Resumo de minha história com o Sistema Faepa.
Federação da Agricultura e Pecuária do Pará.
Homenagem ao completar 66
anos de fundação no dia 8/9/2017
Por Armando Soares

Minha entrada
na Faepa se deu na busca de apoio ao setor produtivo da borracha natural
paraense completamente ignorado pelo governo estadual e federal; uma luta
antiga para manter viva um dos setores da maior importância socioeconômico. De
início tive a desconfiança da diretoria da Faepa, comandada por Carlos Xavier,
pois a atenção maior da Faepa estava voltada para a pecuária, devido a sua
importância no contexto econômico da região, resultado do impulso dado a
atividade pelo governo do saudoso presidente Castelo Branco, o que é
compreensível.
Aos
poucos fomos adquirindo a confiança de Carlos Xavier e sua diretoria, e logo
preparamos um Projeto Piloto para Anajás, no Marajó, onde se pretendia mostrar
a viabilidade econômica de extração de borracha nativa dentro de uma nova
concepção produtiva diferenciada do extrativismo que produzia borracha a custo
elevado, impossibilitando sua absorção pelo mercado, não podendo competir com a
borracha importada do Sudeste Asiático. Através do idealizado modelo diversificado,
implantou-se o Projeto Piloto com absoluto sucesso; encontramos uma renda
familiar em Anajás variando de R$80,00 a R$110,00 mensal e deixamos o núcleo
produtivo selecionado com uma renda mensal de R$1.100,00, uma verdadeira
revolução setorial de uma atividade que foi condenada em razão de sua
improdutividade. Lamentavelmente, o Projeto que recebeu apoio da Faepa e SAGRI,
morreu na gaveta do governador Almir Gabriel, perdendo o Pará uma excelente
oportunidade de tirar da miséria e estagnação uma região riquíssima onde moram
ribeirinhos secularmente sem nenhuma perspectiva.
Apesar
da visão econômica míope do governador Almir Gabriel, não desanimamos, e no
governo Simão Jatene, voltamos a insistir na necessidade de o governo estadual
paraense estabelecer uma política setorial para estimular a atividade econômica
da borracha natural, considerando o extraordinário estoque de seringais de
cultivo e nativo existentes na região e a importante célula produtiva de
desenvolvimento que é a borracha. Novamente convencidos da importância
econômica da borracha acionamos a Faepa que não negou apoio e conseguimos o
auxílio da SAGRI tendo à frente o competente Hildegardo de Figueiredo Nunes
para construir dessa vez, em 2013, um Programa de Desenvolvimento da Cadeia
Produtiva da Seringueira no Estado do Pará – PROSER, programa que contou com a
colaboração da SAGRI, SEICOM, EMATER, CEPLAC, EMBRAPA, UFRA, FAEPA e APBNB. O
programa foi conduzido e elaborado por Luiz Pinto de Oliveira, Maria Pilar
Henriques das Neves, Paulo Sérgio Botelho Soares e Armando Teixeira Soares.
A
apresentação do programa considerou que o estado do Pará tem avançado ao longo
dos últimos anos com o firme propósito de se integrar aos pressupostos do
paradigma de uma atividade que tenha sustentação econômica própria, quer
através da geração de instrumentos de políticas agrícolas direcionadas às
atividades ligadas à arboricultura florestal em áreas antropizadas, principal
vocação agrícola desta região. Assim, o setor agropecuário paraense encontra-se
no limiar de um novo ciclo de desenvolvimento, que pressupõe, acima de tudo,
mudança radical na maneira de transformar sua base produtiva. Esse desafio se
constitui em transformações profundas no agro paraense, que envolve a
substituição de práticas tradicionais por sistemas que se auto sustentam
capazes de combinar eficiência econômica e inclusão social, estamos nos
referindo diretamente às formas de integração lavoura/floresta, ou, ainda, ao
cultivo de sistemas agroflorestais – SAFs.
Sob
essa ótica, o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Seringueira no
Estado do Pará – PROSER, é produto de uma parceria que envolve grandes
parceiros que garantem o seu sucesso, e tem como escopo implantar e cultivar,
em áreas antropizadas, um total de 130 mil hectares de seringueira em SAFs, a
recomposição de 30 mil hectares de sombra definitiva dos cacaueiros já
implantados, envolvendo agricultores de base familiar, no período de 30 anos,
além da promoção da recuperação de seringais nativos e remanescentes do
Programa PROBOR I, II E III. A sua composição enfeixa a execução de 03 (três)
subprogramas, que são: i) Heveicultura em Área de Escape Climático ao Mal-das-folhas;
ii) Heveicultura em Sistemas Agroflorestais com o Cacaueiro, subdividido nos
projetos Sistema Agroflorestal Seringueira x Bananeira x Cacaueiro e cultivos
alimentares e Recomposição do Sombreamento Definitivo do Cacaueiro com a
Seringueira; iii) Recuperação de Seringais Nativos.
Os
recursos financeiros necessários à implantação e manutenção dos 130 mil
hectares de seringueira previstos demandam do Fundo Amazônia (um fundo perdido
e usado graciosamente para manter ONGs e projetos sem expressão socioeconômica),
com recursos da SUDAM que teria preferência, considerando a sua repercussão na
alavancagem de dezenas de municípios secularmente empobrecidos, e recursos a
título de crédito rural. Um projeto com todas as características de
desenvolvimento expressivo, em substituição a projetos de preservação ambiental
que ignoram o desenvolvimento, e mais importante, além do PROSER reativar a
atividade econômica da borracha, a família seringueira não mais será
sacrificada a viver sob a égide do modelo extrativista, mas qualificada como
produtora rural para aplicar modernas técnicas de produção e de sangria,
estimulação, coleta e beneficiamento primário.
Lamentavelmente
o PROSER foi engavetado no governo Simão Jatene, prova de que nossos
governantes carecem de visão desenvolvimentista preferindo seguir a cartilha
ambientalista comandada por grandes potencias, que via política ambiental se
apropriaram da Amazônia acabando com a sua soberania e reduzindo os estados
amazônicos a núcleos estagnados e subdesenvolvidos esmolantes, tudo o que
precisa a pobreza para crescer.

