terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, founding father sul-africano


Por Félix Maier
A África do Sul, há várias décadas, se destacou como o país mais avançado da África. Lá foi realizado o primeiro transplante do coração, em 1967, a cargo do Dr. Christian Barnard. O país chegou a construir armas nucleares, que teriam sido desmanteladas durante o governo Nelson Mandela. No entanto, esses avanços científicos foram obscurecidos pelo desumano regime racista do Apartheid, que transformou o país em pária no sistema político internacional, sofrendo boicotes e embargos de todos os cantos.    

Apartheid era uma política de segregação racial que existiu na África do Sul e teve origem no século XIX, quando os países europeus dividiram entre si o continente africano, ficando a África do Sul para a Inglaterra. Os descendentes de holandeses (bôeres) que viviam na África do Sul migraram para o interior do país e criaram as repúblicas de Orange e Transvaal. A partir de 1911, uma série de leis buscou consolidar o domínio dos africâners (como os bôeres passam a se chamar) e os ingleses sobre a população negra. Essa política de segregação foi oficializada pelo Partido Nacional (National Party), direitista, que governou o país sob oApartheid, de 1948 até 1990, ano em que Nelson Mandela, líder do movimento Congresso Nacional Africano (CNA), depois transformado em partido político, foi libertado (estava preso desde 1964). Oficialmente, oApartheid foi encerrado em 8 de maio de 1996, com a aprovação da nova Constituição do país, durante a presidência de Nelson Mandela (1994-1999). Por sua luta contra a segregação racial, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1993, junto com o ex-presidente Fredrik de Klerk.

Além da segregação racial, que separava os brancos dos negros em verdadeiros guetos, o Apartheid criou 10 nações tribais independentes - os bantustões -, instaladas em área correspondente a 13% do país, onde os negros foram confinados durante os governos dos primeiros-ministros Hendrik Verwoerd (1958-1966) e B. J. Voster (1966-1978). Alguma semelhança com as Terras Indígenas e as comunidades quilombolas no Brasil? Semelhança total, mas, quem liga para isso?

Uma falácia socialista repete à exaustão que “países subdesenvolvidos são sugados pelos países imperialistas”.Essa afirmação não se sustenta, como afirma o pensador brasileiro José Osvaldo de Meira Penna, porque se pode provar que a pobreza de uns não é devido à exploração de outros: “A Suíça, a Suécia e a Noruega, países ricos, nunca tiveram colônias; a Bélgica e a Holanda se tornaram ricos após a II Guerra Mundial, quando haviam perdido suas colônias (Congo e Indonésia); Portugal é o país mais pobre da Europa, embora tivesse mantido por mais tempo extensos territórios coloniais; os países mais pobres da África são justamente os que nunca foram colonizados: Libéria e Etiópia” (in O Evangelho Segundo Marx). Da mesma forma, se a África do Sul nunca tivesse sido colonizada pelos europeus, Nelson Mandela, príncipe da etnia Xhosa, nunca teria se formado em Direito, nem governado o país mais desenvolvido da África, hoje integrante do BRICS. É possível que Mandela sempre tivesse vivido em choupanas e tivesse morrido ao empunhar o tacape e trocar flechadas e zarabatanadas com seus rivais Zulus. O Brasil, igualmente, sem a colonização europeia, teria hoje o “progresso” de tupis, tapuias, botocudos e bororós - aí incluída a culinária canibalesca.

São justas as homenagens fúnebres feitas a Nelson Mandela, que faleceu no dia 5 de dezembro de 2013, por ter dado fim ao asqueroso regime do Apartheid e conseguir evitar uma guerra civil. Para atingir seu objetivo, Mandela se alinhou ao Partido Comunista da África do Sul e fundou um grupo armado - Lança de uma Nação ou MK (Umkhonto we Sizwe) -, para ataques terroristas e sabotagens contra o regime racista. O MK, subordinado ao CNA, foi fundado em 1961, em resposta ao Massacre de Sharpeville, que deixou 69 mortos e 180 feridos, ocorrido em 1960. A partir dessa data, o CNA passou a defender o uso da violência contra o regime doApartheid.

