Porque eles nos odeiam?
Por Vanderli Camorim
George Walker Bush, Presidente dos EUA, por ocasião dos atentados do 11/9 fez um pronunciamento em que perguntava por que os americanos eram tão odiados. Ele dificilmente acreditava num ódio tão grande capaz de uma façanha tão medonha como aquela das Torres Gêmeas. Ele considera a América tão boa para o mundo que não compreendia tamanho gesto. Como Bush muitos pensam ainda da mesma forma. É difícil entender esta situação sem irmos a busca de uma explicação na própria história.
No início do século 19 os EUA eram admirados e louvados. Não foram poucos os intelectuais que chegaram à América atraídos pela força de sua economia e curiosos em desvendar o seu mistério, um admirável fenômeno jamais visto. Visconde Bryce,Toqueville e muitos outros, inclusive socialistas como Robert Owen, por exemplo, que achava que lá o seu projeto iria dar certo. Marx, mesmo não tendo ido aos EUA, tendo ido uma das filhas e o genro Lafargue, teceu alguns comentários elogioso até.
Mas, à medida que se aproximava o fim do século 19 este encantamento desaparecia.
Enquanto se mantinha a politica liberal clássica que regia as relações entre as principais nações do globo a América era considerada o país dos fortes, bravos e livres.
A filosofia liberal vinha se fazendo desde muito tempo ainda na idade média. Seus primeiros sinais vão surgindo na Europa ocidental, principalmente nos países como Holanda, Escócia e Inglaterra, e aos poucos foi tomando corpo em uma teoria independente. Não é nenhum projeto para a transformação do mundo, mas uma interpretação teórica dos fenômenos desencadeados pelo próprio homem na procura por seu bem estar. A economia política inglesa e fisiocracia francesa indicava o caminho da sua compreensão.
Ficava cada vez mais clara a idéia de que quanto menos governo e mais liberdade econômica, maior seria o progresso material. Foi sintetizado nas palavras “laissez faire, Laissez passé”. Nos EUA encontrou terreno mais fértil e inspirava as pessoas que para lá iam á esperança de nova vida a despeito de todos os perigos no caminho. Ir aos EUA sem precisar de documentos ou passaporte sequer, era um convite irresistível. Circulavam livremente pessoas, bens e capital. Havia os que chegavam só com a cara e a coragem. Mas a América era a terra da oportunidade. Enriquecer era questão de tempo, bastando apenas trabalho duro e produzir algo para seu semelhante pelo menor preço sem prejuízo da qualidade.
Existiam os oportunistas e os aventureiros do ganho rápido e fácil de sempre que enriquecem enganando os outros. Mas esta não era a característica da América daquele tempo. A sua marca era a inovação, a criatividade, a produção em massa para as massas.
Seus verdadeiros representantes foram pessoas como Henry Ford, que colocava a humanidade sobre 4 rodas, Thomaz Edison, que iluminou a humanidade com a luz elétrica, Rockefeller, que inundou a terra com combustível barato, Andrew Carnegie, que forneceu o aço em larga escala para a construção de ferrovias e arranha-céus, e muitos outros. Eram emigrantes e filhos de emigrantes trabalhando duro desde as poucas idades e que tiveram a sua chance e enriqueceram. A terra de pouco governo e de liberdade econômica abria os olhos das pessoas e gerava gigantes. Abriram novas frentes de atividades econômicas, rompiam velhas fronteiras que impediam os homens de ir mais em frente, faziam cair drasticamente a distância que separavam o homem estreitando os seus laços. Assim surgiram os que enriqueciam graças aos seus inventos e criações. O segredo era fornecer um produto bom e barato e que se as massas gostassem e se contribuía para aumentar o seu bem estar, retribuíam comprando, assim tornando-os milionários, despertando a admiração de muitos com os seus exemplos assim como a inveja e ódio de outros tantos.
Como ia ficando distantes os tempos das guerras napoleônicas quando o mundo parecia o mesmo de há mil anos. Vivia-se quase no escuro entremeado pela luz da vela, os barcos dependiam do vento, a tração dependia dos animais e por toda a Europa o padrão de vida era o mesmo. Mesmo assim, com todo este progresso que ressaltava todo o contraste de uma época, não anulava a profecia de Marx.
Marx, o profeta do apocalipse, dizia ainda em 1848 que o espectro do comunismo rondava a Europa. Era uma teoria. Poucos deram atenção. Poucos também a combateram. Poucos davam crédito a essa teoria. Mas em 1870 a vitória da Alemanha na guerra franco prussiana resultou não apenas na sua unificação, mas também que a teoria de Marx agora passava a ser programa de governo. Era o anúncio que o mundo mudara. Logo este programa foi copiado ou adaptado por todas as nações cada uma nas suas condições específicas. Como uma epidemia a idéia do socialismo e seu modelo foram se espalhando no mundo todo. Os EUA acompanharam esta tendência e muitos intelectuais se dirigiam à Alemanha como o religioso que se desloca para um lugar santo. Aos poucos foi se abandonando a política de livre mercado e adotando as varias teorias antiliberais. No Brasil, o golpe militar que derruba o Imperador D. Pedro II, acusa a sua presença entre nós desta teoria, mesmo disfarçada com o pomposo nome de Positivismo.
Idéias não se detêm diante de limites geográficos. O liberalismo foi considerado ultrapassado e substituído pelas teses do socialismo. A tese liberal que diz que os interesses dos homens são harmônicos e conciliáveis foi substituído pela teoria do conflito irreconciliável e antagônico que só pode ser resolvida quando o inimigo mortal dos trabalhadores for liquidado. Isto envenenou o mundo de certa maneira que criou uma arena de conflito mundial.
A 1ª Grande Guerra e a experiência de 1917 na Rússia acompanhada de perto da 2ª Grande Guerra mostrou uma realidade que muitos não queriam acreditar. Além da queima de riquezas incalculáveis que deixou a humanidade mais pobre, produziu a consolidação do socialismo á escala mundial. O liberalismo se tornou uma lembrança que poucos mantêm acesa. A profecia de Marx tinha se realizado. “Agora todos nós somos socialistas”.
Bem verdade que o socialismo era brindado como a passagem para um tempo de bonança e da prosperidade. As guerras seriam desnecessárias e a abundância reinaria na terra. Mas não foi isso que aconteceu.
Bush, como muitos, não se dá conta que é por estas razões que hoje são odiados, porque são os principais articuladores destas idéias, que subsidiam e a mantém viva; que de outra maneira seria apenas uma teoria cultivada por círculos esotéricos. É por isso que são atacados por todos os lados, lembrando os últimos anos de Roma Imperial.
Esse espectro desaparecerá tão logo se retorne ao liberalismo, a razão porque até hoje a América é lembrada como a terra dos bravos e dos homens livres.
Vanderli Camorim é autodidata, liberal, e articulista de Libertatum
Imagens Internet
Edição Ivan Lima
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