Carlos Xavier
Nossa
vivência na Faepa foi muito rica. Assistimos Carlos Xavier e sua diretoria
transformarem um pequeno núcleo representativo de produtores rurais numa grande
célula representativa da classe abrangendo todo o Estado do Pará; um trabalho
meritório que merece todo nosso respeito. Adquirir corajosamente um edifício
para a sede da entidade. Sair vitorioso na vacinação contra a febre aftosa. Tive
a oportunidade de vivenciar também a implantação da política ambiental
brasileira e assistir de perto a perseguição do Estado brasileiro contra quem
produzia alimentos e matéria-prima, uma filosofia bandida que criou dois
dispositivos letais para destruir a livre iniciativa, o desenvolvimento da
agropecuária e a propriedade privada enriquecida a partir do grande governo do
presidente Castelo Branco. A Reserva Legal, o Princípio da Precaução e a
questão fundiária transformaram os produtores rurais em escravos de um Estado
socialista/comunista corrupto que se vendeu aos estrangeiros. Um ataque
criminoso a quem se preocupava em produzir e não estava preparado para enfrentar
esse aparato ambientalista nacional/estrangeiro bandido, despreparo que
facilitou o avanço do aparato na região e consolidou medidas policialesca que
obrigava a obediência da classe produtiva.
Presidente Humberto Castelo Branco
Reserva Legal nada mais é do que um
confisco oneroso da propriedade produtiva; se confisca 80% da propriedade e se
obriga o produtor a manter o percentual confiscado a sua custa, sendo
responsável caso haja destruição da floresta nativa confiscada; esse confisco
tem um custo econômico que o produtor não apura, deficiência que tornará a
atividade no médio e longo prazo antieconômica. Princípio de Precaução é uma arma letal que pode ser usada contra o
produtor a qualquer momento que queira um idiota qualquer que esteja a serviço
de um órgão policialesco estatal; como se observa o ambientalismo nocivo e
dominador tem várias armas para pôr em prática o processo de dominação, entre
as quais se destaca o princípio de
precaução, a mais bandida e letal arma para conter o desenvolvimento
econômico e escravizar regiões; essa arma rasteira se infiltrou na legislação
dos países e consegue o apoio do Estado e seus órgãos policialescos; é uma das
fontes de renda de advogados que se satisfazem em bloquear investimentos
públicos e privados, e consequentemente o desenvolvimento econômico. A questão fundiária é uma vergonha que
suja a imagem do Estado paraense e demonstra a pouca importância que o Estado
dá a propriedade privada e a completa desorganização estatal; só podemos
classificar como um comportamento nojento canalha que ajuda a maltratar quem se
arvora a produzir no Pará. O Estado do
Pará propositalmente não atesta a propriedade; o banco exige o atestado para
financiar a produção, e o MPF proíbe o banco de fornecer crédito se o produtor
não se curvar as exigências desse outro órgão policialesco que se acha com
total poder sobre a sociedade brasileira, quem assim se comporta é bandido.
Realmente,
aprendemos muitas coisas com o Sistema Faepa. Aprendemos como se resiste a um
ataque estatal e internacional com paciência tipo indiano, sem usar armas.
Aprendemos como se administra com competência e inteligência o SENAR e a FAEPA;
pudemos assistir a resistência dos produtores rurais que confiscados,
perseguidos e humilhados conseguiram sobreviver demonstrando sua crença na
atividade e sua responsabilidade perante a sociedade que dela depende para ter
alimentos em sua mesa, emprego e qualidade de vida; aprendemos a respeitar Carlos
Xavier e Walter Cardoso e seus parceiros de diretoria e todos os que prestam
serviço ao Sistema FAEPA. Quem sofreu a perseguição que sofreu de um Estado
irresponsável e policialesco como o Estado brasileiro socialista, comunista e
corrupto e conseguiu contribuir para o desenvolvimento do Pará, merece todo o
nosso respeito e admiração, especialmente quando conseguiu manter vivo e
desenvolvido o impulso desenvolvimentista estabelecido pelo grande presidente
Castelo Branco. Sinto-me honrado de ter participado dessa extraordinária equipe
de homens competentes e corajosos.
Tudo
o que registrei é muito pouco pelo tanto que Xavier e sua equipe construíram
enquanto administradores do Sistema FAEPA.
Através
do sofrimento e resistência dos produtores rurais paraenses pude entender
melhor o Brasil e saber que estava vivendo num país que não respeita quem
trabalha honestamente e ama seu país. Essa a razão porque o Brasil não se
desenvolve e vive em crise dominado por bandidos de toda a natureza.
Armando Soares

Soares é articulista de Libertatum
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