A política de preço da Petrobras e o Imperador Constantino
por Vanderli Camorim
O que é que esses dois têm em comum afinal de contas. Ora, muita coisa. O governo do Imperador Constantino tem muita semelhança com o atual governo, naturalmente ressalvando-se as diferenças de época e seus personagens. Tal como o governo brasileiro o Imperador Constantino era obcecado pelo tabelamento do preços e muitos foram condenados à morte simplesmente por reajustar os preços acima daquilo que ele tinha determinado. Era um crime hediondo.
O governante imperador tinha necessidade de dinheiro para fazer frente às suas despesas correntes, como se diz modernamente. Elas não paravam de crescer e para tal ele recorria ao expediente de falsificar a moeda, que era na época ouro, que ele as recolhia e após misturar com outros metais, devolvia assim adulterados para o mercado. Por essa razão a necessidade de tabelar os preços para que esses não subissem e revoltasse a população. Era a vã tentativa de esconder o gato deixando o rabo de fora. O resultado é que o comerciante verificava que, com a falsificação oficial do dinheiro, que a moeda não tinha mais o mesmo valor e por isso a mercadoria teria que subir de preço. O Imperador não compreendia o fenômeno da inflação, não contava com o instrumento mental conhecido por pelo nome de ciência Econômica. Mas é inadmissível nos dias de hoje o governo repetir esse tipo de política.
O preço nunca deixou de ser um fenômeno de mercado, mesmo com todo o esforço do governo em querer revogá-lo. É a relação dos indivíduos trocando e vendendo bens e serviços, uma expressão do desejo dos consumidores em possuir uma mercadoria que eles acham que contribui para elevar o seu padrão de vida, suprir uma necessidade e melhorar o seu bem-estar. O preço também é um sinal que transmite aos indivíduos no mercado a situação de escassez ou abundância dos fatores de produção e dos bens de consumo sinalizando uma oportunidade de negócio. Mas se os preços foram manipulados pelo governo todas essas características desaparecem e o resultado é o desperdício generalizado. As pessoas ficam como cegas tateando no escuro ou sendo levadas ao descaminho porque os preços já não refletem mais a realidade do mercado, mas sim a vontade política do governo.
Uma sociedade não pode viver em paz com uma política que deforma os preços. Todos passam a viver sobressaltados com o fantasma da revolução e da revolta. O dinheiro sempre foi uma mercadoria, a mais comercializada, que se presta como meio de troca por outra mercadoria. E se o governo se deixa levar pelo apelo da turba a cata de voto e outras considerações, ele levará ao caos e a falência de toda a sociedade. Pode demorar, mas um dia chega.
Tal como o imperador, o governo atual, com toda a sua Trupe de funcionários acha que pode determinar o preço ao seu bel prazer e vontade, tudo em nome de uma política chamada de populista, um substituto para socialismo.
A greve dos caminhoneiros que durou 11 dias e provocou prejuízos incalculáveis, aproximou perigosamente o povo para a beira do abismo. Pareceu um filme velho já visto muitas vezes lembrando outros governos de nossa infeliz história de inimigo figadais do capitalismo.
A visão curta dos intelectuais e dos homens do governo não permite ver a profundidade do problema e se apressam em condenar este ou aquele político do momento. É a politica do bode expiatório e a resposta Fast food, receita do velho e desgastado marxismo. O Presidente da República é logo taxado como o culpado e sua cabeça foi pedida como medida reparadora. Mas foi sacrificado o seu imediato, o presidente da Petrobrás, que posou como o culpado pela “politica de preços do governo na empresa” que teria detonado o movimento sedicioso da turba. A Petrobrás é a pérola do socialismo nacional que muita gente espera que ela funcione tal como funcionaria sob o capitalismo. Como um monopólio, ela é a antítese do mercado competitivo.
A crença de que preços são criaturas do governo, continua inabalável. Achar que é uma prerrogativa sua, que pode controlar por decreto, mas não passa de fantasia. Na verdade existem motivos muito superiores por trás dessa atitude. O governo não confessa e a população não gosta de falar, afinal de contas ninguém quer abandonar o barco socialista, e se ele faz água, é sempre culpa de alguém, em especial do homem de negócio tido como uma pessoa sem alma. O nosso socialismo dá inveja aos soviéticos que caíram de podre. A Petrobras é a ponta do iceberg de um grande problema, é a vaca leiteira desejada por todo político em véspera de eleição e até fora delas. As eleições são caras. É preciso comprar os eleitores e estes estão à espera do momento favorável para vender-se por um bom preço. As eleições são um balcão de negócio para ambos os lados. Tem gente que vira os beiços achando que está fora, mas até o momento que não se mexe com seus privilégios. A semelhança com os últimos anos do império romano é notável. Roma foi decaindo lentamente por alguns séculos até desaparecer por completo. E nós, quanto tempo levaremos nessa jornada na direção ao abismo?
Esta tendência pode ser evitada, mas só e unicamente se adotarmos as ideias do capitalismo, chamada também de economia de mercado. Enquanto permanecer no socialismo o desastre será uma Constância.
De qualquer maneira houve alguma coisa positiva neste movimento dos caminhoneiros. Mostrou que o mercado tem forças superiores à força de qualquer governo. Por todo canto onde o governo perdeu força ele logo se manifesta inexorável. A lei da oferta e procura é uma categoria da ação humana que não foi escrita por nenhum sábio legislador nem pelo líder carismático. Se ousar em revogá-lo por medidas legislativas seu autor sentirá suas consequências.
Mas o alerta é solenemente ignorado e seu combate continua sobretudo porque a população considera ser uma excrescência do gênero humano.
Mas o alerta é solenemente ignorado e seu combate continua sobretudo porque a população considera ser uma excrescência do gênero humano.
Vanderli Camorim
vanderlicamorim@ig.com.brAuto didata em Praxeologia, a Ciência da Ação Humana
vanderlicamorim@ig.com.brAuto didata em Praxeologia, a Ciência da Ação Humana
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