A copa do mundo.
por Vanderli Camorim

"A taça do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem
possa"...certamente este é inicio de uma ode ao nacionalismo.
Tem gente contando nos dedos os dias da abertura da copa do
mundo. Um acontecimento em que todos os olhos se voltam para este torneiro como se
fosse uma guerra onde nações disputam pela vida ou morte e honra de sua nação.
Quando a seleção brasileira entra em campo é comum tudo parar como se fosse um
feriado santo e todos se prostram ante a TV torcendo e vibrando por cada lance.
A voz do locutor soa narrando o jogo como fosse a voz
de deus. E quando há um gol, um grito único ecoa por todo o espaço como uma
catarse e um grito de liberdade. Mas é só um espetáculo.
O futebol se tornou um entretenimento que mobiliza uma cifra
milionária. Talvez seja por isso que aqueles insatisfeitos de sempre torcem o
nariz e criticam a falta de critério com o que chamam de dinheiro publico
desperdiçado que estaria faltando nos hospitais e escolas. Tem sua pitada de razão.
O que não reparam é que o esporte virou caso de política.
Há quem diga que seja o ópio e o anestésico de um povo que
deveria estar preocupado com os destinos da nação que corre perigo assediada
que está por tantos corruptos roendo a pátria.
Mas o futebol é puro entretenimento e as massas detestam
políticos e suas politicagens que são coisas de intelectuais ociosos vendendo
coisas que eles não entendem. O capitalismo tornou o futebol um grande negócio
que gera renda, emprego e bem estar. O homem trabalha se cansa e fica entediado
e procura por diversão que tem às vezes mais valor que o próprio descanso. O
governo também vê uma oportunidade de adiantar a agenda política e tem no nacionalismo o espetáculo que alimenta a sua pauta socialista. Rende votos e tem o seu controle bem atado em
algum ministério.
O futebol é uma lembrança ancestral quando o homem disputava os recursos
escassos fornecidos pela natureza que lhe serve de modelo. Naquele ambiente pre
histórico a luta era mortal. A diferença hoje é que ninguém é trucidado. A vida
trazida pelo capitalismo mostrou-lhe a superioridade da cooperação na divisão
do trabalho e afastou a ideia da disputa mortal em puro espetáculo. No final, todos são premiados e cada um volta
para o seu canto com as energias renovadas paras as tarefas do dia a dia. Desta
vez para a disputa verdadeira, a criação da riqueza em um ambiente que nada
lembra as épocas passadas; agora é a da cooperação na divisão do trabalho, a realidade.
E é este fato um dos que passa despercebido da vista de
todos.
O futebol nasceu praticamente ao pé das fabricas. Os
operários, depois do expediente reuniam-se para uma “pelada” que logo virou uma
mania. Decerto era uma brincadeira, no bom sentido, pois ninguém ganhava nada a
não ser livrar-se do estresse e do tédio do trabalho repetitivo. Se as coisas
fossem abundantes e o homem não tivesse que trabalhar certamente que passaria o
seu tempo em devaneios e entretenimentos. Mas ele precisa trabalhar para ter o
seu premio e assim gozar a vida, o que inclui matar o tempo ou vencer a fadiga
e o tédio.O entretenimento ou passa tempo, é tão importante quanto o descanso.
E assim nasceu o futebol, no princípio um mero passatempo.
Mas o capitalismo, contrariando Marx, trouxe riqueza e bem
estar para os trabalhadores que se desproletarizaram e logo o futebol se
profissionalizou.
Alguém enxergou uma oportunidade de negócio. Surgiram os
campos de prática do esporte que quem queria praticar e assistir tinha que
pagar. Os times foram surgindo e os torneios foram se tornando um acontecimento
extremamente organizado. Tudo crescia na mesma medida que os operários
melhoravam de situação. Tudo é pago, em ultima instancia, pelos próprios
trabalhadores. O dono do estádio, o gerente do time e a remuneração dos
jogadores, equipe técnica e demais empregados tudo é pago pelo trabalhador
que quer assistir e torcer pelo seu time que no inicio tinha o nome da fabrica
em que trabalhava. Quando hoje vemos os estádios lotados, em uma gritaria
infernal onde se torce pelo seu time que se tornou milionário, é comum as
pessoas esqueceram como tudo começou.
Mas aí veio o intervencionismo e o socialismo e o futebol,
como os esportes em geral,tomou outros rumos, completamente controlado pelos
governos.
Os governos que criam as fronteiras e as divisões políticas
que a natureza não reconhece se esforçam em adiantar a agenda nacionalista, um
alimento da doutrina coletivista, e assim quer incutir nas massas que as nações
têm interesses antagônicos e irreconciliáveis e a copa do mundo é uma
oportunidade para renovar este credo. É esta a razão porque interfere neste
esporte popular.
Mas é preciso muita propaganda para que as pessoas não
percebam a contradição deste desejo, quando a maioria dos brasileiros estará
diante de um aparelho de TV, que é a síntese da harmonia de interesses que
existe entre as nações.
É a cooperação internacional do trabalho que tornou possível assistir os jogos como se estivesse no próprio estádio e confraternizar-se com as raças e todas as nações que se divertem neste torneio milionário, uma prova também que os trabalhadores progrediram e se aburguesaram para fúria de Marx que se estivesse vivo certamente estaria na arquibancada torcendo no time dos contras.
É a cooperação internacional do trabalho que tornou possível assistir os jogos como se estivesse no próprio estádio e confraternizar-se com as raças e todas as nações que se divertem neste torneio milionário, uma prova também que os trabalhadores progrediram e se aburguesaram para fúria de Marx que se estivesse vivo certamente estaria na arquibancada torcendo no time dos contras.

vanderlicamorim@ig.com.br
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