objetos e materiais coletados, justamente pensando em “reutilização”, como no caso das caixas de papelão e vasilhames de vidro. Lembremos que os catadores de lixo agem de acordo com as demandas de mercado.

Dado o alto preço do alumínio, a relativa facilidade de obtê-lo no lixo e um produto da reciclagem ser tão bom quanto o original, é possível que a coleta de latas de bebidas tem sido um dos poucos materiais que tornam economicamente viável a reciclagem. No caso do papel, entretanto, não soa ser assim, no que pese tamanha campanha pró-reciclagem. Nos telejornais e programas sedizentes educativos, mostram-se crianças nas escolas aprendendo a reciclar papel: moem, molham, adicionam cola, prensam, e aprendem nestas oficinas como podem desperdiçar seu precioso tempo, e deixar de fazer algo mais benéfico para si mesmas e para a humanidade para poder produzir algo com péssima qualidade.

Quem de fato está interessado a ajudar a natureza, pode decidir por tomar atitudes melhores de que pagar para ajudar a produzir algo que depois pagará de novo, e mais caro, para obter: atualmente, por exemplo, dificilmente precisamos de documentos escritos; uma apresentação com “data-show”, que alguém deve fazer, para digamos, relatar as realizações de seu departamento, pode muito bem dispensar o acompanhamento de cópias impressas dos slides. Isto é perda de tempo e de dinheiro. Depois os ouvintes jogarão estas cópias no lixo. Melhor fizer se coletar o endereço de todos e depois enviar o arquivo por email.

Outra boa solução é imprimir os dois lados da folha. Ela foi feita pra isto, mas muita gente, por ignorância ou preguiça, as utiliza em um só lado; impressões de ambos os lados resultam em documentos e processos menores, mais fáceis de manusear, e economizam. Outra dica é visualisar o documento antes de imprimi-lo. É incrível, mas a maioria das pessoas que conheço são aquelas que imprimem várias vezes e também várias vezes dizem: “droga”(ou coisa pior...)

Concluindo, não se trata aqui de refutarmos – a priori – a reciclagem. Ela pode ser útil e necessariamente preservadora da natureza se for economicamente viável. Com o papel, é visível que os custos de reciclagem superam em muito os da já bastante eficiente produção nacional de papel original, e pior, para resultar num produto muito inferior. Isto claramente indica que, para a sua produção, utilizamos, com desperdício, outros recursos que poderiam ser melhor utilizados em outras finalidades.
A reciclagem de papel, portanto, pode agravar a poluição e e devastação, ao invés de contê-la. O erro dos ecologistas está em tomar a reciclagem como uma ordem geral, despida de qualquer raciocínio lógico e pragmático, e pautada caso a caso. Erros assim são típicos dos déspotas e tiranos, ignorantes conscientes e orgulhosos dos princípios do livre-mercado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Preserve a Natureza: Não Maldiga o Lucro!

Por Klauber Cristofen Pires

Quem poderia imaginar que de um curso de sobrevivência na selva poderíamos ter uma aula de economia? Não é exagero, mas isto mesmo! O Centro de Instrução de Guerra na Selva – CIGS, sediado em Manaus, é uma das instituições mais respeitadas do mundo no que faz: ensinar técnicas de combate e sobrevivência em florestas equatoriais, e o curso de sobrevivência, que também é extensível a civis, tem, entre seus ensinamentos, o de que se não deve extrair os palmitos das palmeiras.

A razão? Não, não pensem de que se trata de alguma portaria do Ibama. A questão é outra: o trabalho de obter o palmito, que envolve cortar a palmeira, retirar as folhas e as lâminas externas que envolvem o broto comestível, consome mais calorias do que se obtém com a sua ingestão. Na selva, seja para o soldado ou para um sobrevivente de um desastre aéreo ou naufrágio, a moeda corrente são as calorias.

Evidentemente, ao pegarmos um vidro de palmito na prateleira do supermercado não estamos a valorizá-lo por seu valor nutricional, mas pelo seu sabor, pelo que o temos como uma iguaria. É apenas uma questão de preferências. Não obstante, a lei continua a ser a mesma: notemos que um vidro de palmito custa bem mais caro que outros legumes ou verduras. Este preço salgado tem uma informação a prestar: que o público deve consumi-lo com moderação. Se, por acaso, houver uma excepcional procura, isto é, se uma parcela expressiva da população exercer a sua preferência por este bem, o preço aumentará cada vez mais, dissuadindo os fãs menos ardorosos, até equilibrar a oferta com a demanda.

Entretanto, isto não é tudo: um dado preço tem a característica também de incentivar a produção, e é isto o que tem ocorrido justamente com o palmito, pois já há produtores animados com o mercado promissor. Se depender deles, as saladas não sentirão a falta do ingrediente precioso.

