domingo, 1 de janeiro de 2017





14/11/2016 ÀS 11:33 - ATUALIZADO EM 19/11/2016 ÀS 13:45
A MORTE DO AMIGO QUE 
NÃO TIVE

Morreu Luiz Fernando Vaz. Você provavelmente não o conhece. Eu também não 
o conheci. Ele era um destes contatos virtuais que fazemos no Facebook, que 
adicionamos em função de alguma postagem, de algum posicionamento que 
seja similar ao que pensamos. Sabia que o Luiz vivia no Pará, fazia parte de 
uma oficina de teatro, como se pode ver na maquiagem de sua foto. Também 
sabia que participava de algumas ações políticas e era aficcionado pelo autor 
de “O Senhor dos Anéis”, J.R.R Tolkien. Em seus posts ele demonstrava ser 
bastante inteligente, dono de um humor sagaz e de uma ironia fina. 
Nunca troquei duas palavras diretamente com ele. Mas por tê-lo na minha 
rede de amigos virtuais e ver suas análises cotidianas, sentia uma 
certa “proximidade distante”, se é que existe isso de “proximidade distante”.



Em agosto deste ano o Luiz escreveu um pequeno comentário que elucidou 

uma dúvida que sempre tive sobre o filme “A Paixão de Cristo”, obra da qual 

sou profundo admirador. Disse ele: “O filme é quase uma missa. A presença 

silenciosa de Nossa Senhora durante a Paixão é para que Ela não tente 

a parte humana de Nosso Senhor a desistir de cumprir Sua Dolorosa 
Missão. Por isso a presença de Satanás sempre a tentar Maria, que 
resistiu bravamente e não pediu para que Seu Filho descesse daquela 
Cruz. O coração de Maria rasga em mil pedaços, por isso ela é 
co-partícipe da Salvação da Humanidade com direito a todas as honras 
na Terra e no Céu”. 

De fato, ao ver o filme, costumava achar a atitude da Santa Virgem 
relativamente conformada. Ficava um pouco incomodado. Pensava que 
qualquer mãe se desesperaria ao ver o filho inocente sendo torturado e 
morto de forma tão cruel. Por que ela não gritava? Não fazia algo? Óbvio, ela 
não era "qualquer mãe". As palavras do Luiz responderam a todas estas
minhas dúvidas de forma graciosa e teologicamente irreparável, sem que
sequer eu tivesse a ele perguntado qualquer coisa. Agradeci-lhe, mas
não tenho certeza que o viu. Ali o Luiz já estava doente.

Ao que tudo indica, ele morreu de tuberculose abdominal, bastante jovem, com 
um pouco mais de 30 anos. Estava bem não faz muito tempo e agora se foi. 
Que sua família seja forte e tenha muita Fé neste momento de perda. 
O Luiz Vaz talvez tenha partido sem saber do conforto espiritual a mim 
ocasionado em função daquelas suas rápidas palavras, mas Ele e Ela sabem. 
Espero que então assim, o amigo que não tive, seja um dia, o amigo 
que para sempre terei.


RODRIGO NUNES
Rodrigo de Bem Nunes – O nome é inspirado na obra de Erico Verissimo e o 
sobrenome deixa evidente; trata-se de um legitimo cidadao de bem. Nasceu e 
cresceu no glamuroso bairro Canudos, em Novo Hamburgo-RS e hoje vive com a 
esposa na cidade de Houston, Texas, cidade que considera “uma Bagé com grife”.

Fonte: Sul Connection

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