14/11/2016 ÀS 11:33 - ATUALIZADO EM 19/11/2016 ÀS 13:45
A MORTE DO AMIGO QUE
NÃO TIVE
Morreu Luiz Fernando Vaz. Você provavelmente não o conhece. Eu também não
o conheci. Ele era um destes contatos virtuais que fazemos no Facebook, que
adicionamos em função de alguma postagem, de algum posicionamento que
seja similar ao que pensamos. Sabia que o Luiz vivia no Pará, fazia parte de
uma oficina de teatro, como se pode ver na maquiagem de sua foto. Também
sabia que participava de algumas ações políticas e era aficcionado pelo autor
de “O Senhor dos Anéis”, J.R.R Tolkien. Em seus posts ele demonstrava ser
bastante inteligente, dono de um humor sagaz e de uma ironia fina.
Nunca troquei duas palavras diretamente com ele. Mas por tê-lo na minha
rede de amigos virtuais e ver suas análises cotidianas, sentia uma
certa “proximidade distante”, se é que existe isso de “proximidade distante”.
Em agosto deste ano o Luiz escreveu um pequeno comentário que elucidou
uma dúvida que sempre tive sobre o filme “A Paixão de Cristo”, obra da qual
sou profundo admirador. Disse ele: “O filme é quase uma missa. A presença
silenciosa de Nossa Senhora durante a Paixão é para que Ela não tente
a parte humana de Nosso Senhor a desistir de cumprir Sua Dolorosa
Missão. Por isso a presença de Satanás sempre a tentar Maria, que
resistiu bravamente e não pediu para que Seu Filho descesse daquela
Cruz. O coração de Maria rasga em mil pedaços, por isso ela é
co-partícipe da Salvação da Humanidade com direito a todas as honras
na Terra e no Céu”.
De fato, ao ver o filme, costumava achar a atitude da Santa Virgem
relativamente conformada. Ficava um pouco incomodado. Pensava que
qualquer mãe se desesperaria ao ver o filho inocente sendo torturado e
morto de forma tão cruel. Por que ela não gritava? Não fazia algo? Óbvio, ela
não era "qualquer mãe". As palavras do Luiz responderam a todas estas
minhas dúvidas de forma graciosa e teologicamente irreparável, sem que
sequer eu tivesse a ele perguntado qualquer coisa. Agradeci-lhe, mas
não tenho certeza que o viu. Ali o Luiz já estava doente.
minhas dúvidas de forma graciosa e teologicamente irreparável, sem que
sequer eu tivesse a ele perguntado qualquer coisa. Agradeci-lhe, mas
não tenho certeza que o viu. Ali o Luiz já estava doente.
Ao que tudo indica, ele morreu de tuberculose abdominal, bastante jovem, com
um pouco mais de 30 anos. Estava bem não faz muito tempo e agora se foi.
Que sua família seja forte e tenha muita Fé neste momento de perda.
O Luiz Vaz talvez tenha partido sem saber do conforto espiritual a mim
ocasionado em função daquelas suas rápidas palavras, mas Ele e Ela sabem.
Espero que então assim, o amigo que não tive, seja um dia, o amigo
que para sempre terei.
RODRIGO NUNES
Rodrigo de Bem Nunes – O nome é inspirado na obra de Erico Verissimo e o
Rodrigo de Bem Nunes – O nome é inspirado na obra de Erico Verissimo e o
sobrenome deixa evidente; trata-se de um legitimo cidadao de bem. Nasceu e
cresceu no glamuroso bairro Canudos, em Novo Hamburgo-RS e hoje vive com a
esposa na cidade de Houston, Texas, cidade que considera “uma Bagé com grife”.
Fonte: Sul Connection
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