sábado, 29 de setembro de 2018


A tomada do poder pelo voto





Vanderli Camorim

“É questão de tempo para a tomada do poder o que é diferente de ganhar as eleições”, disse Dirceu, o ainda numero 2 do partido dos trabalhadores, em uma entrevista ao jornal El Pais. Há claro, um pouco de arroubo e entusiasmo diante do fato que mais uma vez ele vê a possibilidade de alcançar o sucesso eleitoral, a despeito de todas as dificuldades que lançaram sobre o seu partido que tem sido alvo do que eles chamam de perseguição por pessoas, grupos deles ou mesmo partidos, que se consideram até anti marxistas,  que muitos exigem a sua extinção ou mesmo proibição, mas que nestas eleições, para desgostos de muitos, tem mostrado a sua vitalidade que lembra o partidão no seu tempo de glória.

Na verdade o poder, de certo modo, já foi tomado há muito tempo, mas não por seu partido, que se ganhar só vai exerce-lo. O fato desse ou daquele partido assumir o governo e o poder e até pretender ficar mais tempo além do que foi estipulado no jogo democrático, é algo meramente acidental. O poder está na forma do marxismo, a filosofia dominante que orienta o partido e o programa a ser escolhido pelo voto. Isto é possível enquanto os EUA não se tornar socialista, por isso a sua vitória ou sua forma mais branda, o intervencionismo, no Brasil, pode ser tolerada. A América neste processo é o elemento de ultimo recurso, tanto para o mal como para o bem.
As eleições, que determinam que partido passa a ter o direito de assumir o leme do governo,  é  objeto de uma legislação que estabelece os seus procedimentos nos mínimos detalhes, tem como objetivo disciplinar esta disputa que de outra maneira poderia ser sangrenta.

O socialismo triunfou no campo das ideias e hoje é um processo que independe de partido ou líder e está no seu segundo século.Vários partidos de todos os credos são permitidos concorrer, o que nega a ideia original de partido único que foi superado. Todos podem concorrer desde que sigam os orientações do supremo comando especialmente formado para este objetivo, o TSE. Este modelo é uma cópia trazido pelo capitalismo cujos escassos raios de suas luzes atingiram o nosso solo.

Esse processo consiste em que a economia de mercado é dirigida pelo planejamento central e previsto em lei que cada partido agora tem a oportunidade,uma vez sufragado pelo voto, de por em prática o seu programa que julga a melhor maneira de atingir os objetivos emanados do evangelho do novo milênio,segundo Marx,  que se pode encontrar no Manifesto do mesmo autor. Tem prazo de validade,e se não convencer, será alijado no próximo pleito dando vez a outro partido e programa para nova tentativa.

 A tentativa de implantar o socialismo de um só golpe, tal como foi tentado por Lênin, tem a propriedade de apressar o seu  fim junto com a própria sociedade que desmorona de vez. Foi o que observou Trotsky quando disse que a revolução de 1917 jogou inesperadamente a Rússia no abismo, o que motivou o seu recuo à economia de mercado. Muitos países repetiram a dose.

 O que a revolução russa provou é que o socialismo é impraticável no longo prazo. O intervencionismo, diferentemente,  tem o poder de dar fôlego à esta tentativa que nunca será realizada, fornecendo espaço para recuos tão logo se aproxime do abismo. O intervencionismo é um método que leva por graduações ao mesmo fim.E porquanto não exista o desejo por parte da população de assumir o capitalismo, pode-se ficar neste jogo, teoricamente, até a eternidade.

Ao decretar a propriedade dos meios de produção de toda sociedade sob o comando do estado, o mercado deixa de existir desaparecendo a base sob a qual se formam os preços. Torna-se impossível o cálculo econômico que determina a racionalidade econômica, a maneira de saber de que modo empregar os fatores de produção, que são bens escassos, na produção de bens para satisfazer as necessidades da população pelo menor custo possível.

Sem os preços de mercado expressos na unidade monetária, a moeda que perde neste caso a sua função originária, o desperdício  do emprego dos fatores de produção passa a ser uma realidade e logo surge o caos e a escassez. A impossibilidade do socialismo não se deve a culpa de ninguém nem é praga dos céus ou maquinação diabólica de um presumível poder de uma entidade mítica  ou cósmica, é coisa da economia mesmo, que se for contrariada nos seus fundamentos faz desmoronar  como qualquer sonho.

