domingo, 31 de dezembro de 2017

Amazônia

(continuação- última parte)



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Outras tentativas de internacionalização da Amazônia: (1) a proposta de criação do Instituto da Hileia Amazônica, que encontrou grande oposição por parte de Arthur Bernardes, então deputado federal, e Augusto Meira, senador pelo Pará; (2) o projeto científico da Academia de Ciências de Washington (1965), (3) o projeto do Lago Amazônico, do Hudson Institute (1967/68), que faria sumir do mapa da Amazônia, cidades como Santarém, Alenquer, Óbidos, Faro, Juruti, Parintins, Itacoatiara e parte de Manaus. A oposição a duas últimas tentativas esteve sob a liderança de Arthur César Ferreira Reis. No presente poderíamos incluir a Proposta de Conservação da Floresta Amazônica; a Lei de Patentes elaborada pelo governo; o Acordo firmado entre a EMBRAPA e o Instituto Malaio de Pesquisa da Borracha (RRIM) que oficializa o saque de material genético da seringueira e outras espécies florestais, a que se associa a Política Nacional Integrada para a Amazônia, do governo FHC dentro do programa de abertura da economia brasileira, considerando-se a prioridade para grandes projetos com apoio de capital estrangeiro e o esquecimento da civilização amazônida, endossado e aumentado no governo Lula que engessou definitivamente territorial e economicamente a Amazônia para atender interesses das nações ricas e por grandes corporações econômicas. 


                O subdesenvolvimento da Amazônia originária da estagnação imposta no passado de quando da transferência programada da seringueira para o sudeste asiático e demais problemas, é também resultado do desvio do desenvolvimento da região, para atender interesses inconfessáveis, sendo a prova maior o aumento da pobreza, os conflitos fundiários, invasões criminosas, presença alarmante de ONGs estrangeiras, economia estagnada e corrupção abundante. As questões ecológicas de outras regiões do globo terrestre não apresentam as mesmas características das da Amazônia; questões amazônicas podem ser resolvidas no curto prazo e com eficiência se o governo brasileiro tiver vontade política e boas intenções para com a região. Com certeza a poluição e a desordem urbana não é responsabilidade dos amazônidas e nem por isso sofrem intervenção do governo federal.


                A Amazônia, ou melhor, os estados amazônicos é o exemplo mais fiel do desrespeito ao regime federativo, coisa que só existe no papel.
                Saques amazônico relevantes:
                a) estagnação econômica para atender os interesses dos ingleses e da região sudeste, ou seja, trocou-se a borracha pelo café atendendo os interesses do Sudeste e dos estrangeiros;
                b) convocação de seringueiros, seringalistas, agricultores e comerciantes para sustentar uma guerra (II Guerra Mundial), o que representou o sacrifício de mais vidas para produzir borracha do que soldados mortos na Itália. A compensação por esse sacrifício resultou que o governo brasileiro negociou com os americanos a usina de Volta Redonda para o Rio de Janeiro, deixando a Amazônia mais pobre e rica em malária;
                c) confisco de imensas áreas de terra no Pará e toda a riqueza mineral da região para o pagamento da dívida externa brasileira, e posteriormente entregue aos índios, sócios dos estrangeiros;
                d) imposição de um programa ambiental à região, concebido no seio da Comunidade Europeia e Grupo dos Sete com objetivo de obstaculizar o desenvolvimento amazônico e facilitar o seu domínio por estrangeiros – venda disfarçada. 


              Quem usa a terra tem o seu domínio.
Fato importante e grave: o governo FHC facilitou a presença de ONGs estrangeiras na Amazônia, o que o caracteriza como simpático ao aparato ambientalista-indigenista, simpatia que o levou a entregar aos índios na ONU a Amazônia, atitude seguida pelo governo Lula, este com decisões que ferem profundamente a soberania amazônica, se curvando ao poder hegemônico dos países ricos e poderosos.


O problema do governo brasileiro em relação à Amazônia, além do desinteresse, da hipertrofia da visão e da vontade política é acima de tudo do desconhecimento da sua potencialidade econômica, da realidade sócio-econômica-ambiental e cultural e resultante de uma cultura colonial que gerou uma elite política dominante descompromissada e insensível com os interesses da região e com a vontade e sentimentos de seu povo, tendo como alimentador dessa anomalia a cultura de colonizado do amazônida que se fecha e admite pacificamente essa violência, principalmente quando se trata de elites econômicas e lideranças empresariais voltadas para seus interesses no Sul/Sudeste. Em razão do exposto, o governo brasileiro tem sido o maior instrumento de desnacionalização da Amazônia, com repercussão profunda dentro e fora do país, haja visto a visão deformada do brasileiro citadino a respeito da floresta amazônica que não é e nunca foi o pulmão ou refrigerador do mundo, puro besteirol, enganação de piratas internacionais, o que caracteriza o menosprezo de brasileiros de outras regiões ao amazônida.


