Os políticos.
Por Ivan Lima
“A história da humanidade é a história das idéias”.
Ludwig von Mises
Alguém, certamente ligado de alguma maneira á política, me
indaga se acredito mesmo no desaparecimento dos políticos. É conhecida a
citação de Aristóteles sobre a condição humana e a política. Mas o grande
grego, apesar da sua genialidade em sistematizar cientificamente o conhecimento
contribuindo fundamentalmente para a fundação da civilização ocidental, apenas
intuiu, ligeiramente, como outros pensadores gregos, da importância teórica de
elementos que só mais tarde vieram se provar efetivamente superiores em importância
na vida humana á política. Foi o caso, por exemplo, que se deu com a economia.
Evolucionária e lentamente isso se deu no tempo e no
processo mental dos estudiosos. Podemos observar que desde mais ou menos 1.300,
os cidadãos ingleses já vinham naturalmente vivenciando um processo que muito
mais tarde ficou conhecido como liberalismo. Até que em determinado período, o grande escocês
Adam Smith e sua obra – marco “A Riqueza das Nações”, foi lançada em solos
férteis pelo mundo. Já mais para cá no tempo, se deu como que para complementar
um período áureo na evolução sobre o pensamento econômico, o aparecimento do
que se denominou chamar de “Escola Austríaca de Economia”. Seus componentes, como se
sabe, trouxeram com seus estudos e descobertas luzes importantíssimas á
contribuição para a compreensão sobre o fundamental papel da economia na vida
humana. De Smith á Ludwig Von Mises, temos uma plêiade de indivíduos que afinal
e verdadeiramente apreenderam os elementos mentais que faltaram aos filósofos e
pensadores da Grécia Clássica.
Infelizmente, muito embora a refutação de importantes
elementos teóricos socialistas como teoria marxista do valor trabalho – não
resolvida pelos clássicos e roubada de Ricardo por Marx, - ou a refutação da
teoria da exploração e outros tenha se efetivado pela “Escola Austríaca de
Economia”, a ideologia socialista com seu forte e enganoso apelo emocional já era triunfante no mundo, com ela
inaugurando a era da superlativação dos políticos. Mas a luta pela liberdade
não foi abandonada. Esse escrito é um exemplo.
Esse introito tem o propósito de ilustrar e lembrar que há
poucos dias escrevi aqui sobre a era liberal e os políticos, e, agora, em razão
da pergunta a que fiz referência acima, discorro.
Na era liberal os políticos viviam na importância do seu
quadradinho, legislar e fiscalizar, num ambiente de quase ausência de governo –
que cuidava basicamente da segurança do cidadão através do cumprimento do
império da lei e administração da justiça. Com isso, as sociedades que adotaram
a filosofia liberal deram um salto gigantesco em liberdade e prosperidade, impulsionando
por conseqüência o homem a uma qualidade de vida nunca dantes experimentada.
Com o advento da era do socialismo, - de conflitos
permanentes, luta de classes, legislação trabalhista, teoria da exploração,
revolução social, etc, os políticos passaram a ter uma importância superlativa na
vida dos indivíduos e sociedade. E o cerne para toda essa importância e poder
dos políticos de hoje em todo o mundo, renasceu de uma única fonte: o poder legislativo sobre a propriedade e a
concomitante criação e lançamento de impostos sobre ela. Daí, como uma pedra
jogada num lago plácido, todo o espontâneo arranjo de cooperação social na era
liberal se deformou, foi violentamente agitado, subvertido, corrompido pela
política dos estados intervencionistas na economia, comandada pelos políticos. Marxistas
ou não.
A ética que era o padrão que podia ser simbolizado num fio
de bigode passou a sofrer as conseqüências degradantes dessa agressão do
coletivismo, dessa violação sobre a propriedade e a vida do cidadão, sobre os
programas educacionais, a cultura da honra, da boa arte, da boa arquitetura, enfim,
a conservação e criação do belo e do bem.
Como uma das conseqüências dessa nefasta subversão, o padrão
ouro, fruto da era liberal e sua esplêndida estabilidade e prosperidade econômica
em todo o mundo começou por ser abandonado, bem como se passou a marginalizar
em todos os sentidos o indivíduo em prol do coletivismo – que é uma abstração
que só serve aos políticos e burocratas e sua sede insaciável de poder e controle sobre o cidadão, através da regulação de suas propriedades e livre
escolha. A filosofia coletivista passou a impôr “função social” á propriedade,
assaltando-lhe em tributos e quebrando-lhes a essência do pilar civilizatório
que reconhecidamente é a propriedade para todo individuo racional.
Graças á ausência dessa filosofia destrutiva na era liberal, o dia a dia das pessoas tinha por conseqüência a ausência também da superlativação dos políticos de hoje em suas vidas. Conseqüentemente, os
indivíduos possuíam a ausência também da macabra superlativação do estado de
hoje, - comandado por políticos e burocratas – e sua nefasta atuação sobre a
propriedade, liberdade, e propriedade das pessoas, vinte e quatro horas por dia
agredidas e empobrecidas pelos impostos. Foi tal o poder absurdo que passaram a
ter os políticos, e sua nefasta atuação via estado sobre o cidadão, que se
formou a lenda, em alguns países, que políticos podem fazer raios pararem e até
boi voar...
Registre-se, que concomitante com a era do liberalismo
econômico, coexistia a esplêndida era do conservadorismo. E a razão sempre
ditou que o exemplo vem de cima – tanto para o bem como para o mal. No universo
dos políticos e degradação, ilustrando muito bem isso em poucas palavras, Olavo
de Carvalho fala em vídeo sobre a monarquia e D. Pedro II. E logo a seguir fala
sobre essa monstruosa república e determinada figura demoníaca dela nascida. E
esses megas desastres provocados pela superlativação da política e do estado populista
nada mais são do que o insaciável apetite demagógico dos políticos para nivelar
por leis e decretos indivíduos analfabetos e torpes á nobres e aristocratas,
aumentando assim em dimensões cósmicas de degradação moral e imbecilidade a
chamada condição humana no mundo.
Não se iluda: o que tem impedido não só o Brasil bem como a
civilização de serem aprisionados e impiedosamente destruídos pela nefasta
atuação dos maus políticos, inclusive abrindo de vez as suas próprias
fronteiras civilizatórias aos bárbaros, deve-se á resistência da razão em boa
parte das populações, e seu ainda forte poder moral, cristão, conservador,
individualista, e ação pró-liberalismo, este, ainda que só nas suas
conseqüências econômicas com o capitalismo.
Logo, e finalizando a resposta, acredito sim, que nesse
perfil explanado, o político tem que desaparecer. Se a médio, longo ou
longuíssimo prazo, fica para a disposição de luta dos liberais, que inclui
estudo permanente e trabalho árduo para auxiliar os intelectuais, políticos, e
as massas a mudarem de mentalidade.
Ivan Lima é editor de Libertatum
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