O voto.
(última parte)
Por Vanderli Camorim
Quando estes princípios triunfaram em alguns países, não completamente e nem na sua forma pura, os governos absolutos dos monarcas foram dando passagem aos governos constitucionais e representativos. Os melhores filhos, os mais ilustrados que se colocaram a cabeça desse movimento inédito na história passaram a escrever as primeiras constituições que regeriam a vida de todos sob uma nova perspectiva de liberdade.
Não havia ideia de “democratismo” tão em voga hoje. Havia diretrizes a seguir e estas eram dadas pela filosofia liberal, Havia confiança nestes homens porque o que estava em jogo era a criação de um novo estado, o Estado de Direito, em que o direito fosse respeitado, inclusive pelo monarca, igualdade perante a lei. O que se tratava ampla e abertamente, não era segredo nem objeto de subterfúgio. Era acompanhada de perto pelo povo, era o bem geral que se discutia, e não os direitos de minorias, igualmente tão em voga nos dias de hoje. O que se discutia no parlamento era o interesse de toda a nação, a prova estava aos olhos, afinal de contas se estava eliminando os privilégios de classes, submetendo a todos ao reino da igualdade perante a lei.
Se existia divergência era de que modo a liberdade poderia contemplar a todos indistintamente sem causar prejuízo a ninguém. O fundo da questão era de que forma sua redação refletiria melhor este anseio geral e nacional. Ao governo lhe era dado apenas a função da lei e da ordem, da paz e da administração da justiça. A economia ficava a cargo dos cidadãos, como foi desde o começo da humanidade, e que não tinham que prestar conta ao governo.
Se existia divergência era de que modo a liberdade poderia contemplar a todos indistintamente sem causar prejuízo a ninguém. O fundo da questão era de que forma sua redação refletiria melhor este anseio geral e nacional. Ao governo lhe era dado apenas a função da lei e da ordem, da paz e da administração da justiça. A economia ficava a cargo dos cidadãos, como foi desde o começo da humanidade, e que não tinham que prestar conta ao governo.
O que ninguém contava era com as ideias socialistas que faria retornar os privilégios das minorias que caracterizava a filosofia do antigo regime. Era preciso mudar o “equilíbrio” das forças no Parlamento e assim passar generosas leis que tornava o impossível possível.
A conquista do estado de direito trouxe novos tempos e prosperidade e serviu como farol para os outros povos que queriam também largar a miséria. É então que ocorre um fato curioso. Onde o progresso se eleva se eleva também a humanidade do homem e logo ele fica de coração fraco para os mais desfortunados. O socialismo que vem se desenvolvendo insidiosamente aproveita este excesso de otimismo e humanidade e crava a sua foice e o martelo no coração e nas mentes dos mais fracos emocionalmente. Há um relaxamento com a filosofia, uma confusão momentânea, muitos não se dão conta das razões do porque a sociedade a que pertence ficou afluente e olha para seu semelhante compadecido de sua má fortuna e num primeiro impulso quer dividir com ele o seu sucesso. Não podemos condenar estas pessoas por lidarem com algo que não entendiam por ser novo, sobretudo.
Já iam longe os tempos em que as pessoas identificavam a pobreza do homem como resultado das medidas de restrições e proibições dos governos dos monarcas absolutos. Agora era o capitalismo o culpado, o sistema inimigo de todos. São os burgueses que se apropriam do trabalho alheio os responsáveis pela miséria e que se agarrarão a tudo para negar seus direitos.
Puseram pressão na universalização do voto como panaceia para a miséria geral que acham surge da resistência em dar o pretendido direito. Daí e por esse caminho, pouco a pouco, quase imperceptível, os velhos hábitos do velho e desgastado mercantilismo foram fazendo o seu retorno. A discussão dos interesses de toda a nação cede agora para os pequenos interesses, para os interesses das minorias que agora se vestem de outras roupas. Cresceu como o fogo em palha seca uma nova versão do lema de dar a César o que é de César.
Entra em cena a politica do Estado do Bem Estar Social. Desbanca a política liberal que orientava os países grosso modo por aquela época, sobretudo no século 19. A humanidade entra por um caminho perigoso. Reafirmam-se os dogmas do marxismo e entre estes o que melhor fundamenta a necessidade da intervenção do estado na proteção dos desfavorecidos. A sociedade é a historia das lutas de classe, dizem. Os homens são impelidos à agressividade mortal porque seus interesses são irremediavelmente antagônicos e irreconciliáveis. Uma guerra de todos contra todos se desencadeia. Todos querem privilégios. Uns estão insatisfeitos com que tem que acham pouco e querem mais. Outros estão em revoltas porque ganham pouco ou quase nada. Para evitar que a sociedade se engalfinhe em uma luta sem fim o estado é “convidado”a intervir.
A corrida eleitoral ilustra como este processo se dá corroendo a estrutura da sociedade. O processo eleitoral é deformado, encobrindo a luta de grupos de interesses particulares, o que gera as consequências indesejáveis inclusive a que toma o nome político de “corrupção”.
Resumo: O processo eleitoral com a criação do seu correspondente Partidos Políticos são frutos do liberalismo e só no liberalismo funciona. Na era do socialismo ele é só um denorex, parece remédio, mas não é. Parece solução, mas só “acirra as contradições”. E não adianta chorar as pitangas, muito menos se desgastar nas brigas estéreis e bizantinas que o voto deveria ser facultativo, que deveria ser obrigatório, do voto útil e outras tantas razões que queiram dar. Quem quer democracia de verdade e não quer participar de uma farsa, advogue o liberalismo, o ambiente em que ele é possível, surgiu e floresceu. Lembre-se: a outra não é alternativa, é destruição. Como logo é identificado como parte de um mero jogo de interesses que não lhe beneficie, o homem simples é desestimulado a votar.
Mas e aí, neste exato momento em que o liberalismo não é alternativa real isto não pode parecer uma defesa para se dar as costa a este processo, defender voto nulo, se abster em votar, ou sair na defesa do voto útil, o que pode favorecer a eleição do “pior”?
Em espécie alguma. Pelo menos ainda com todo o disfarce o voto é livre, inclusive para não votar ou “estragar” o seu voto e fazer como quiser e as sanções são mínimas. Afinal de contas o “pior” é um julgamento de valor. Quem na disputa eleitoral é o “pior” e qual o “melhor” quando o assunto em questão é que tipo de socialismo se quer impor o que mais cedo ou mais tarde dará no mesmo? O candidato se eleito vai defender que grupo ou grupos de pressão? Se for para defender os princípios liberais, que é bem difícil que apareça por contar com todas as dificuldades possíveis ele teria o meu voto. Um candidato liberal, esta opção ainda não apareceu, não pode transigir os princípios e nem mesmo usar as armas de seus oponentes, pois se parecerá como um deles piorando a situação. Os liberais não consideram como verdadeiro que os meios justificam os fins.
Até espero um candidato liberal no sentido clássico do termo, não na esperança que vença as eleições caindo nas graças do eleitorado viciado e corrompido, mas para servir como um arauto dos novos tempos. Lembrar que uma andorinha não faz verão, mas anuncia a primavera e assim ajudar a estimular o surgimento de mais pessoas que reconheçam no liberalismo uma consistente teoria que deve ser colocada de volta à mesa das disputadas ideias e resgatar o principio de que são ideias e não as lutas de classe que constitui o cerne da humanidade.
O problema não consiste em votar, se abster, estragar o voto ou o voto útil. O problema é socialismo ou liberalismo. Só um vencerá. O socialismo será a destruição total.
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