A importância da livre iniciativa
Armando Soares
Evaristo
de Miranda, escritor e pesquisador brasileiro da Embrapa com atuação nas áreas
de Ecologia, Agricultura, Meio Ambiente e Gestão Territorial, em belíssimo
artigo mostrou aos brasileiros o valor dos agricultores que conduzem com uma
eficiência notável um setor vital para manutenção da vida no meio de um Brasil
estraçalhado pela incompetência e pela desonestidade de políticos e
administradores públicos. Podemos afirmar sem medo de errar que o Brasil em
nossos dias se apresenta dividido em duas partes, uma extraordinária e
vitoriosa representada pela atuação da iniciativa privada na produção de
alimentos e matérias-primas e outra decepcionante e nociva aos interesses do
Brasil e dos brasileiros, a política, administrativa e institucional. Não fosse
a incrível desempenho do setor agropecuário a crise econômica e social
brasileira seria mais profunda.
O escritor e pesquisador Evaristo de Miranda
O
artigo de Evaristo teve também a propriedade de mostrar aos brasileiros a
nocividade de agentes que vem atuando no território brasileiro para conter o
desenvolvimento do Brasil e mais intensivamente o desenvolvimento dos estados
amazônicos. Estamos nos referindo aos ambientalistas, as ONGs nacionais e
internacionais, aos países ricos que financiam esses agentes nocivos, a ONU que
se tornou agente do novo colonialismo, a todos que de uma maneira ou outra se
colocam ao lado dos que querem a esterilização econômica dos estados
amazônicos, aos governos estaduais particularmente ao governo paraense
totalmente dominado pelo aparato ambientalista/indigenista priorizando
políticas ambientais que inibem o desenvolvimento econômico e aumentam a
pobreza e a dependência do estado de favores internacionais e da União.
Enquanto
o governo do Pará descarta o modelo capitalista de economia de mercado
substituído por um modelo ambientalista estéril, Evaristo de Miranda mostra e
prova a eficiência do modelo capitalista e da iniciativa privada em seu
brilhante artigo, que também toca num ponto de extraordinária importância que é
a colaboração efetiva do Brasil para diminuir e mesmo erradicar a fome no mundo
que destrói o ser humano e mata milhões de pessoas anualmente no mundo.
Evaristo mostra com exemplos irrecusáveis como um país pode contribuir para
erradicar a fome no mundo utilizando suas terras, seus recursos naturais, seu
potencial econômico para o bem da humanidade, e não para controlar mercados, a
economia mundial, os povos subdesenvolvidos, para produzir armamentos e
controlar o dinheiro. O governo do Pará priorizando uma política ambiental que
esteriliza a economia mostra sua incompetência e pobreza de visão. É
lamentável!
Evaristo
de Miranda conseguiu num curto artigo mostrar e provar ao povo brasileiro o
valor de um setor que vem sendo maltratado por governos desonestos, o seu valor,
o valor da agricultura brasileira que sustenta a vida, pondo na mesa do
brasileiro, comida farta e barata, uma atividade sublime, atividade de uma
iniciativa privada que nunca precisou de televisão, de radio, de jornal para
mostrar o seu trabalho grandioso que sustenta a vida.
Vamos
conhecer o brilhante artigo de Evaristo de Miranda.
Alimentar o mundo por Evaristo de Miranda -
Publicado em 26/09/16 – OESP
Divida a
produção de grãos de um país pelo seu número de habitantes. Se o resultado
ficar abaixo de 250 kg/pessoa/ano, isso significa insegurança alimentar. Países
nessa situação importam alimentos, obrigatoriamente. E são muitos os
importadores de alimentos vegetais e animais em todos os continentes, sem
exceção. O crescimento da população, da classe média e da renda, sobretudo nos
países asiáticos, amplia anualmente a demanda por alimentos diversificados e de
qualidade, como as proteínas de origem animal.
O
mais vendido refrigerante do mundo define sua missão como a de “saciar a sede
do planeta”. A missão do Brasil já pode ser: saciar a fome do planeta. E com os
aplausos dos nutricionistas.
Em
2015 o Brasil produziu 207 milhões de toneladas de grãos para uma população de
206 milhões de habitantes. Ou seja, uma tonelada de grãos por habitante. Só a
produção de grãos do Brasil é suficiente para alimentar quatro vezes sua
população, ou mais de 850 milhões de pessoas. Além de grãos, o Brasil produz
por ano cerca de 35 milhões de toneladas de tubérculos e raízes (mandioca,
batata, inhame, batata doce, cará, etc.). Comida básica para mais de 100
milhões de pessoas.
A
agricultura brasileira produz, ainda, mais de 40 milhões de toneladas de
frutas, em cerca de 3 milhões de hectares. São 7 milhões de toneladas de
banana, uma fruta por habitante por dia. O mesmo se dá com a laranja e outros
citros, que totalizam 19 milhões de toneladas por ano. Cresce todo ano a
produção de uva, abacate, goiaba, abacaxi, melancia, maçã, coco... Às frutas
tropicais e temperadas se juntam 10 milhões de toneladas de hortaliças,
cultivadas em 800 mil hectares e com uma diversidade impressionante, resultado
do encontro da biodiversidade nativa com os aportes de verduras, legumes e
temperos trazidos por portugueses, espanhóis, italianos, árabes, japoneses,
teutônicos e por aí vai, longe.
