Prezados leitores,
A maioria dos brasileiros entende que o SM garante emprego com um
poder de compra determinado. A conceituada jornalista Raquel Sheherazade também
incorre neste ledo engano. Saiba por quê estão errados.
Por Klauber Cristofen Pires
A jornalista Raquel Sheherazade tem conquistado com muita
competência a simpatia do público conservador, que tem estado durante anos
extremamente carente de comunicadores de massa cuja voz os represente.
Não por acaso, com seu estilo firme, daquelas pessoas tão raras
nos dias de hoje que têm a coragem de dizer sim para o sim e não para o não,
tornou-se conhecida desde a sua terra natal, o pequeno estado da Paraíba, para
se tornar a colunista mais preciosa da rede SBT, mesmo enfrentando a mais pura
animosidade por conta dos seus jornalistas esquerdistas que vivem de declarar seu
amor pela pluralidade, desde que seja a deles.
Admiro muito esta profissional, no tanto em que reconheço que
poderia emprestar sua beleza a serviço do discurso politicamente correto e
assim ter escalado sua posição com menos transtornos e muito mais apoio entre
os da sua classe.
Todavia, meus amigos, hoje é dia de eu dar um puxão de orelha
nesta moça! Refiro-me ao vídeo publicado no Youtube intitulado "O mínimo não é máximo",
no qual ela critica o valor do salário mínimo, por valer hoje muito menos do
que valia na época em que foi criado pelo então presidente Getúlio
Vargas.
Trata-se de uma fala equivocada, e compreendo, fruto antes de um
desconhecimento sobre a matéria do que de maldade. Segundo meu juízo sobre esta
notável jornalista, enxergo nela aquele tipo comum de cidadão conservador
brasileiro que intuitivamente preza bons valores espirituais e morais enquanto
simultaneamente adere à ideia do controle estatal como boa solução para os problemas
econômicos e sociais.
Um bom polimento pode resolver isto. Como tenho dito, tenho tido
mais satisfação em fazer media-watch em cima do trabalho de profissionais
da informação que reputo como decentes e honestos.
Getúlio Vargas foi um estadista que ainda hoje angaria a simpatia
de muitos brasileiros, sobretudo os mais idosos. No entanto, no que pese seu
carisma, era um homem intimamente ligado ao fascismo.
Há quem diga que seu pior medo era o de ter de enfrentar homens
destemidos que conheceram o horror dos regimes fascista a nazista, bem como o
esplendor da liberdade da civilização americana, ao ter convivido com seus
aliados desde os tempos de treinamento, nos Estados Unidos. Não por menos,
dissolveu a Força Expedicionária Brasileira antes mesmo de os nossos heróis
desembarcarem em solo pátrio, tendo lotado isoladamente cada um dos oficiais em
unidades distantes uma das outras.
Getúlio Vargas foi o pai da CLT e do direito trabalhista,
importado diretamente do modelo fascista italiano, tendo garantido aos trabalhadores
inúmeros direitos, como a estabilidade no emprego e o dos estivadores decidirem
como ofertar sua mão-de-obra nos portos.
Infelizmente, como nos ensinou o
economista Frédéric Bastiat, com a expressão “O que se vê e o que não se vê”,
as intervenções estatais sempre exibem ostensivamente a propaganda do lado mais
facilmente vistoso, aquele que rende votos, enquanto guardam no porão os
efeitos colaterais, quais sejam, os resultados que poderiam acontecer com os
recursos privados se não tivessem sido confiscados dos cidadãos.
Assim o lúcido pensador francês se expressou: “O estado faz uma
estrada, constrói um palácio, conserta uma rua, abre um canal e, com isso, dá
trabalho a certos operários: é o que se vê. Mas ele priva de trabalho certos
outros operários: é o que não se vê”.
A verdade
não demorou a vir à tona: a estabilidade no emprego engessou de tal forma a
economia que nenhum empreendedor queria mais contratar, uma vez que não podia
demitir. A qualidade do trabalho, por sua vez, piorou sofrivelmente, porque a
estabilidade privilegiava os maus trabalhadores em detrimento dos bons, e assim
foi até que veio a lei do FGTS como uma forma de contornar o problema que foi
por anos vendido como uma grande conquista da classe operária.