Tem sido muito comum disseminar a idéia de que o lucro é o grande motor da devastação da natureza. Na tv, nos livros escolares, nas tribunas dos políticos ou mesmo nas missas, tem sido vendida com muito sucesso a idéia de que somos todos vítimas de empresários “gananciosos” e “inescrupulosos”. Não fôssemos um povo tão fútil e mentalmente preguiçoso, bastaria pouco para ver que o lucro, por si só, nada informa sobre a extração de recursos naturais. Por maior que fosse a expectativa de lucro da atividade madeireira, por exemplo, nada ele poderia fazer se a população abdicasse de querer casas, móveis e outros objetos de madeira, ou que para isto preferisse, por exemplo, o plástico ou o aço. Em termos bastante simples: não é o lucro que serra a árvore, mas sim a demanda das pessoas. Aquele que em público condena a insensibilidade do madeireiro, mas ao voltar pra casa senta-se numa mesa de madeira, pega suas roupas num roupeiro de madeira e dorme em uma cama de madeira, age como um hipócrita, dado que é seu cúmplice patrocinador.

Extrair madeira com objetivo de lucro é muito mais vantajoso para a preservação da natureza, porque a atividade tende a se desmobilizar quando se torna economicamente desinteressante. Que não sejam os motivos econômicos, serão, por exemplo, os políticos: não serão pessoas comuns as beneficiadas com casas, móveis e objetos, mas políticos e burocratas, que, pelo fato de que não haver um preço definido para a madeira, e mesmo que houvesse, NÃO seriam eles que pagariam por ela, nada se importam com o custo de ter uma bela estante de mogno trabalhado em seus gabinetes, bastando-lhes, para tê-la brilhando, lustrosa, à sua frente, não mais que uma canetada. Não serão também, da mesma forma, empreendedores a lhes fornecer, servindo como mais uma instância de juízo sobre a conveniência da empreitada, mas peões ou soldados, que lhes obedecerão cegamente, até que não haja um mínimo pedaço de pau para se fazer um palito de dente.

Isto já aconteceu antes, e muito nos países comunistas. Um dos exemplos mais marcante foi a esterilização do mar de Aral, antes uma das maiores reservas piscosas daquele país. A eliminação das árvores da ilha da Páscoa também pode ser um exemplo significativo, pois eram colhidas para a construção e transporte daqueles cabeções, tão somente com o objetivo de saciar a vontade dos soberanos.

Sempre que fazemos algo com intuito de obter lucro, desde que haja liberdade de concorrência – não é necessário que haja uma concorrência real e já estabelecida – tendemos a racionalizar ao máximo os custos, e nisto reside um grande fator de preservação dos recursos naturais!

As primeiras geladeiras, para quem não sabe, consumiam o gás refrigerante sem retorno! Isto mesmo: quando o gás acabasse, o seu dono tinha de comprar mais uma garrafa de gás. Este sistema perdurou principalmente nas frotas de caminhões frigoríficos. Foi o custo de produzir este gás que gerou a necessidade de um sistema de refrigeração que o condensasse novamente para reutilização em um novo ciclo. Se nos ativermos somente às geladeiras, veremos que hoje um destes aparelhos consome menos de um quarto da energia elétrica, possui uma eficiência térmica muito maior, dificilmente enferruja ou dá pane, e somente exige uma carga de gás se houver um dano físico ao seu sistema.

Os pneus dos carros, que antes furavam por qualquer motivo e exigiam uma câmara interna, hoje rodam mais de sessenta mil quilômetros sem necessidade de troca, e ainda admitem uma recauchutagem que lhes dará uma sobrevida de mais uns vinte mil quilômetros! Outra: quanto se gastava antigamente de tinta com a escrita a bico-de-pena? Imagine-se, há meio século atrás, a escrever este artigo, molhando uma pena, palavra por palavra, no tinteiro, e depois passando o mata-borrão! Mesmo as famosas canetas-tinteiro, objeto do desejo de tantos estudantes daquele tempo, consumiam, por documento, muito mais tinta que as modernas esferográficas. São milhões os casos em que a busca de eficiência resultou em produtos cada vez melhores, mais seguros e mais baratos. Não dá, para o tamanho que se espera de um artigo, continuar citando aqui, mas qualquer pessoa pode observar que isto é verdadeiro.

Se há um único argumento que se pode apontar contra o sistema de livre mercado, é o de que este procura atender a pessoas comuns, pessoas do povo, e a um número cada vez maior. Os ambientalistas detestam isto: não que não adorem as maravilhas modernas, pois delas não abrem mão, ah, isto não! Carro popular? Cruz-credo, que cafonice! Um daqueles luxuosos jipões 4X4 é o mínimo aceitável. Aceitável, mas só pra eles e pra quem se lhes garanta o poder de determinar como os outros devem viver. Não à toa, em nosso país, comunidades inteiras, que viviam em seus domínios muito antes da chegada destes gurus do comportamento alheio, hoje passam fome, pois foram proibidas, por estes estranhos que se interpuseram a elas, de pescar, caçar, extrair o alimento ou o remédio da flora, ou mesmo de plantar uma modesta “rocinha” ou criar uma galinha ou porco (pois são espécies “invasoras”). Agora só o que podem fazer é esperar que caia um pedaço de pau de uma árvore para fazer uma carranca e implorar para que um ambientalista passe por lá e compre! Eu é que não vou comprar: artesanato é uma daquelas coisas que só tem uma utilidade: dar de presente.