quarta-feira, 28 de abril de 2010

Com quantos ministérios se faz uma canoa...furada?

Por Klauber Cristofen Pires

Quem há de se lembrar da mão - com cinco dedos e cinco propostas - da campanha de Fernando Henrique Cardoso? Pois, um daqueles estendidos referia-se à segurança pública, simplesmente deixada de lado após a diplomação. Segundo os jornais da época, não foi possível cumprir a promessa, porque tal matéria é da competência dos estados. Ahh, tá...ei, espere um momento: quer dizer que FHC, um doutor da USP, cercado de assessores de todos os tipos, não sabia disto antes?  Como costuma dizer meu pai, quo refrestacus patus annus lacus est... ou ainda, "enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé"!
Aonde foi que eu li esta frase "Quem quer resolver alguma coisa, vai lá e faz; quem não quer, cria um ministério"?

Se eu não perdi outras declarações do candidato do PSDB, Sr José Serra, já temos prometidos para o seu governo dois novos e extravagantes ministérios: o da "segurança pública" e o dos "portadores de deficiência física". Neste ritmo, até o fim da campanha, ainda teremos mais doze, se a eleição acabar no primeiro turno, ou mais catorze, se for decidida no segundo...

Segundo Hans-Hermann Hoppe, as social-democracias constituem-se no pior dos infernos socialistas, porque tudo na vida está sujeito, indefinidamente, à barganha política. Ninguém faz mais nada, desde que acorda até o momento de se deitar, do que atacar a posição de alguém ou de se defender do ataque de outros grupos de pressão - e isto se não sonhar, durante o sono, com as reivindicações do dia seguinte". Em nome da mais estrita igualdade, cada ato político de redistribuição de renda gera novas distorções, e os grupos sociais vão assim se revezando no papel de opressor e de vítima.

Esta batalha diária - a de procurar obter renda por meios políticos, antes do que por meios contratuais, por sua vez, gera um efeito cíclico extremamente danoso à personalidade dos cidadãos, que aos poucos vão se tornando progressivamente mais burros, mais indolentes e mais cínicos. Isto explica porque o crescimento do populismo oferece a oportunidade para as promessas mais esdrúxulas.

Apreciemos este techo do filósofo alemão:

"Então, sob um sistema de equalização de renda e riqueza e também sob aquela política de salário mínimo, são principalmente os sem-posses os apoiadores da politização da vida social. Dado o fato que na média ocorre serem eles relativamente menos capazes intelectualmente, e em particular, verbalmente, o resultado para a política é a de sofrer uma grande carência intelectual, para dizer o mínimo". (Hoppe, Hans-Hermann. Uma Teoria sobre o Socialismo e Capitalismo. P. 38)

Estamos como dantes no quartel de Abrantes. Getúlio Vargas vive!  Vale a verve, a garganta, o flash momentâneo. Quem conhece a piada da Emobras? Bem, vou repassá-la, aqui meio sem graça, eis que não tenho talento pra comediante, mas só para conhecimento: trata-se de um político em um palanque que, para vencer o seu rival, e sem ter porcaria nenhuma na cabeça, avista uma placa ao longe com o letreiro "em obras", e brada para a multidão presente: "meu povo, lembrem-se de quem trouxe a Emobras para a nossa cidade fui eu..."

Enquanto Serra vai anunciando um ministério novo a cada lugar ou feira que visita, cá eu venho oferecer a oportunidade aos leitores para fazerem as suas sugestões. Eu protestaria contra as ervilhas redondas: sempre rolam do sanduíche. Um ministério das ervilhas quadradas ou pelo menos discóides bem que cairia bem.

Serra e Dilma, Dilma e Serra...Marina aqui, Marina ali.... Onde está mesmo o Wally, digo, o Ciro? Nenhum destes sujeitos tem um pingo de liderança, bom senso ou uma proposta decente para oferecer. Vivem do que seus marqueteiros lhes sussurram aos ouvidos, ou aproveitam a moda lulista para dizer a primeira bobagem que vier à telha.

O dia em que a sociedade se vir em frente a um candidato que aponte para a realidade em que todos estamos vivendo, dando o nome aos bois e afirmando o que deve ser feito, possivelmente terá um surto, ou quem sabe, isto possa acontecer dentro de um futuro distante, sem traumas, quando os eleitores aprenderem a exigir deles o respeito e a cobrar-lhes a postura condigna com a gravidade da missão que se voluntariam.

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