À
produção anual de alimentos se agrega cerca de 1 milhão de toneladas de
castanhas, amêndoas, pinhões e nozes, além dos óleos comestíveis – da palma ao
girassol – e de uma grande diversidade de palmitos. Não menos relevante é a
produção de 34 milhões de toneladas de açúcar/ano, onipresente em todos os
lares, restaurantes e bares. A produção vegetal do Brasil já alimenta mais de 1
bilhão de pessoas em todo o mundo, usando para isso apenas 8% do território
nacional.
E a tudo isso
se adiciona a produção animal. Em 2015 o País abateu 30,6 milhões de bovinos,
39,3 milhões de suínos e quase 6 bilhões de frangos. É muita carne. Coisa de 25
milhões de toneladas! O consumo médio de carne pelos brasileiros é da ordem de
120 kg/habitante/ano ou 2,5 kg por pessoa por semana. A estimativa de consumo
médio de carne bovina é da ordem de 42 kg/habitante/ano; a de frango, de 45 kg;
e a de suínos, de 17 kg; além do consumo de ovinos e caprinos (muito expressivo
no Nordeste e no Sul), de coelhos, de outras aves (perus, angolas,
codornas...), peixes, camarões e crustáceos (cada vez mais produzidos em
fazendas) e outros animais.
O
País produziu 35,2 bilhões de litros de leite (ante 31 bilhões de litros de
etanol), 4,1 bilhões de dúzias de ovos e 38,5 milhões de toneladas de mel, em
2015. É leite, laticínios, ovos e mel para fazer muitos bolos, massas e doces
nas casas do maior produtor de açúcar.
Em
50 anos, de importador de alimentos o Brasil tornou-se uma potência agrícola.
Nesse período, o preço dos alimentos caiu pela metade e permitiu à maioria da
população o acesso a uma alimentação saudável e diversificada e a erradicação
da fome. Esse é o maior ganho social da modernização agrícola e beneficiou,
sobretudo, a população urbana. O Brasil saiu do mapa dos países com insegurança
alimentar.
Com
o crescimento da população e das demandas urbanas, o que teria acontecido na
economia e na sociedade sem esse desenvolvimento da agricultura? Certamente,
uma sucessão de crises intermináveis. Era para a sociedade brasileira agradecer
todo dia aos agricultores por seu esforço de modernização e por tudo o que
fazem pelo País. A Nação deve assumir a promoção e a defesa da agricultura e
dos agricultores, com racionalidade e visando ao interesse nacional.
De
1990 a 2015 o total das exportações agrícolas superou US$ 1 trilhão e ajudou a
garantir saldos comerciais positivos. A Ásia responde hoje por 45% das
exportações do agronegócio brasileiro e a China, sozinha, por um quarto desse
montante. Com a China, um parceiro estratégico para o futuro da agropecuária
brasileira, criaram-se perspectivas novas e mútuas para indústrias de
processamento, tradings e para investimentos em infraestrutura de transporte,
armazenagem e indústrias de base.
A
recém-concluída missão de prospecção e negócios de quase um mês por sete países
da Ásia, liderada pelo ministro Blairo Maggi, buscou um novo patamar de
inserção da agropecuária no comércio internacional. Acompanhado por uma equipe
ministerial e por cerca de 35 empresários de 12 setores do agro, essa missão
histórica percorreu China, Coreia do Sul, Hong Kong, Tailândia, Mianmar,
Vietnã, Malásia e Índia. Alimentar o mundo é sinônimo de alimentar a Ásia. Isso
exige empreendedorismo, inovação, coordenação público-privada e parcerias de
curto e de longo prazos.
Mas
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, juntamente com a Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, tem uma meta ambiciosa:
passar de uma participação decrescente de 6,9% no comércio agrícola
internacional para 10%. E ser capaz, em breve, com tecnologia,
sustentabilidade, competência e competitividade, de alimentar mais de 2 bilhões
de pessoas.
Esse
é o Brasil que todos os brasileiros querem.
Armando Soares – economista
Soares é articulista de Libertatum
O que mais chama a atenção é a falta de poder político, das repre sentações dos produtores rurais. O individamento, por várias razões, tanto quanto a cobrança nos vencimentos quanto as renegociações existe uma prática que não condiz com a atividade, que não só depende da capacidade do investidor, mas também dos resultados e produção que são fatores que a natureza determina. Neste setor também o sistema financeiro delega ordens, que supera as determinações do governo. Como estamos tentando sair de um mar de lama de corrupção instalada no Brasil, pode ser que o setor primário tenha maior jogo se cintura para poder ao menos ser reconhecido como esencial ao Brasil.
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