Se Mandela conseguiu evitar uma guerra civil - o que prova sua condição de grande estadista -, devido à sua magnanimidade perante a questão racial, sem revanchismo contra a minoritária população branca, ele, no entanto, não conseguiu apaziguar toda a população negra que havia sofrido horrores nas mãos dos brancos. Somente durante seu governo, cerca de 2.000 fazendeiros brancos foram mortos no país (dos anos de 1980 a 2010, foram 3.300 mortos). Desde o fim do Apartheid, em torno de 50.000 cidadãos brancos perderam suas vidas, ao mesmo tempo que milhares de brancos perderam seus bens e fugiram da África do Sul, para escapar da morte. Se a violência mata, hoje, mais negros do que brancos na África do Sul, é devido à absoluta maioria da população negra e de mestiços, em torno de 90%.

Foi criada na África do Sul uma Comissão da Verdade e Reconciliação que, ao contrário da Comissão Nacional da Vergonha (CNV), do Brasil, apurou os atos de violência de ambos os lados, não só dos brancos, mas também dos negros.

Após o governo de Mandela, que não quis se candidatar à reeleição, a África do Sul passou a ser governado por líderes populistas, que dão preferência às pessoas de cor negra para cargos públicos, implantando o regime de cotas racistas - uma nova forma de racismo -, ao invés de premiar a competência individual, dentro do princípio da meritocracia. Com tais políticas públicas, será difícil a África do Sul diminuir a desigualdade econômico-social de sua população em curto prazo. Uma coisa é certa: a violência só tende a aumentar em tal ambiente, obrigando a população branca a viver em verdadeiros bunkers. Como no Brasil do PT, os líderes populistas sul-africanos acreditam que existe almoço grátis, que muitos não precisam trabalhar para obter sua subsistência.

Infelizmente, no Brasil anda-se no sentido inverso da África do Sul, com a criação de guetos raciais, que configuram verdadeiro Apartheid: ONGs indigenistas nacionais e do exterior e movimentos de negros, com amplo apoio do governo federal, via Funai, CIMI, ISA, Incra e outras entidades, estão instalando no território nacional bantustões de índios e de negros (quilombolas), que poderão levar à “africanização” ou à “balcanização” do Brasil - o tal “Brasilistão” que eu venho alertando há bastante tempo. Também proliferam no Brasil os bantustões do MST, extensas propriedades rurais, verdadeiros latifúndios improdutivos, onde o Poder Público está proibido de entrar, nos quais se ensina a ideologia marxista, com ênfase para os “heróis” Che Guevara e Mao Tsé-Tung, e se praticam táticas de guerrilha rural, com know how obtido junto às FARC, comprovadas pelas violentas invasões de terras e destruição de propriedades e centros de pesquisas.

Além de suas ligações com o partido comunista da África do Sul, Mandela fez questão de posar para foto ao lado do ditador sanguinário Fidel Castro - prática comum entre líderes terceiro-mundistas, que sentem uma enorme satisfação em lamber as botas do Corvo do Caribe. A respeito de Che Guevara, o "porco fedorento", que assassinava presos políticos nas prisões cubanas empunhando a própria arma, Mandela falou uma bobagem monumental: “Che Guevara é uma inspiração para todo o ser humano” (O verdadeiro Che Guevara, de Humberto Fontova, pág. 151). Outro equívoco grave foi ser favorável ao aborto. São manchas que figuram na biografia de Mandela que nunca serão apagadas - como os crimes cometidos ou tolerados pelo verdadeiro Nelson Mandela, hoje colocado no pedestal de maior herói nacional.

No entanto, Mandela deixou um grandioso legado ao seu país, em busca da harmonia multirracial, que é ainda uma utopia, configurando como um verdadeiro Founding Father da moderna nação sul-africana. Na verdade, trata-se de uma refundação da África do Sul, que está longe de ser encerrada.

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