                Merece espaço, nesta ocasião, as considerações do escritor e historiador Edward W. Said, sobre as características da representação das velhas desigualdades imperiais, a qual bem se encaixa a ação do governo brasileiro em relação à Amazônia. Diz o historiador que uma das características das velhas desigualdades é o imenso abismo econômico entre Estados ricos e pobres, verdade que se encaixa ao Brasil rico (Sul/Sudeste) e o Brasil pobre e saqueado – a Amazônia e o Nordeste.


                Fome, pobreza, miséria, doença e desesperança, subprodutos da insensatez de homens públicos, não mais podem ser tratados com cinismo, desrespeito e prepotência na Amazônia. Por isso, reagiremos de forma contundente, enquanto sentirmos inconsistência e insinceridade nos programas governamentais e enquanto persistir o processo de pauperização em curso na região, originário de modelos, prioridades inadequadas e políticas públicas, agora com o agravante da implantação das “bolsas” de misericórdia da politicagem demagógica, e, principalmente enquanto a Amazônia estiver sendo tratada como produto de troca e sob o assédio de cobiça.


                Dentro de uma correta avaliação de alternativas e enquanto não se garantir principalmente ao amazônida nativo o avanço às condições materiais de trabalho e da qualidade de vida, mas de fato e não de discurso, deve ser ponderada a existência de consideráveis recursos humanos nos trabalhos da floresta. Esse contingente humano, com grande potencial de trabalho dentro do seu habitat, torna-se mão-de-obra desqualificada fora dele, criando graves problemas pelo alargamento das periferias urbanas. Em suma, o custo de oportunidade do indivíduo expulso da floresta por imposição de modelos e políticas governamentais inadequadas, e de ações de ONGs, transforma-se, como vem ocorrendo, num valor nulo e até mesmo negativo, confirmando-se a construção de guetos de pobreza que alimentam a política podre, cenário que tem como defensores ignorantes e religiosos, como é exemplo a resistência ao plantio racional de arroz no Marajó.


                A Amazônia contemporânea pobre e sem horizonte é resultante de 345 anos de exploração, retratada pelos seguintes principais cenários históricos que impediram seu desenvolvimento:
                1) Exploração da borracha (1.750 a 1910/12), período que determinou a efetiva ocupação da região e a construção da civilização amazônica, estagnada economicamente com a troca da borracha pelo café com os ingleses;
                2) Esforço de Guerra (1942/45) que gerou o monopólio estatal do comércio e produção da borracha, criou o Banco da Borracha, hoje Banco da Amazônia; foi o responsável pela escravização econômica do seringueiro, pela transferência de renda para a formação do parque industrial de borracha no sul/sudeste brasileiro e da origem dos conflitos de terra entre seringueiros e fazendeiros e, significativamente da intensificação da estagnação da região. Esse cenário vai de 1.942 a 1965, quando se deu o rompimento do monopólio estatal;
                3) Planificação econômica da região, a chamada "Operação Amazônia" de 1967, destruída pelo governo civil mal-intencionados e comprometidos com outros interesses que não os brasileiros; planificação imposta nociva que envolve o Plano Integrado para a Amazônia do governo Fernando Henrique Cardoso e a atual política ambiental enriquecida pelo governo LULA, que consolidou o engessamento territorial e econômico da Amazônia para servir aos interesses estrangeiros.



                A Amazônia Clássica, a Hileia Amazônica não se confunde com a Amazônia Legal dos incentivos fiscais, rica em corrupção. Por outro lado, a Amazônia nada mais é do que uma figura geográfica, fato que vem causando grandes prejuízos ao desenvolvimento econômico aos estados amazônicos, que com isso sofrem intervenções federais permanentemente através da imposição de planificações, todas fracassadas, pois é impossível planificar para a Amazônia como um todo e, pior, anomalia que tira dos estados amazônicos sua autonomia ferindo o direito constitucional e o regime federativo.


               
A intervenção federal e estrangeira na Amazônia frustrou gerações, destruiu a juventude, sonhos e projetos. A atual geração e a próxima herdaram uma Amazônia comprometida com projetos estrangeiros que transformou a região amazônica num grande gueto de dependentes e miseráveis e numa ilha de prazeres e felicidades para grupos econômicos ou políticos demagogos e desonestos.


Infelizmente a Amazônia com seus estados não faz parte do Brasil é apenas uma terra rica com um enorme vazio de poder! O brasileiro ainda não assumiu a Amazônia como fizeram os países ricos. A verdade é que o Estado brasileiro é um corpo doente, cego por conveniência, desonestidade, incompetência, politicagem e corrupção.


                Por tudo isso e por força de uma experiência sofrida, conhecemos bem os homens, sua mesquinhez e seus vícios. Uma geração e uma vida passam rápidos para que se admita que fome, miséria, doenças e desesperança possa ser o horizonte de brasileiros amazônidas ignorados desumanamente por elites perversas e cínicas.


                Os amazônicos não podem mais se sujeitar a uma humanidade enceguecida, é preciso honrar a vida lutando contra quem quer a submissão e a escravidão.


Armando Soares – economista


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