Sociedade decadente.
Por Armando Soares
O
que esperar de um país que tem a maior carga tributária do mundo cobrada
através de 93 impostos, taxas, adicionais, fundos, INSS, PIS/PASEP? No Brasil, cobra-se trilhões de
reais de um povo sem nenhuma contrapartida em serviços e segurança; rouba-se
tudo o que se arrecada. Só esse perfil é o suficiente para se afirmar que o
Brasil é uma sociedade decadente sem perspectivas de recuperação enquanto
depender dos políticos e governantes atuais, de juízes e representantes do MP e
da atual constituição.
A decadência
do Brasil vem ocorrendo ao longo do tempo, e tem origem na cultura. A cultura é
o complexo de convicções, usos populares, hábitos, técnicas, métodos
econômicos, leis, moral, estruturas políticas e todos os modos de vida em comodidade
desenvolvido ao logo dos séculos; tudo isso vem sendo destruído pela
politicagem, pela ação de comunistas e socialistas, de demagogos e de corruptos
que se apoderaram do poder e destruíram a cultura brasileira e com ela as
tradições, as crenças e as instituições. Qualquer brasileiro lúcido e sensato consegue
perceber que o Brasil está em estado de desagregação, em decomposição moral,
mas não consegue avaliar seus efeitos para esta e outras gerações. O que
esperar da vida no Brasil diante do cenário econômico, social e político em que
se vive? O brasileiro está
vivendo em nossos dias, como um cachorro, um dia após o outro, sem esperança de
um presente e futuro melhor, e, o que é mais grave, com o risco de perder a
vida a qualquer momento. Apesar desse cenário caótico, grande parte da
sociedade brasileira se comporta como zumbis, como tontos sem rumo, gastando
irresponsavelmente, luxando e preocupada com o ego e suas experiências,
sintomas claros da decadência; enquanto outros, por deficiência cultural, se
prestam a ir às ruas para apoiar corruptos e bandidos.
C. Northcote
Parkinson (1909-1993), distingue seis estágios considerados historicamente,
pelos quais passam as civilizações rumo a dissolução: “1. A supercentralização
política; 2. O crescimento imoderado da tributação, que se transforma no modo
de interferência governamental na vida comercial, industrial, e social. A
tributação, levada ao limite e para além dele, sempre foi um sinal de
decadência e um prelúdio de desastre; 3. O crescimento de um pesado sistema de
administração central. Os que são, teoricamente, homens poderosos, têm uma
autoridade real surpreendentemente pequena, encontrando-se presos a uma máquina
que se move vagorosamente, em direções involuntárias; 4. A promoção de pessoas
erradas. No labirinto da burocracia política, ter ideias originais seria uma
barreira ao sucesso. Essa situação é, provavelmente, inevitável e eterna, mas a
mesma tendência em uma sociedade decadente desgasta as demais pessoas. Toda a
sociedade, bem como toda a organização, se torna letárgica e incômoda, guiada
pela rotina e subjugada; 5. O ímpeto de esbanjar. Depois de anos e décadas de
gastos públicos excessivos, privado da coragem de reduzir gastos, privado dos
meios de melhorar a receita (tendo os impostos alcançado o nível máximo), o
governo faz uma enorme dívida e a descarrega sobre os ombros de alguma geração
futura; 6. A “opinião liberal” – isto é, um sentimentalismo fraco, que
enfraquece a razão e a vontade de uma grande parte do povo de uma nação. Aquilo
que diz respeito ao nosso argumento não é que os benfeitores do mundo estejam
equivocados, mas que a postura deles é decadente. São movidos pelo sentimento,
e não pela razão, e isso é, a questão é o interesse deles estar somente no
presente, e o futuro ser simplesmente o fim. ” Quem vive no Brasil se espanta
ao verificar que esses estágios se encaixam na realidade brasileira e comprova a dissolução da civilização
brasileira.
Caso queiram saber da origem da atual
centralização e da falência do regime federativo é só ler a constituição de 88;
nela se encontram os elementos que propiciam a eliminação de todas as
instâncias administrativas, com exceção da principal e central; verificam que os
centros menores de poder que são os municípios perderam o seu vigor e autonomia
após a vigência da atual constituição; declínio que se intensifica com a
expansão tributária leonina que sufoca a economia e afasta o empreender. Como
comprovado, no longo prazo esse mecanismo institucional constitucional fracassa;
e então, toda estrutura social desmorona, como está acontecendo em nossos dias.
Almejando fazer tudo, apoiado por uma constituição inimiga dos brasileiros,
Brasília, o grande poder centralizador, acaba por não fazer nada bem feito. O
efeito dessa centralização criminosa é que os cidadãos se tornam ingovernáveis,
como confirma o atual cenário anárquico político, econômico e social
brasileiro.
Está exaustivamente provado que qualquer
“democracia guiada” ou “democracia plebiscitaria” encontra evasão e hostilidade
em todos os lugares, e, o resultado gera discriminação de autoridade popular
efetiva do governo, como se vê no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades
brasileiras. A debochada e imoral
senadora Gleise Hoffmann é produto desse Estado construído por mentes doentes e
inimigas do povo brasileiro.
Tem absoluta razão José Nêumanne, ao citar
o historiador cearense Capistrano de Abreu (1853-1927), colega de classe de
padre Cícero Romão Batista no seminário de Fortaleza, não ficou famoso por
causa disso, mas por uma piada, seu projeto de Constituição que rezava,
categórico: “Artigo 1º: Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Artigo 2º:
Revogam-se as disposições em contrário”. Realmente esse é o maior
problema do brasileiro: VERGONHA
NA CARA!
“O
mal da desagregação normativa corrói a ordem no interior da pessoa e da
república. Até reconhecermos a natureza dessa enfermidade, seremos forçados a
afundar, cada vez mais, na desordem da alma e do Estado. O restabelecimento das
normas só pode começar quando nós, modernos, viermos a compreender a maneira
pela qual nos afastamos das antigas verdades. ”
(Russel Kirk)
Armando Soares – economista
E-mail: armandoteixeirasoares@gmail.com
Soares é articulista de Libertatum
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