sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O STF à luz de "A Revolução dos Bichos"

O que há em Joaquim Barbosa é a confusão moral típica de sua posição de transição, prestes a ser superada.

Por Klauber Cristofen Pires

Pessoas queridas pediram-me para comentar o caso da absolvição, pelo STF, dos chamados mensaleiros, pela acusação do crime de formação de quadrilha. Se alguém imagina que este texto vai ser mais uma daquelas odes à impunidade, esqueçam! Sob meu conceito, o STF já passou do ponto da indignação há muito tempo. 

No entanto, vou aqui dar uma especial relevância a uma característica do processo dessa mudança do STF para STR (Supremo Tribunal Revolucionário), isto é, de como se encaixa tão bem na historinha A Revolução dos Bichos, de George Orwell.


Todos assistiram o empenho do Sr. Ministro Joaquim Barbosa em fazer cumprir a lei e condenar os mensaleiros, tanto quanto sua indignação com seus alguns de seus pares que, sem pejos nem disfarces, estão lá para fazerem o que lhes foi determinado pelo partido. Inclusive, a sua atuação tem lhe valido a fama de homem íntegro, o que tem gerado especulações a respeito de uma eventual candidatura à Presidência da República num futuro próximo. 

Triste país! Como disse o filósofo Olavo de Carvalho, ele se destaca por ter feito o seu trabalho! O jornalista Reinado Azevedo, por sua vez, considerou o resultado da Ação Penal 470 como bem-sucedida, considerando que jamais se viu políticos de grande influência serem presos. Obviamente, há uma cose colossal de condescendência aí. Compreensível, mas justificável?

Não obstante, se Joaquim Barbosa há de se indignar com aqueles que descaradamente assumiram o papel de advogados dos réus, forçosamente terá de ver neles um reflexo - ainda que turvo - de si mesmo. 

Fantástica é a genialidade desse homem, digo isto sinceramente! Não obstante, não há que se negar que sua notável sapiência jurídica tenha sido sobrepujada pelo fato de ser negro e principalmente, de esquerda, de acordo com os critérios do partido que o indicou para o cargo. Repito: não retiro os seus méritos, e estou aqui falando do PT, e não dele!

Sobre ser negro, nada de mais! Era apenas uma diretriz partidária. Teria sido ruim - tão ruim - quanto nomear algum esquerdista branco que não tivesse sido aprovado nem sequer em um concurso de juiz de primeira instância. Por acaso, os leitores conhecem alguém assim que tenha sido catapultado ao STF?

Agora, sobre ser um militante esquerdista, aí estamos fora da zona de conforto. Examinando a sua história, especulo sobre seus possíveis conflitos internos, pondo-me a compará-lo a   Sansão, do livro de George Orwell, aquele cavalo trabalhador que sempre acreditava na revolução e dizia a cada dificuldade que os porcos-porcos impunham aos demais bichos:"-trabalharei mais ainda". Com  efeito, parece muito evidente (e persistente) a sua crença - um tanto anacrônica, diga-se de passagem - na suposta honestidade da esquerda e do PT. Será que algum dia leu "O Jardim das Aflições", do filósofo Olavo de Carvalho?

Quanto aos outros cavalos, os que sucedem Sansão, como descritos no filme, não sabiam ler e aliás, nem falar: apenas relinchavam e puxavam as carroças, conforme se lhes ordenava. Era a consolidação da revolução da bicharada.

Como tenho dito, se há uma diferença a se notar entre um ministro que assalta a Constituição por meio de seu ativismo judicial e os chamados mensaleiros, esta resume-se...ao pagamento das mensalidades! E aí estamos com fatos escabrosos como a expulsão dos arrozeiros de Roraima, com seus títulos centenários de propriedade; com o casamento gay e as cotas raciais, só para ficarmos à vista grossa. 

Não devemos também olvidar as declarações públicas do Sr. Ministro Joaquim Barbosa, que antecipando-se a uma pérfida iniciativa da OAB, se diz favorável ao financiamento público de campanha, que tanto satisfaz aos propósitos hegemonistas do partido; nem as vexaminosas declarações em público sobre as mazelas do sistema judiciário - do qual ele faz parte e é um dos maiores responsáveis para solucioná-las - bem como de suas alegações sobre o Brasil ser um país racista, embora não haja nenhuma literatura, nenhum partido ou instituição racista no país (Na verdade, há, e são constituídas por negros). 

Enfim, o que se percebe em Joaquim Barbosa é um conflito moral típico de quem já não representa mais do que a sua posição de transição, prestes a ser superada definitivamente. Talvez ele faça ainda um pouco mais, como Sansão, que antes de morrer, ainda deixou uma pilha de pedras para a construção do Moinho de Vento. Oxalá não venha a ser vendido para um abatedouro, por um daqueles a quem porventura tanto há adorado.

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