No caso dos
portos, igualmente o que se viu foi a
criação da maior máfia legalmente instituída já vista neste país. Como servidor
público federal na área aduaneira, então Técnico do Tesouro Nacional,
testemunhei, escandalizado, estivadores jogando caixas de produtos importados
no chão com a finalidade de tomar para si, sob a justificativa de estarem
estragados. Para quem não sabe, por lei os estivadores estão livres de qualquer
responsabilização por quebras. A lei dos portos até hoje continua sendo um dos
maiores gargalos para o desenvolvimento do país, que se tornou refém de uma
doutrina funesta e inversa à lei natural do mercado segundo a qual os
produtores devem decidir como oferecer seus produtos e serviços aos
consumidores.
Então, cá
estamos, a discorrer sobre qual deveria ser um valor ideal para o salário
mínimo. A Sra. Raquel Sheherazade indica que o valor decretado pelo
presidente-ditador Getúlio Vargas, cerca de R$ 1.200,00 em valores atuais, já
seria um bom começo. O que ela olvidou de dizer, porém, foi: quem recebia
salário mínimo naquela época? Todos os trabalhadores?
Até Deus
levou seis dias para criar nosso mundo, e no sétimo, cansado, teve de
descansar! Há um vício extremamente arraigado entre os brasileiros de acreditar
que decretos fazem automaticamente plantinhas crescerem, peixes caírem na rede,
e vaquinhas darem leite. Assim é que a esmagadora maioria das pessoas acredita
que o trabalho deva ser valorado por um preço pré-definido, ou até mais
absurdo, que mantenha um determinado poder de compra.
Imagine se
você tivesse o poder de decretar o valor do seu carro usado! A questão é, você
até tem este poder – afinal, o carro é seu...mas quem vai comprar?
Traduzindo:
a lei que institui o salário mínimo, conforme a eficiência da fiscalização
trabalhista, pode até garantir relativamente que, se você for empregado,
receberá um salário mínimo...mas quem garantirá que você receberá um emprego?
O trabalho
tem um valor, e como qualquer coisa considerada relativamente rara e
necessária, tem seu preço! (Imaginem o quanto os esquerdistas estão babando de
raiva por eu ter usado o termo “preço” para o trabalho).
Pois,
fazendo uso da lei de Bastiat, os efeitos indesejados – o que não se vê - da
lei do salário mínimo são pelo menos três: - a proibição de certas pessoas mais
humildes de trabalhar ou um valor inferior, para os empresários que se negarem
a contratá-las; a proibição de certas pessoas que, tendo sido contratadas por
empresários que assumam o risco, de usufruírem os benefícios sociais da
carteira assinada; e enfim, da dificuldade de os empresários contratarem
empregados de maior valor e de pagarem-lhes salários mais diferenciados porque
precisam pagar outros funcionários por um valor maior do que eles merecem,
segundo as leis naturais do mercado.
A livre
negociação dos salários tem o condão de ajustar a demanda à oferta do emprego,
segundo o valor real de produtividade de cada empregado. Agora, vamos
raciocinar: imagine o que aconteceria se virtualmente quase todas as pessoas
estivessem empregadas por uma regra geral de livre ajuste? Pois, acertou quem
disse que os salários começariam a subir, e com vantagens claras: uma maior
distribuição de renda por meio do trabalho e não por meio de políticas
assistencialistas, bem como a engrenagem da economia estaria girando mais azeitada,
pois as pessoas cujo trabalho tem menor valor estariam ajudando a produzir
riqueza, num processo virtuoso de prosperidade capaz de receber novos
empregados.
A política
do salário mínimo nada mais é do que a aplicação da doutrina marxista do “mínimo
vitalmente necessário”, uma das várias idiotices daquele furunculoso alemão que
só sabia viver consumindo de forma predatória o dinheiro dos outros.
Só há um
meio real de elevar salários: por meio do acúmulo de capital e das leis
naturais de livre-mercado. Tudo o resto são malabarismos que cedo ou tarde,
fracassam rotundamente, trazendo choro e ranger de dentes. Agora mesmo estamos
diante de uma inflação crescente e de uma desvalorização cambial que já estão
anulando todos os ganhos reais com que o salário mínimo foi sendo inchado de
forma artificial.
Portanto, cara Raquel Sheherazade, lá vai meu
“Kaol” (e não “caô") para você: sai fora dessa! O Salário Mínimo, como
qualquer outra intervenção estatal, é apenas uma proibição: não produz
empregos, mas apenas impede que pessoas mais humildes e necessitadas possam
prestar os serviços que podem executar, segundo suas capacidades. E isto não é bom nem justo!
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