segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Como a Intervenção Estatal está gerando a próxima crise

endowmentPrestem a atenção no folheto que está sendo exibido na mesa da minha gerente do banco aqui nos EUA. Ao vê-lo, senti um imediato arrepio na espinha.
Para quem não sabe, os subsídios da Fannie Mae foram, com o perdão do trocadilho, a mãe da crise imobiliária de 2008. Agora ela ataca novamente financiando a primeira casa com entrada de 3% – menos do que os custos padrão de uma transação.
Explicando em bom português: o banco financia a casa para o primeiro comprador subsidiado pela a Fannie Mae, por sua vez patrocinada pelo dinheiro dos contribuintes americanos. Se o comprador deixa de pagar e o banco retoma a casa, terá todos os custos para revende-la (impostos, registros, corretagem e comissões). Além dos custos, o banco geralmente tem pressa em vender o imóvel e, portanto, vende com prejuízo. Quem paga essa conta? Se você respondeu “o contribuinte”, acertou. Até 2007, acredite se quiser, era possível financiar 110% de alguns imóveis, ou seja, você comprava o imóvel sem botar nem um centavo e o banco ainda te dava um dinheirinho extra.
Ou seja: país mal se recuperou da última bolha imobiliária e a intervenção governamental já está trabalhando na próxima, praticamente idêntica! O resultado pode demorar a vir, mas virá.
Os “coordenadores do mercado”, como gosta de ser chamado o ministro Nelson Barbosa, adoram essas gracinhas. Fannie Mae, Freddie Mac, ou, para trazer a coisa para a realidade brasileira, Minha Casa Minha Vida são os seus filhotes. Sob o pretexto de fazerem o mercado “ajudar a quem precisa” – e ganhar alguns votos no processo – juntam todos os temperos de uma crise na panela de pressão.
O resultado dessa receita todo mundo já sabe. 

SOBRE O AUTOR

Paulo Figueiredo Filho

Paulo Figueiredo Filho

Cursou Comunicação Social e Economia na PUC-Rio e é bacharel em Filosofia. Teve significativa passagem pelo setor público como assessor especial e chefe de gabinete no Governo do Estado e na Prefeitura do Rio de Janeiro. De volta à iniciativa privada, hoje atua como CEO do grupo Polaris Brazil, à frente de empreendimentos imobiliários e hoteleiros de porte internacional, incluindo o Trump Hotel do Rio de Janeiro.

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