quinta-feira, 1 de junho de 2017

Fim de primeiro tempo.

Por Vanderli Camorim

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Foi com surpresa que li anúncio do Reinaldo Azevedo dizendo ser o seu ultimo post na revista VEJA a que trabalha até então, como diz, por 12 anos. Ele pediu dispensa porque uma conversa que mantinha com suas fontes e que estavam sendo investigadas foi tornada pública que, diz ele novamente, como modo de intimidá-lo sendo também uma violação do direito dele como jornalista.

Bem, o leite está derramado. Oxalá continue em qualquer lugar e meio. Um lutador destemido como ele faz falta se retirado de cena. Leio seus artigos e acho sempre esclarecedor. Tenho algumas divergências, o que é natural, pois unanimidade é burra e pensamento único é invenção daquele outro pessoal.

Minhas divergências, se é que posso chamá-las assim, consiste em que ele não ligava as pontas dos fatos tratados de que tudo era consequência do intervencionismo. O intervencionismo é uma política insidiosa, sub-reptícia que dissimula a intenção consciente ou não de se levar a sociedade para o socialismo. Esta pretensa terceira via como já foi chamado antes redunda sempre em conflitos intermináveis que motiva um eterno retorno ao ponto de partida para novas investidas onde novos atores aparecem substituindo os que saem de cena. Na essência a coisa fica a mesma. Competente e perfilado na defesa do estado de direito que é ficava eu na expectativa de que ele dissesse bem claramente que a função do governo é a segurança e que uma vez que ele interfere no mecanismo de mercado só cria conflitos de interesses como se pode notar. Muitos de suas intervenções poderiam ser levados para o campo pessoal pelos citados, o que acredito, já que nos últimos posts figurões de alto coturno foram expostos. Se um deles ou todos juntos não se agradaram e pediram a sua cabeça alguém preocupado com o chefe pode bem ter insinuado. O recado costuma ser sutil como um elefante em uma loja de cristais.

Quanto à operação lava jato foi bastante claro. Estava servindo como alimento do estado policialesco fazendo picadinho da legalidade com o apoio explícito das massas que não pensam e que se deixa levar puxada pelo nariz na inabalável crença que esta operação vai passar o Brasil a limpo e não dissimula que está  ávida por sangue. Ele tem toda razão. Tanto prova que ele caiu como um de suas vitimas.

A operação Lava Jato é a ponta do iceberg que esconde as infinitas dificuldades de se iniciar e manter um negócio se não se ajoelhar e beijar a mão da autoridade que tem todo o poder do Estado regulador e interventor investido nele ou de seus auxiliares indicados. Quem quiser ter sucesso terá que seguir este caminho.  Se a lava jato tivesse sendo usado para ilustrar o fato do quanto é pernicioso o intervencionismo, que está destruindo a representatividade e outras coisas mais, teria sido de grande valor para fazer surgir uma opinião pública favorável que pudesse frear sua mão visível e forte. Mas não é conduzida para este fim, infelizmente. O resultado é que a lava jato serve para outras razões com toda a semelhança com a experiência histórica em que o estado de direito dá passagem ao estado totalitário.

As pessoas poderiam olhar para a história e meditar a semelhança com outras experiências em que a legalidade democrática rapidamente desapareceu sob a vista de todos. Mas a historia não ensina nada. Toda analise dos fatos históricos requer para a sua abordagem e interpretação de uma teoria. E esta, a prevalecente, tem sido, de uma maneira ou outra, a marxista que explica tudo pelas lutas de classes, o que quer dizer que existe um conflito eterno e irreconciliável que levará a sociedade considerada burguesa à destruição inevitável onde o trabalhador figurará como o seu coveiro. De tão prevalecente e onipresente dificilmente alguém escapa de seu dogma.

Nestes últimos tempos Reinaldo Azevedo foi motivo de críticas e incompreensões. Esteve o tempo todo pela legalidade e a defesa da Constituição. Fez observações corretíssimas que o tempo veio lhe contemplar a razão.

Mas temos que ter em mente que tivemos até hoje oito Constituições, se levarmos em conta a emenda constitucional de 1969. E em seu conjunto há uma nítida tendência de levar na legalidade a sociedade brasileira para o socialismo. Como disse um politico e economista que não me lembro do nome, é metá-metá. Metade liberal e metade socialista.  Vá dormir com um barulho desse e não acorde com dor de cabeça.


Vanderli Camorim

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Camorim é articulista de Libertatum

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