 Lênin não teve outra saída quando experimentou este fato, recuando para a economia de mercado que denominou de nova economia politica, NEP, com a recomendação do seu controle pelo Estado. Desde então a ideia de revolução para a tomada do poder saiu do programa dos revolucionários.A tomada do poder tornando-se mera figura de retórica. O que existe na realidade é  o exercício do governo por um partido politico que disputa no voto o direito de governar que será observado de perto pelo aparelho do Estado, supremo e impessoal, e seus adversários espalhados por todas as suas instâncias, desejosos de tomar parte nele e ou mesmo de ocupar o seu lugar. 

Entre uma eleição e outra, o que existe é apenas uma trégua.


Vanderli Camorim



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vanderlicamorim@ig.com.br

Um comentário:

  1. Sempre Mais do MESMOsetembro 29, 2018 11:23 AM

    PERFEITO, rsumo perfeito da idéia do Socialismo como ideologia de suporte ao Poder da quadrilha estatal:

    "O que a revolução russa provou é que o socialismo é impraticável no longo prazo. O intervencionismo, diferentemente, tem o poder de dar fôlego à esta tentativa que nunca será realizada, fornecendo espaço para recuos tão logo se aproxime do abismo."

    Ou seja, esses MANÍACOS pelo Poder possuem, unicamente, objetivos de dominação. Por isso não se constrangem com os fracassos e adaptam suas idéias a seu objetivo. As idéias que apregoam são apenas ARTIFICIO para seus objetivos pessoais.

    O que parece que ninguém entende, e eu concordo que é algo estranho e de aparência desumana, é que o Socialismo ou mais precisamente AS IDÉIAS que sob esta ideologia se escondem, representam INTERESSES de VIVER pelo PODER e NÃO pelo TRABALHO.

    Estes que escondem-se sob a farsa do Socialismo SÃO EFETIVAMENTE BANDIDOS.
    O objetivo desse tipo de gente é EXATAMENTE o MESMO de ASSALTANTES e SEQUESTRADORES: eles querem viver da EXPROPRIAÇÃO contínua do trabalho alheio. São mentes que consideram o "direito" de escravizar, uma vez que possuam a FORÇA para tal.
    É a mentalidade da época dos "conquistadores", de séculos e milênios atrás, que saqueavam os povos conquistados. Estes entendiam que tendo a força esta lhes garantia o direito.

    Todo marxista usa exatamente a dialética para esconder esse desejo de SUBJUGAR populações atribuindo-se o "Direito" dos concuistadores. Essa é a moral deles, a moral para o seu grupo. Estes tipos asquerosos são como CÉSAR: o direito esta na força. Se montam um "exército" político e com ele TOMAM o PODER, assumindo o controle do Estado, então se dão o "direito" de escravizar a população e construir um REINO, de preferência glorioso. SÃO MEGALOMANÍACOS e se representam em seus líderes. Como a glória dos seus líderes fossem a sua glória. Algo como torcedores que se representam em times. Esse autoconvencimento de representação para parasitar glórias alheias é o mesmo em times, nacionalidades, raças, sexos e etc.. TRATA-SE da FARSA COLETIVISTA. Onde o indivíduo "morre" omo ser completo, para daí resurgir como UM PEDAÇO de ALGO MAIOR, mais glorioso e que supere a sigularidade de um simples indivíduo igual a qualquer outro.

    O ódio a autorepresentação é devido a um COMPLEXO de INFERIORIDADE ou a MEGALOMANIA. Vai daí que uns aceitam a SUBMISSÃO aos líderes ou "representantes" om o objetivo de parasitar as "GLÓRIAS COLETIVAS" como se glória individual, mesmo que nenhuma participação tenha nela, mas apenas se dizendo representado e convencendo-se que a representação o torna parte da ação: uma esquizofrênia que se ampara na ostentação de alegada opinião mútua. Afinal se integrantes de um time, um pais, uma "raça", um sexo ou lá qualquer coletividade, estabelecida por uma das muitas características, realizam prodígios, isso não significa que todos os portadores da característica "eleita" para formar a coletividade são merecedores da mesma glória: trata-se de AUTOENGANO para RECALCADOS ou para aqueles cuja individualidade esta muito aquém de suas ambições. Megalomaníacos são COLETIVISTAS!

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