A idiotice da mídia e a luta entre
coletivismo e individualismo
Por Armando Soares
A mídia brasileira pratica um grande
desserviço ao Brasil agredindo os ricos como se eles fossem os responsáveis
pela pobreza no mundo. O comando dessa estupidez é da ONG Oxfam, Oxford Committee
for Famine Relief (Comitê de Oxford de Combate à Fome), fundada em Oxford,
Inglaterra, em 1942 por um grupo liderado pelo cônego Theodore Richard Milford
(1896-1987) e constituído por intelectuais quakers, ativistas sociais e
acadêmicos de Oxford.
Após
mais de cinquenta anos atuando no Brasil, a Oxfam que se diz compromissada com
os direitos humanos, com a democracia e com a construção de um país mais justo,
sustentável e igualitário, se considera credenciada para condenar a riqueza
concentrada no mundo nas mãos de poucos. Entretanto, com todo o seu poder
político, com todo seu discurso “bonitinho” de justiceira e senhora da verdade ficou
cega e muda assistindo de camarote um grupo de políticos e governantes roerem
as entranhas do Brasil devorando sem piedade os direitos humanos, a democracia,
o sonho de um país justo, sustentável e igualitário. Se seu objetivo inicial
foi enviar alimentos para salvar vidas, no presente, ao que parece é outro bem
diferente e se assemelha a destruir vidas condenando a riqueza que gera
desenvolvimento e qualidade de vida.
Sobre
Oxfam vamos conhecer o que escreveu João Luiz Mauad em seu artigo chamado de “o
fajuto relatório da Oxfam”: Todo ano é a mesma ladainha. Às vésperas do
Forum Econômico de Davos, a ONG Oxfam joga na mídia os seus famosos estudos
“provando” que a desigualdade de riqueza tem aumentado no mundo e requerendo
ações imediatas para frear esse descalabro. Foi assim no ano passado e
não é diferente este ano. O Globo, em 19/01, por exemplo, reverbera um
comunicado da diretora executiva da Oxfam, Winnie Byanyima, no qual se lê que
“A escala da desigualdade global está simplesmente excessiva. A diferença entre
os ricos e os demais está aumentando em velocidade muito rápida”. Segundo a
mesma ONG, a crescente desigualdade estaria restringindo a luta contra a
pobreza global.
“Queremos realmente viver em um mundo onde um por cento é dono de mais do
que o resto de nós juntos? Manter os negócios como de costume para a elite não
é uma opção sem custos. O fracasso em lidar com a desigualdade vai atrasar a
luta contra a pobreza em décadas. Os pobres são atingidos duas vezes com a
desigualdade crescente: eles recebem uma fatia menor do bolo econômico e,
porque a extrema desigualdade prejudica o crescimento, há um bolo menor para
ser compartilhado”, disse Winnie.
Em seu discurso “State of the Union” perante o Congresso, Mr. Obama
seguiu na mesma linha.
Interessante que, no mesmo dia 19, e
no mesmo jornal, ficamos sabendo que, entre 1990 e 2014, cerca de 70 milhões de
latino-americanos deixaram de ser pobres e passaram a engrossar a fila de uma
nova classe média, de acordo com os dados oficiais dos próprios governos desses
países. Segundo informe da CEPAL (uma organização com viés francamente de
esquerda), a redução dos índices de pobreza na A.L. foi de 48,7%, em 1990, para
cerca de 27%, em 2014. Apesar disso, segundo a mesma fonte, a América
Latina continua sendo o continente mais desigual do planeta.
Como se pode ver, ao contrário do que
querem fazer crer os apologistas do igualitarismo, como Oxfam e Obama, pobreza
e desigualdade não são duas variáveis positivamente correlacionadas. Não
há sequer comprovação de que elas sejam, de alguma maneira, correlacionadas.
A pobreza pode aumentar, enquanto a desigualdade diminui (Cuba). A
pobreza pode diminuir, enquanto a desigualdade aumenta (China) – a propósito,
essa gente deveria perguntar aos chineses se eles se sentem melhor agora ou há
40 anos, quando a igualdade de renda era quase absoluta...
Ao contrário do que pensa e diz a
Sra. Winnie, não há um bolo fixo, preexistente, de riquezas que, de alguma
forma injusta, escorrem para os bolsos dos ricos, em detrimento dos pobres. Nas
economias capitalistas, a riqueza é constantemente criada, multiplicada e
trocada de forma voluntária. A desigualdade, portanto, é um efeito. Sua
causa é a diferença de produtividade, ou a capacidade de cada um de gerar bens
e serviços de valor para os demais.
Graças a esse fenômeno, nos últimos
200 anos houve um aumento exponencial do padrão de bem-estar no mundo e,
consequentemente, uma redução espetacular dos níveis de pobreza. Só para se ter
uma ideia desse milagre, 85% da população mundial viviam com menos de um dólar
por dia (valores de hoje), em 1820, enquanto hoje são 20%. Será que esta
verdadeira revolução pode ser atribuída à distribuição de recursos dos ricos
para os pobres, ou será que isso se deve ao efeito multiplicador da
produtividade capitalista e ao aumento exponencial do bolo de riquezas?
Confiscar as riquezas e a renda do Bill Gates, como gostariam Obama,
Winnie Byanyima e Thomas Piketty, entre outros, de fato, reduziria a
desigualdade no mundo, mas duvido que melhoraria a vida dos pobres.
Pelo contrário. Em economias
verdadeiramente capitalistas, onde o governo não interfere escolhendo
vencedores e perdedores, a existência de milionários e, consequentemente, de
desigualdade, longe de ser algo a lamentar, é altamente bem-vinda. Em condições
de livre mercado, a riqueza pressupõe acúmulo de capital e investimentos em
empreendimentos rentáveis, onde os escassos recursos disponíveis são utilizados
de forma eficiente na produção de coisas necessárias e desejáveis. Num sistema
desse tipo, os ricos criam um monte de valor para um monte de gente, além, é
claro, de um monte de empregos.
Portanto, os que mais teriam a perder
com um eventual desaparecimento dos ricos seriam justamente os mais
pobres. Onde não há gente rica, não há acumulação de capital. Sem
capitais, o incremento da produtividade do trabalho é deficiente. Como os
mais pobres vivem exclusivamente do próprio trabalho, não é difícil concluir
que, quanto mais capitais houver, melhor será para eles.
Podemos
inserir o caso Oxfam no discurso em "A Nascente" que revela as
intenções ocultas e a disputa pelo poder no debate do coletivismo contra o
individualismo, na apologia da pregação da igualdade contra a liberdade e na
negação da verdade. Meios para a constituição de um único e enorme pescoço
pronto para ser dominado por uma coleira. "A Nascente" de Ayn Rand é
um livro fascinante, um deles é protagonizado por Howard Roark, a representação
do verdadeiro espírito humano. Ele acreditava que o homem é uma unidade
independente quanto aos seus pensamentos e ações, e não deve ter sua
individualidade subjugada para atender demandas de um coletivo denominado de
"sociedade", pois antes de pertencer a um grupo, ele já o é. Rand
dizia que o debate comum distorce os conceitos de individualismo e coletivismo,
e não atinge o que de fato encerra o conceito de unicidade do ser humano, ou
seja, que o homem é um fim em si mesmo e não um meio para o fim de outros
humanos, existindo por seus próprios propósitos, não se sacrificando por outros
e nem sacrificando outros por ele.
Armando Soares – economista
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Seja benvindo! Se você deseja comunicar-se, use o formulário de contato, no alto do blog. Não seja mal-educado.